Capítulo 38

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 Eu não voltei pra casa assim que sai da casa da Karina. Não queria falar com minha tia, não queria encarar o problema, não queria ter que lidar com a história do meu pai e mais um abandono. Então fiz o que qualquer garoto com poucos amigos faria: andar por aí sem rumo.

-Identidade por favor- fala o segurança

Não sei como eu tinha ido parar na porta daquele bar, aquele que tinha ido tempo atrás com a Karina.

-Da outra vez não precisei de identidade- falo

Não sei porque queria entrar, mas queria sentir feliz novamente.

-Era porque eu não estava aqui- fala ele

-Isso é discriminação- falo

-Que?

-Por favor, não me diga que não notou minhas manchas! Apenas me deixe entrar ou vou te denunciar.

-Ah, entra garoto e não me causa problemas.

Entro rápido, tentando me convencer que eu precisava de uma bebida.

-O que vai querer.

Eu não bebia, já tinha tomado um gole de vinho e espumante, mas nunca algo mais forte.

-Sei lá, apenas encha o copo- falo

Ele não perguntou minha idade ou pediu a identidade, apenas encheu o copo com algo que fez minha garganta queimar.

-Mais?

-Mais.

Por volta do quarto copo um jovem chega e se senta ao meu lado.

-O que faz bebendo tão cedo?- pergunta

-Provavelmente o mesmo que você, esquecendo os meus problemas- falo

Ele sorri e percebo como o sorriso dele é bonito. Afasto o pensamento, não adianta se apaixonar por um hétero. Além do mais eu já estava apaixonado e faz tempo.

-Ah, toda essa situação da rejeição da minha mãe e meu pai e a depressão da minha tia está me deixando louco- falo

O jovem continua me encarando, fazendo-me continuar:

-Ah, e ainda tem a descoberta de que meu grande crush também gosta de homens

-Você é gay?!

Tomo o copo inteiro e peço mais um.

-Vai, se você é homofóbico pode ir indo! Não quero pessoas assim na minha vida!

Ele sorri.

-Temos mais em comum do que você acha!

-Você também foi abandonado?

Ele ri e eu tomo mais um gole.

-Não, nem perto. Eu também gosto de homens. Bom, mais ou menos. Sou bi.

Agora é minha vez de sorrir e antes de falar tomo mais um copo.

-Você é bonito!

Ele ri.

-Eu sou gordo.

-E eu tenho essas malditas manchas.

Ficamos em silêncio, ambos nos encarando.

-Quer ir pra outro lugar?- pergunta ele

-Como assim?

Ele sorri maliciosamente e eu não sei como interpretar isso então tomo mais.

-Você está flertando comigo, quer dizer que está a fim. Vamos, posso te levar pra república.

Ele se aproxima ao ponto de sentir o seu cheiro.

-Não finja que não sentiu a nossa química- fala ele

-Eu estou sentido é o seu bafo.

Ele ri.

-Você é um amor....

-Anthony, me chamo Anthony.

Ele sorri.

-Anthony e Billy. Nossos nomes combinam.

Ele olha pros meus lábios.

-Ah, você é um gostoso!

Aquilo era novo. Ninguém tinha me dito algo parecido, ninguém que não fosse a Karina ou minha tia.

Billy passa o braço na minha nuca e aproxima o seu rosto ao meu, querendo me beijar, mas eu não estava pronto então desvio o rosto.

-Não finja que você não quer- fala ele

-Não estou pronto- falo

Ele beija meu pescoço, fazendo-me arrepiar.

-Não tenha medo, eu vou te guiar. Vem, vamos pro meu quarto- fala ele

-Não estou pronto!- falo

Ele me olha nos olhos e tenta me beijar novamente.

-Não quero- falo

-Não me diga que é sua primeira vez!

Fico mudo.

-Um virgem! Nunca fiz sexo com um virgem!

Ele pega meu braço e começa a me puxar.

- Não quero! Não estou pronto! Não vou fazer sexo com um desconhecido!- grito

Sem pensar empurrou o Billy que cai no chão e saio correndo. Eu estava bêbado e com medo, a adrenalina estava a flor da pele. Eu só parei quando cheguei em casa.

There's nothin' wrong with lovin' who you areOnde histórias criam vida. Descubra agora