Capítulo 34

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-Pode entrar!- falo

Me sento na minha cama e limpo minhas lágrimas.

-A tua tia me ligou, disse que você estava bem mal e como sua melhor amiga eu tive que vir.

Sorri pra Karina e ela se senta do meu lado, pegando minha mão.

-Se quiser falar estou aqui, se quiser chorar serei seu ombro amigo ou posso apenas ficar aqui segurando a sua mão.

-Nem sei por onde começar....

-Recomendo pelo começo.

Fico calado, sem saber se abrir a boca ou não.

-Você conta o que se está passando na sua cachola e no seu coraçãozinho e eu conto o que eu não contei da outra vez, combinado?

E então eu conto tudo. Do meu pai, do alcoolismo da minha mãe, da morte dos meus avós no meu aniversário e da culpa que sinto pela sua morte. Conto tudo, deixo tudo sair, inclusive umas lágrimas.

-Bom, acho que eu ganho na bomba! Meu segredo é pior!

-Karina, isso não é uma competição! Não importa quem deve sofrer mais!

-Eu só queria te descontrair...

-Apenas fale.

-Okay. Ligaram esses dias pra casa, um suposto advogado da família que nem sabia que tínhamos. Ele perguntou por alguém da família, alguém de maior, e menti falando que era só pra ouvir o que ele tinha pra falar. Então ele me contou que o processo tinha se fechado por falta de provas, que o acusado era inocente e que nem pela morte da vítima ele seria culpado. Eu não entendi nada e pedi por uma explicação, algo que nunca deveria ter feito. Segundo ele, meu pai o procurou depois da morte da minha mãe. Ela, em leito de morte, confessou que tinha sido estuprada pelo ex namorado e que eu era fruto desse ato, mas que queria que isso fosse apenas contado para um advogado e a polícia. Assim que terminou o relato, o advogado perguntou quem eu era e não respondi, apenas desliguei o telefone.

Ela me olha com tristeza.

-Eu sou fruto de um estupro, Tony.

-Acho que você ganha de mim.

Ela me bate!

-Você disse que não era pra ser uma competição!

-Eu só queria descontrair.

Ela sorri e os dois nos deitamos na minha cama.

-Será que vamos ficar bem?

-Temos que ficar! Você tem uma exposição para organizar e eu tenho trabalhos para fazer.

Ela se aconchega no meu peito.

-Não quero voltar pra casa.

-Então não volte.

Ela me olha com ternura.

-O que eu faria sem você?

-Provavelmente estaria saindo com um macho bosta que não te valoriza como o Leon, ou estaria sofrendo por causa de um.

Ela me bate, sem me machucar.

-Eu não te falo muito, mas eu te amo, Tony.

Sorrio pra ela.

-Eu sei.

Ela me olha com raiva

-Que péssimo você é para demonstrar sentimentos!

A abraço e bagunço seu cabelo.

-Eu também te amo, baixinha.

There's nothin' wrong with lovin' who you areOnde histórias criam vida. Descubra agora