Sentimentos

482 58 36
                                    

Março de 2023

Algumas pessoas tem mania de se adequarem as outras, quase como pegar manias e trejeitos pela convivência ou simplesmente amadurecer, ou pelo menos passar isso.

Bianca em nada se parecia com a jovem de meses atrás, aquela que gostava de andar pendurada nas costas de Rafaella, pelo menos não no escritório e muito menos faria isso com Diogo. Seria no mínimo ridículo ela chegar e dizer “Hey, Diogo. Posso me pendurar em você como um macaquinho!?” estava fora de questão, eles nem sequer iam ao parque, não por falta de vontade dele, mas Bianca gostava de evitar com afinco coisas que ela e Rafaella faziam, ela não mentiu quando disse que ia tirar a mineira da sua vida.

O que ela não sabia é que Rafaella estava decidida a mudar isso, não sabia até o momento que recebeu uma caixa na sala dela com o escrito Bianca Andrade, e ela reconheceria a letra de longe. Seu coração estava disparado e ela tentava soar normal. Diogo estava na sala e ela se recusava a abrir aquilo com ele ali. Tinha medo do que pudesse ter dentro. Medo do que Rafaella poderia fazer.

Ele por outro lado, parecia muito alheio enquanto esperava que ela o acompanhasse no almoço, já que um jantar fora estava longe de seus planos para seu aniversário. Ela só queria deitar e se afundar na cama até amanhã.

-Como vai a faculdade, querida? - faculdade, ela pensou por uns segundos, tinha que ficar desviando de Rafaella assim como no começo, só que dessa vez era pior, ela parecia estar muito mais presente nos lugares que ela ia. E era totalmente proposital.

-Correria, estou ansiosa para acabar logo - e ela estava mesmo - Mas tudo bem - sorriu fraco e voltou a atenção ao computador, tinha uma mensagem de Gizelly e ela abriu.

“Comemoraremos em casa, você sabe que não vou almoçar com vocês e não me peça para repetir tudo, estou respeitando, mas não aceitando de verdade. Amo você.”

-Tudo bem, querida? - Diogo disse meio preocupado com ela. Sua expressão apática.

-Sim, está. Podemos ir - suspirou e pegou a bolsa, não voltaria ali hoje - Gizelly está ocupada, não vai conosco.

-Ela não gosta muito de mim, não é!? - ele riu.

Bianca estacou no mesmo lugar, Diogo era polido demais para fazer um comentário assim. Então certamente estava óbvio que ele notava o desgosto da ruiva.

-Ela está o-ocupada, só isso - mentiu.

-Bi - Bianca arregalou os olhos com o apelido, ficou tão irritada que não o deixou nem concluir o que ia falar - Eu sei qu-.

-Não me chame assim! - o interrompeu apertando duramente o botão do elevador, estavam no sétimo andar.

-Como é? - perguntou confuso e ela suspirou - Não chamar como, querida?

-Bi - disse amargamente - Eu não gosto, pode por favor não me chamar mais assim!?

-Oh, claro. Desculpa, meu amor - disse com a mão na nuca, ele ouvira Gizelly a chamando assim e quis testar a reação, com a amiga ela apenas bufou, mas não disse nada, ele sacou que tinha algo haver com a ex namorada dela - Eu fiz reservas no Callas.

-Ótimo - sorriu falso, ela não gostava de restaurantes caros, achava um desperdício de dinheiro na verdade, mas não tinha coragem de dizer ao noivo, ele era fino e etiquetado, não poderia dizer que queria comer um hot dog na esquina com um bueiro saindo aquela fumaça bizarra que saia pelos bueiros ali, então apenas aceitava os convites e fingia gostar. Não era ruim, só era fora do seu costume, aos poucos estava se habituando.

Diogo andava com a mão nas costas dela, ele era extremamente respeitoso quanto a isso, nunca fez nada que deixasse Bianca brava, não por uma atitude fora do padrão. Mas naquele dia em questão ele segurou a mão dela e ela gostou do contato. Mesmo que internamente aquilo parecesse muito estranho.

ENCONTROSOnde histórias criam vida. Descubra agora