Capítulo 41

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-Que bom é poder tê-los aqui- fala a psicóloga

Minha tia e eu sentamos no sofá de três lugares na frente dela, um pouco nervosos.

-Devemos falar algo? Eu nunca estive em um psicólogo antes- confesso

A professional olha pra minha tia e sorri.

-Que bom ver que seu menino cresceu forte e saudável- fala ela

-E com menos problemas psicológicos que eu- fala ela

Olho pra ela sem entender. A psicóloga se adianta e explica:

-Sua tia esteve aqui depois que seus avós morreram e quando sua mãe o abandonou.

-Ah, e agora poderá saber melhor o que realmente aconteceu- fala minha tia

-Uma coisa de cada vez. Tony, porque você está aqui?

Ela me olha com uma cara sorridente e eu me escolho, envergonhado.

-Não vou poder te ajudar se você não falar comigo.

-Você prefere que eu saia?- pergunta Claudia

Eu preferiria a Karina aqui comigo, mas ela tinha se recusado a vir. Segundo ela, era uma coisa que eu e minha tia deveríamos resolver juntos, mas era mais fácil contar as coisas com as duas mulheres da minha ao meu lado.

-Eu odeio minha mãe- falo baixinho

Aquilo saiu do fundo do meu coração, um sentimento que sempre tentei reprimir.

-Eu te entendo. Pelo que sua tia contou eu também compartilho do mesmo sentimento- fala ela

-Mas o engraçado é que eu não odeio meu pai, eu entendo ele ter se afastado da minha mãe, só fico triste por não me escolher.

-Então você descobriu quem é o seu pai?

-É....

Fico em silêncio refletindo se deveria me abrir mais. Mas, para uma primeira sessão, acho que foi o suficiente.

-Tem algo mais que queira me contar?- pergunta ela

-Tony, a Márcia não está aqui pra te julgar. Pode contar tudo pra ela, ela vai ser como uma amiga pra ti- fala minha tia

Fico em silêncio. Queria falar sobre o Apolo, a morte dos meus pais, a exposição da Karina, o meu vitiligo.... mas preferia falar isso com a minha tia e minha amiga, não com uma desconhecida.

-Bom, acho que por hoje é suficiente. Acho que podemos começar se perguntando porque você odeia a sua mãe e o seu pai não. Afinal, ambos te abandonaram.

Minha tia pega minha mão, Trazendo-me segurança.

-Talvez porque eu o tenha conhecido antes de ele se tornar meu pai. Ele foi bom pra nós, bom até ele se tornar meu pai e ex da minha mãe e partir o coração da minha tia.

-E mesmo assim você gostaria de continuar a ter laços com ele?

Reflito sobre aquilo. Eu sempre quis conhecer meu pai, fazer coisas de pai e filho, mas agora eu já sou velho e nada disso importa.

-Não posso jogar mais futebol com ele, ou brincar de cavalinho, ou ir ao trabalho com ele no dia de leve seus filhos ao trabalho. Então não. Minha tia sofreu por ele então ele não merece estar nas nossas vidas.

-E se ela o perdoasse?

-Daí eu teria que perdoá-lo também.

-E você quer?

-Eu não sei.

There's nothin' wrong with lovin' who you areOnde histórias criam vida. Descubra agora