Iris

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Dezembro de 2023

Algumas semanas frequentando o orfanato foram suficientes para Rafaella estar conectada com a pequena Iris. Ela tinha um jeito tão cativante que Rafaella desejava poder ajudar de alguma forma. Por isso ela estava em frente ao computador digitando o nome Valiatti, sem sucesso, claro, era um infinidade que seria difícil imaginar como ela acharia alguém com esse nome especificamente.

Ficou muito tempo ali, mas só então percebeu a tolice. Iris tinha apenas o nome da mãe, e ela estava procurando pelo pai da garota. Bateu na própria testa.

Faltava ainda alguns dias para o casamento, mas Manu insistia que teriam ensaio antes, ela não queria ninguém tropeçando no vestido ou algo assim. O primeiro seria com roupas normais, e depois o último, um dia antes, com os vestidos.

Fechou o notebook e conversaria mais com Iris sobre a mãe dela quando voltasse lá.

Pegou as chaves do carro e celular, desceu do prédio cantarolando, ela estava tranquila, tinha ficado muito tempo pensando sobre como seria encontrar Bianca, e estava bem com isso. Morava no terceiro andar, algo com a proximidade com o chão lhe dava segurança, mas diferente do apartamento de São Paulo esse era amplo e bem maior, conseguiu montar um ateliê no quarto. Era ótimo.

Seguiu pelas ruas tranquilamente, estava um dia relativamente frio, usava um sobretudo grosso e botas, mas seus inseparáveis óculos escuros estavam no rosto, eram quase duas da tarde e ela tinha chegado cedo pelo jeito. Só o carro de Manu estava ali.

Ivy tinha saído um pouco antes, com a desculpa de comprar alguma coisa. Entrou procurando pela baixinha e a encontrou andando para lá e para cá, mostrando cada mínimo detalhe da igreja, o padre olhava Manoela com os olhos arregalados e Rafaella soube que a mulher estava deixando-o assustado.

- Rafaella, graças a Deus - correu até a amiga - Eu vou matar o Júlio!

-Maria Manoela, você precisa relaxar - colocou a mão no rosto dela - Isso é uma ruga?

Manu bateu na mão dela irritada, Rafaella a abraçou e ela fungou. Estava uma pilha de nervos. Júlio entrou correndo na igreja, e Manu lhe deu um olhar mortal.

-Amor, me desculpa?? - disse acanhado - Eu peguei trânsito e tentei ligar, mas a bateria acabou.

-É isso que vai dizer no nosso casamento, Júlio!? - deu as costas e ele saiu atrás dela se justificando, Rafaella ria.

Andou até Marcela a abraçando forte, e ficou esperando ali. A igreja estava quente e ela levantou-se para tirar o sobretudo, Gizelly entrou seguida por Ivy, mas o que chamou a atenção da mineira, ela, a carioca que entrou séria averiguando o lugar, seus olhos passaram rapidamente, mas pararam ao encontrar olhos verdes. Sentiu seu corpo gelar ao mesmo tempo que o coração disparava.

Rafaella desviou o olhar indo falar com as garotas, mas em momento algum cumprimentou Bianca. No fundo isso a deixou irritada, era como se ela fosse invisível. Rafaella não lhe deu nenhum olhar mais, e o único fora tão frio. Ela observava a garota, os cabelos haviam crescido um pouco, Rafaella prendeu o cabelo e ela viu uma tatuagem na nuca dela. Será que ela tinha mais tatuagens?

Bianca tentava não olhar, mas era como um ímã, se perguntava onde estava a convicção dela e auto-controle, pois ali com certeza não era.

Quase um hora de ensaio depois eles terminaram. Estavam próximos combinando o horário de amanhã, Manu dava ênfase no horário e olhava para o noivo que sorria intimidado.

-Rafa, vamos para aquele barzinho hoje? - Ivu disse animada e Rafaella sorriu confusa - As garotas, combinamos com elas noite passada. Estão loucas para nos ver hoje - Ivy deu um soquinho fraco e Rafaella ficou ainda mais confusa, ela tinha passado a noite em casa trabalhando em um quadro e Ivy esteve lá com ela.

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