Sábado é o meu dia da semana predileto, posso dormir e acordar tarde. Mas hoje madruguei, ansioso para saber sobre o encontro da Karina.
Assim que deu um horário razoável, saí e fui para casa dela.
- Bom dia! - falo pro Apolo, que abre a porta.
- Bom dia pra quem?
- Dia ruim?
- A vida toda é uma bosta, hoje é mais um dia que nada dá certo.
- Ainda é de manhã, o dia pode melhorar! Vamos, cadê o seu ânimo e otimismo?
- O que você quer?
- Vim ver a Karina.
- Ah, que pena. Ela não quer ver ninguém.
Ele fecha a porta, mas eu coloco o braço, impedindo-o.
- O que ela tem?
- Parece que na única vez que não me oponho a sua saída, ela
tem o coração destroçado.
- Será que posso falar com ela?Ele respira fundo.
- Tá, pode.
Ele abre a porta e entro correndo, subo as escadas e chego no quarto da minha melhor amiga.
- Karina, abre essa porta.
- Me deixa em paz!
- Pelo menos me conta o que aconteceu!
Ela não fala mais nada. Coloco a orelha na porta e escuto ela chorar baixinho.
- Fala comigo, eu quero te ajudar!
- Ninguém pode me ajudar!
- Eu quero pelo menos entender o que está acontecendo.
Uma mão pousa no meu ombro. Apolo nunca tinha enconstado em mim, meu coração acelera e fico ofegante.
- Acho que devemos deixá-la com a sua dor. Vem, vou te explicar o que sei.
Ele desce as escadas e o acompanho. Vamos para a cozinha, onde ele pega uma xícara de café e se senta na mesa.
- Ela teve o coração destroçado por um idiota.
- Eu já sei até quem foi!
- Pois esse idiota falou algo que a magoou. Não sei exatamente o
que, mas ela voltou chorando para casa.
Olho para ele, tentando dar um consolo.
- Se eu não a tivesse deixado sair, nada disso teria acontecido.Ele enfia as mãos na cara, triste.
- E por que você deixou ela sair?Ele não fala nada.
- Já sei, você não vai se abrir com um pirralho.
- Me desculpe por ter falado isso, eu estava transtornado na hora. Problemas e mais problemas.
- Sou todo ouvidos, se quiser me contar.
- Ah, são problemas de gente grande.
- Ei, não sou um pirralho! Em alguns meses já faço dezoito.
Ele ri. Como eu amava olhar para aquele sorriso, que poucas vezes saía da sua boca.
- Se eu te contar, você vai contar para Karina. Melhor não.
- Minha boca é um túmulo.
Ele me olha profundamente e coloca sua mão sobre a minha, que estava apoiada na mesa. Começo a suar de nervoso e meu coração acelera, torcendo para ele não perceber.- Não conta nada para ninguém, está bem?
- Prometo.
Ele afasta sua mão da minha e dá um longo suspiro.
- Meu pai e eu brigamos. Eu o acusei de nunca ter tempo para nós, que não se importava conosco e ele alegou que se
importava sim, já que mandava dinheiro toda vez. Furioso, no impulso, falei que dinheiro não compra felicidade e então ele falou que ia cortar nossa mesada. Daí no outro dia, chego no trabalho e descubro que fui mandado embora. Tenho um dinheirinho guardado, mas acho que dura para um mês ou dois,no máximo.
Fico calado, sem saber o que dizer.-Acho que eu me comportei como um idiota! Não pensei na Karina, apenas pensei em como eu me sentia!
- Eu não acho, acho que você só falou o que tinha que ser dito! Talvez a parte do dinheiro não foi o melhor a ser dito, mas na hora não se pensa direito. Eu no seu lugar faria a mesma coisa.
- Vai fazer o mesmo quando ver a sua mãe de novo?
Eu tinha comentado sobre a minha mãe uma única vez, uns dez anos atrás, como ele lembrava?
- Acho que sim, se tiver coragem, claro. Recebi uma carta falando que ela vai chegar quinta.
- Ah que bom, finalmente vai ver a sua mãe!
Mas eu não estava feliz. Eu não sabia nada sobre ela e, por mais que ela e minha tia fossem irmãs, Claudia não tinha muitas informações sobre ela. Para ambos, ela era uma completa desconhecida.
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There's nothin' wrong with lovin' who you are
Roman d'amourTony, é um adolescente que tem vitiligo por todo o rosto. Por causa disso ele sofre bullying e é ridicularizado pelos companheiros, fazendo mais difícil sua autoaceitação. Mas ao lado da Karina e sua tia ele vai sobreviver à faculdade e vai tentar e...