Capítulo 15 - Heroína

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Camila Cabello  |  Point of View





Acordei e tentei levantar...

— Os reféns... Preciso salvar os reféns! – Alguém me segurou e eu me dei conta de não estar mais no mercado.

— Calma, heroína. Salvamos todos e você matou o líder do bando. Parabéns. – Dinah me abraçou e eu retribui. — Você nos assustou.

— O que houve?

— Você levou um tiro no ombro e na luta forçou muito o ferimento, perdeu muito sangue. Sua mão está mexendo normal? – Fiz um movimento e senti uma fisgada. — É normal, mas pelo menos você a conseguiu mexer. Parabéns de novo.

— Que dor de cabeça.

— É a claridade. Você está dormindo a quatro dias.

— Puta merda! Porque tudo isso?

— O médico disse que você estava muito esgotada, precisa descansar e o seu cérebro entendeu que esse era o momento ideal. Você estava bem, sinais vitais estáveis e só dormiu.

— E meu filho?

— Vem aqui toda a hora, ele brigou feio com a Nicole para dormir aqui. Ele é um homem, Camila. Parabéns de novo.

— São muitos parabéns para uma manhã.

— Tarde. São quatro horas.

— Estou perdida e com muita fome.

— A Sra. Jauregui vai te trazer umas coisas, me fez prometer que ligaria assim que você acordasse, pois o médico disse que sentiria muita fome.

— Sra. Jauregui? – Alisei minha testa... Que dor do caralho.

— Sim. Seus sogros fizeram campana aqui junto aos seus pais.

— Sogros?

— Sim. Mike e Clara.

— Dinah!

— Ok... Futuros sogros na sua cabeça.

— Você não me dá descanso nem em um hospital? – Fiquei a encarando por um tempo. — Lauren veio?

— Claro. Ela segurou sua mão por todos os dias e ficou falando que te pediria em casamento quando acordasse.

— Vai se foder.

— Não surta. Os velhos tem gratidão, ela não lembra da sua existência.

— Você é cruel, Dinah.

— Eu sou realista. O garoto fez várias cartinhas, o Mike vai te entregar depois.

— Tudo bem.

— Vou chamar os seus pais.

— Não!

— Ah... Se prepara. A Sinu está com sangue nos olhos.

— Acerta minha cabeça. – Ela gargalhou. — É sério. Me faz desmaiar.

— Para de bobagem.

— Sério... Me ajuda. Me acerta uma coronhada. Eu nunca vou te perdoar se você não me fizer desmaiar.

— Você é dramática demais.

Ela saiu e logo medico me avaliou, logo meus pais entraram no quarto.

— Agora já é suficiente?

— Não começa, mãe.

— Vou terminar. Você tem que sair dessa vida, eu não aguento mais esperar por ligações como esta, e agora realmente
a recebi. Como acha que nós ficamos? O pobre do Doninho? Ele ficou muito assustado.

— Desculpe por isso, mama, mas é o que eu amo fazer.

— Isso é muito perigoso, filha. Eu vou ter que concordar com sua mãe, melhor sair disso antes que nós percamos você.

— Eu não vou parar de trabalhar, estou me saindo muito bem e gosto do que faço. Isso foi um acidente, poderia ter batido o carro ou sofrido de outra maneira.

— Não é assim. Você sabe que procura o perigo e eu não vou suportar te perder. – Minha mãe começou a chorar e eu fiquei de coração partido. Tirei o soro e os eletrodos do meu peito e a abracei.

— Eu vou ficar bem, Mama. Não fique assim. Eu estou bem agora.

— E amanhã?

— Vou estar ótima.

Ela negou e me abraçou forte. Aí começaram as visitas, meus colegas me entregaram um cestão, pois eu entraria em férias depois do desgaste. Minha mãe ficou furiosa quando viu que o fundo da cesta era coberto por camisinhas.

— TIA CAMILA! – Um furação pulou na minha cama e eu gargalhei.

— Eu disse para não gritar, filho. – Clara o repreendeu e ele fez uma careta. Céus! Esse menino é lindo demais.

— Como você está, Tia Camila?

— Bem melhor e com muita fome.

— A gente trouxe bolo de fubá... E um queijo que a vovó faz. É muito bom.

— Vamos comer então?

— Siiiiiim!

— Ficamos comendo e ele me contava empolgado como as coisas estavam.

— E sua mãe?

— Ela está longe agora. – Ele disse um pouco triste. Olhei para Mike.

— Ela está em um SPA. Ela está com acompanhamento psicológico, é um SPA para as vítimas, ela está recebendo apoio, está com as amigas e semana que vem a Clara vai ficar com ela, pois ela não consegue ficar sozinha ainda. Estamos nos adaptando, mas ela está se esforçando.

— Ela é uma guerreira, Mike. Ela é uma muralha, ela está muito ferida, mas vai melhorar. Eu tenho fé nisso e coloco ela em minhas orações todas as noites. – Ele sorriu e me abraçou apertado.

— Você é um anjo, Camila.

Fiquei sem graça e logo meu filho chegou, não desgrudou um segundo de mim. Ficamos brincando e quando recebi alta os dois foram comigo e meus pais para meu apartamento. Ficamos aproveitando o resto da noite e no fim, os Jauregui’s liberaram o Pat a dormir na minha casa.

×××

Acordei pela manhã e me juntei a todos que estavam na mesa. Os Jauregui chegaram cedo e Mike já ficou encarregado do churrasco. Meu pai ficou meio irritado, mas cedeu. Foi um dia muito agradável, confesso que fiquei perguntando sobre Lauren para a mãe dela sempre que tive oportunidade.

— Camila, aquela lá que você chama de Nicole está no telefone. – Revirei meus olhos.

— Quem é? – Clara perguntou rindo.

— É mãe do Adônis. Minha ex-esposa.

— Elas não se dão bem?

— Nem um pouco, eu engravidei ela e só tinha dezoito... Ela era mais velha, tinha trinta e minha mãe tem essa ilusão de que fui seduzida.

— Você foi!

— Eu quis, mãe. Quis muito e várias vezes.

— Ela abusou da minha garotinha!

— Mama! A senhora sabe que não foi assim.

— Essa história me parece muito interessante, quero ouvir ela inteira.

— Nem vale a pena. – Minha mãe falou e eu revirei os olhos.

— Vale sim. Vou te contar tudo.

Fui ver o que Nic queria e ela só perguntou como eu estava. E disse que eu deveria sair do emprego... Acho que minha mãe não gosta dela porque elas se parecem.

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