Eu não voltei pra casa assim que sai da casa da Karina. Não queria falar com minha tia, não queria encarar o problema, não queria ter que lidar com a história do meu pai e mais um abandono. Então fiz o que qualquer garoto com poucos amigos faria: andar por aí sem rumo.
-Identidade por favor- fala o segurança
Não sei como eu tinha ido parar na porta daquele bar, aquele que tinha ido tempo atrás com a Karina.
-Da outra vez não precisei de identidade- falo
Não sei porque queria entrar, mas queria sentir feliz novamente.
-Era porque eu não estava aqui- fala ele
-Isso é discriminação- falo
-Que?
-Por favor, não me diga que não notou minhas manchas! Apenas me deixe entrar ou vou te denunciar.
-Ah, entra garoto e não me causa problemas.
Entro rápido, tentando me convencer que eu precisava de uma bebida.
-O que vai querer.
Eu não bebia, já tinha tomado um gole de vinho e espumante, mas nunca algo mais forte.
-Sei lá, apenas encha o copo- falo
Ele não perguntou minha idade ou pediu a identidade, apenas encheu o copo com algo que fez minha garganta queimar.
-Mais?
-Mais.
Por volta do quarto copo um jovem chega e se senta ao meu lado.
-O que faz bebendo tão cedo?- pergunta
-Provavelmente o mesmo que você, esquecendo os meus problemas- falo
Ele sorri e percebo como o sorriso dele é bonito. Afasto o pensamento, não adianta se apaixonar por um hétero. Além do mais eu já estava apaixonado e faz tempo.
-Ah, toda essa situação da rejeição da minha mãe e meu pai e a depressão da minha tia está me deixando louco- falo
O jovem continua me encarando, fazendo-me continuar:
-Ah, e ainda tem a descoberta de que meu grande crush também gosta de homens
-Você é gay?!
Tomo o copo inteiro e peço mais um.
-Vai, se você é homofóbico pode ir indo! Não quero pessoas assim na minha vida!
Ele sorri.
-Temos mais em comum do que você acha!
-Você também foi abandonado?
Ele ri e eu tomo mais um gole.
-Não, nem perto. Eu também gosto de homens. Bom, mais ou menos. Sou bi.
Agora é minha vez de sorrir e antes de falar tomo mais um copo.
-Você é bonito!
Ele ri.
-Eu sou gordo.
-E eu tenho essas malditas manchas.
Ficamos em silêncio, ambos nos encarando.
-Quer ir pra outro lugar?- pergunta ele
-Como assim?
Ele sorri maliciosamente e eu não sei como interpretar isso então tomo mais.
-Você está flertando comigo, quer dizer que está a fim. Vamos, posso te levar pra república.
Ele se aproxima ao ponto de sentir o seu cheiro.
-Não finja que não sentiu a nossa química- fala ele
-Eu estou sentido é o seu bafo.
Ele ri.
-Você é um amor....
-Anthony, me chamo Anthony.
Ele sorri.
-Anthony e Billy. Nossos nomes combinam.
Ele olha pros meus lábios.
-Ah, você é um gostoso!
Aquilo era novo. Ninguém tinha me dito algo parecido, ninguém que não fosse a Karina ou minha tia.
Billy passa o braço na minha nuca e aproxima o seu rosto ao meu, querendo me beijar, mas eu não estava pronto então desvio o rosto.
-Não finja que você não quer- fala ele
-Não estou pronto- falo
Ele beija meu pescoço, fazendo-me arrepiar.
-Não tenha medo, eu vou te guiar. Vem, vamos pro meu quarto- fala ele
-Não estou pronto!- falo
Ele me olha nos olhos e tenta me beijar novamente.
-Não quero- falo
-Não me diga que é sua primeira vez!
Fico mudo.
-Um virgem! Nunca fiz sexo com um virgem!
Ele pega meu braço e começa a me puxar.
- Não quero! Não estou pronto! Não vou fazer sexo com um desconhecido!- grito
Sem pensar empurrou o Billy que cai no chão e saio correndo. Eu estava bêbado e com medo, a adrenalina estava a flor da pele. Eu só parei quando cheguei em casa.
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There's nothin' wrong with lovin' who you are
RomansaTony, é um adolescente que tem vitiligo por todo o rosto. Por causa disso ele sofre bullying e é ridicularizado pelos companheiros, fazendo mais difícil sua autoaceitação. Mas ao lado da Karina e sua tia ele vai sobreviver à faculdade e vai tentar e...