Se pudesse prever quão ruim seriam suas férias, ela teria ficado em casa afundava em ler alguns livros, mas não teria como, não é?
Restava aceitar que seriam longas semanas convivendo com a ideia de poder encontrar a garota na fila do mercado, ou em qualquer outro lugar.
Já havia se passado uma semana desde a casa de Manu, e Bianca ainda estava com um humor estranho, sentia-se traída por Marcela garantir que Rafaella estaria em São Paulo e não ali, há algumas quadras da casa dela.
A vida era mesmo um grande pedaço de merda entalado na garganta.
Não parou a rotina que Gizelly tinha programado, de forma que acabara de voltar da praia, com o bronzeado em dia, e o coração mais leve. Olhava alguns documentos do pai, sua mãe estava fora ainda. O escritório parecia ter parado no tempo, desde a morte do pai, alguns anos antes, nada tinha mudado realmente. Ainda tinham folhas dele nas gavetas, fotos pela mesa e a velha caixa de fotos guardada exatamente onde ela se lembrava.
Bianca pegou a caixa cuidadosamente enquanto sentava no sofá preto que havia no canto, abriu emocionada, perdeu a conta de quantas vezes viu todas as fotos, e não cansava de repetir isso. Ela sentia o pai em todas as fotos, a presença dele era reconfortante e doce. Mas ela via algo nela mesma que por muito tempo não via, a felicidade singela de uma criança feliz e realizada. Ela não tinha mais aquela inocência sobre as coisas e boa parte delas jamais retornariam. Mesmo assim ela ficou se perguntando em que ponto deixou a dor ser maior que qualquer coisa. Nunca sentiu nada parecido com o que sentira no último ano. Rafaella trazia muitas sensações novas para a garota e ela detestava profundamente cada uma delas.
-Mas que droga - praguejou quando ouviu a campainha tocar e saiu calmamente para atender, seu queixo caiu quando ela atendeu - Bruno?
O rapaz que um dia foi seu namorado estava parado a sua porta com um sorriso no rosto e ela ficou muito surpresa sobre ele estar ali.
-Oi, linda - colocou a mão na nuca daquele jeito sem graça que sempre fazia - Será que eu posso entrar um pouquinho?
Ela abriu caminho e ele entrou, depois de fechar a porta e caminhar até a sala de estar. Bruno analisava a casa sutilmente até parar seu olhar em Bianca.
-Eu não quero parecer grossa, mas aconteceu alguma coisa? - disse cautelosamente enquanto ele ria fraco - Desculpe, é que.. eu realmente não o esperava.
-Soube que estava na cidade e resolvi ver como estava - disse simplesmente - Fiz mal?
Olhou com curiosidade para a garota e ela ponderou a pergunta.
-Não, está tudo bem - relaxou - Eu só fiquei muito surpresa na verdade - riu - Como você está?
-Estou indo.. e você? - Bianca ainda olhava com curiosidade para o garoto quase como reconhecimento - Sua mãe está em casa?
-Bem. Ela não está. - um silêncio foi formado e nenhum deles sabia como continuar até que a garota disse depois de suspirar - Bruno, eu queria me desculpar com você - a olhou com curiosidade - Pela forma que eu terminei com você sem explicar nada e tudo mais.
-Ah, isso é passado - riu - Ficou para trás, linda. - disse docemente - Eu entendi depois de algum tempo que nós não estávamos funcionando tão bem como casal quanto eu gostaria, éramos mais amigos do que qualquer coisa. - ela concordou aliviada por nenhuma mágoa existir - Eu só fiquei realmente surpreso por saber que.. bom.. você.. e-era ga-.
-Gay? Que eu gostava de garotas? - completou devido ao desconforto do rapaz em dizer a palavra - Sim, eu sou. Mas não é da forma que você imagina. Eu só nunca desprezei esse fato, não sou indiferente a garotos nem nada - esclareceu - Eu só era muito apaixon.. - calou-se ao perceber o que ia dizer - Enfim, eu estava presa a muitos conflitos. Era isso.
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ENCONTROS
FanfictionDuas pessoas destinadas aos encontros da vida. Duas almas que se reconhecem e se desejam. Sobre os mistérios do amor e o poder que ele tem. Rafaella uma garota bem resolvida e Bianca, uma confusão em pessoa. Poderia o tempo mostrar a elas que ele re...