capítulo 28

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Olivia pintou como nunca, na verdade jogou-se de cabeça naquele quadro onde fez o enorme olho verde que vinha pintando há alguns dias, se tornar algo triste e até mesmo sombrio, o contorno daqueles olhos, a vermelhidão, as íris dilatadas e os tons de verde escuro e marrom no fundo davam ao quadro algo muito mais profundo do que ela pretendia.

Sua mão não vacilou a nenhum momento, desde o instante que abriu a galeria e correu para sua sala, só conseguiu pintar. Tornar sua tristeza e raiva em algo prático era um dom que sempre explorou, momentos de desespero eram os melhores para pintar e particularmente naquele dia ela estava completamente fora da razão.

Nem os seus remédios, tomados na primeira hora da manhã tiverem forças para impedir sua discussão com Joseph, que tinha começado com uma questão que soou inocente na cabeça dela que teve a ousadia de perguntar ao irmão quanto ele queria para ficar quieto, sua atitude de corrompe-lo foi  motivada por sua vontade incontrolável  de manter o segredo que em sua cabeça, estava ameaçando todas as áreas de sua vida.

A todo instante enquanto pintava Olivia lembrava-se de Joseph dizendo o quão dissimulada ela era por perguntar tal coisa, os olhos dele estavam inundados de uma decepção tipica de pais com seus filhos inconsequentes, mas suas palavras foram tão duras que ela apenas o xingou aos gritos.

—Eu não posso trair a dona René!—Disse ao chorar, repousando o pincel na mesa de rodinhas

Ter Joseph e Bill com raiva dela  era uma novidade infeliz que a fazia perder o rumo da vida.

(...)

René sabia que as confusões na vida de Olivia tinham haver com seu problema de saúde e pensar no mal que estava fazendo àquela mulher fez com que ela chorasse. Samuel que estava sentado ao com ela a mesa de jantar, pegou na mão dela e beijou

—Não chora,a mamãe e o tio Joseph são muito amigos, mas todo mundo briga, eu e a Lauren brigamos o tempo inteiro!

René suspirou —Sua mãe está nervosa Sam e a culpa é minha!

—Como poderia ser? A senhora é muito boa,eles vão voltar a se falar!

Samuel era otimista até demais e diferente dele, conturbada pela situação Lauren pegou sua bicicleta e seu telefone e decidiu que iria conversar com a mãe. Pedalou por mais tempo do que poderia contar, mas estava até acostumada com o caminho, seguiu na ciclovia até chegar em frente ao prédio da mãe, onde pegou a chave que possuia e abriu a porta.

—Mamãe?—Chamou ao passar pelos quadros expostos tanto em paredes como nos tripés, sempre gostou de andar pela galeria de sua mãe, lembrava-se de correr por todo o Hall na infância e se esconder atrás dos quadros,  aquelas lembranças tranquilas e engraçadas trouxeram conforto ao seu coração que estava completamente angustiado.

Entrou na sala de Oli e a viu fumando imovel, encarando o quadro com enormes olhos chorosos assim como os dela.

—Mãe, você está bem?

Oli afundou a ponta do cigarro no cinzeiro, odiava fumar perto dos filhos —Estou trabalhando!—Afirmou sem olhar para a menina

Lauren se aproximou dela e tocou suas costas —Está agindo dessa forma estranha por causa de Washington? A culpa de ter surtado com o tio Joseph, brigado com a mamãe e com o Bill... Eu tenho algo haver com isso?

Olivia levantou e abraçou a filha—Não, não! Fico orgulhosa em saber que vai para faculdade...—Disse com ênfase —Eu estou com muita coisa na cabeça é só isso!

—Por que tem que afastar todo mundo e xingar as pessoas? Eu não consigo te entender!

Olivia a soltou—Eu não queria ser assim, mas vivo magoando todo mundo que amo...

Apaixonadas (CONTINUAÇÃO DE POR AMOR E ME AMAR)Onde histórias criam vida. Descubra agora