-Pode entrar!- falo
Me sento na minha cama e limpo minhas lágrimas.
-A tua tia me ligou, disse que você estava bem mal e como sua melhor amiga eu tive que vir.
Sorri pra Karina e ela se senta do meu lado, pegando minha mão.
-Se quiser falar estou aqui, se quiser chorar serei seu ombro amigo ou posso apenas ficar aqui segurando a sua mão.
-Nem sei por onde começar....
-Recomendo pelo começo.
Fico calado, sem saber se abrir a boca ou não.
-Você conta o que se está passando na sua cachola e no seu coraçãozinho e eu conto o que eu não contei da outra vez, combinado?
E então eu conto tudo. Do meu pai, do alcoolismo da minha mãe, da morte dos meus avós no meu aniversário e da culpa que sinto pela sua morte. Conto tudo, deixo tudo sair, inclusive umas lágrimas.
-Bom, acho que eu ganho na bomba! Meu segredo é pior!
-Karina, isso não é uma competição! Não importa quem deve sofrer mais!
-Eu só queria te descontrair...
-Apenas fale.
-Okay. Ligaram esses dias pra casa, um suposto advogado da família que nem sabia que tínhamos. Ele perguntou por alguém da família, alguém de maior, e menti falando que era só pra ouvir o que ele tinha pra falar. Então ele me contou que o processo tinha se fechado por falta de provas, que o acusado era inocente e que nem pela morte da vítima ele seria culpado. Eu não entendi nada e pedi por uma explicação, algo que nunca deveria ter feito. Segundo ele, meu pai o procurou depois da morte da minha mãe. Ela, em leito de morte, confessou que tinha sido estuprada pelo ex namorado e que eu era fruto desse ato, mas que queria que isso fosse apenas contado para um advogado e a polícia. Assim que terminou o relato, o advogado perguntou quem eu era e não respondi, apenas desliguei o telefone.
Ela me olha com tristeza.
-Eu sou fruto de um estupro, Tony.
-Acho que você ganha de mim.
Ela me bate!
-Você disse que não era pra ser uma competição!
-Eu só queria descontrair.
Ela sorri e os dois nos deitamos na minha cama.
-Será que vamos ficar bem?
-Temos que ficar! Você tem uma exposição para organizar e eu tenho trabalhos para fazer.
Ela se aconchega no meu peito.
-Não quero voltar pra casa.
-Então não volte.
Ela me olha com ternura.
-O que eu faria sem você?
-Provavelmente estaria saindo com um macho bosta que não te valoriza como o Leon, ou estaria sofrendo por causa de um.
Ela me bate, sem me machucar.
-Eu não te falo muito, mas eu te amo, Tony.
Sorrio pra ela.
-Eu sei.
Ela me olha com raiva
-Que péssimo você é para demonstrar sentimentos!
A abraço e bagunço seu cabelo.
-Eu também te amo, baixinha.
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There's nothin' wrong with lovin' who you are
RomantizmTony, é um adolescente que tem vitiligo por todo o rosto. Por causa disso ele sofre bullying e é ridicularizado pelos companheiros, fazendo mais difícil sua autoaceitação. Mas ao lado da Karina e sua tia ele vai sobreviver à faculdade e vai tentar e...