Hospital

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02 de Maio de 2024                     

Rafaella andava pelo corredor como fazia todas as manhãs, essa era sua rotina há quase um mês, as olheiras se faziam presente na pele dela. Praticamente todos ali conheciam a garota, ela estava morando naquele lugar.

                     

                      

Parou em frente a máquina de café e suspirou, seus ombros pesavam uma tonelada, tinha passado mais da metade da noite acordada, segurando a mão de Bianca, como ela fazia todos os dias. Eram quase sete da manhã, e trocaria de turno com sua sogra.

                    
                     

Ela tremia segurando o copo, seu corpo estava fraco psicologicamente falando. Mas ela não podia deixar isso interferir ainda mais em sua rotina. Caminhou de volta ao quarto, encontrando a carioca na cama, pálida e tão sem vida, Rafaella sentiu o nó na garganta subir.

                     
                     

-Sinto a sua falta, amor - sussurrou beijando a testa da garota, e deixando lágrimas caírem - Volta!? Volta para mim - implorou perdida.

                     

                     

Ela não sabia quantas vezes já havia dito aquilo, eram muitas. Seu ser estava vazio, sua alegria se esvaia a cada dia. Bianca estava naquela cama desde o acidente.

                                                                  

Diogo havia “sequestrado” a mulher enquanto ela saia do apartamento, foi tudo tão rápido. Ele estava armado e não foi difícil convencer a garota a entrar no carro uma vez que ele apontava a arma para Rafaella. Ela tinha pesadelos com essa noite, a imagem do carro partindo e ela correndo atrás ecoava como um replay em sua mente. E ela acordava do mínimo sono que conseguia ter. Elas estavam bem, tudo estava no lugar. E de repente tudo escorreu pelas mãos delas como água.

Ela chamou a polícia na hora, explicou cada detalhe. E quase uma hora depois, ela recebeu a ligação da emergência. Eles capotaram o carro, quando ela ouviu isso ela desabou, Ivy falava com a mulher que pedia a presença da família no Hospital. Elas correram para lá e quando a recepcionista disse a palavra óbito, Rafaella sentiu o corpo amolecer. Diogo havia morrido. Bianca estava em coma.

Mônica estava parada na porta observando a nora sussurrando coisas a filha, ela sentia a dor de mãe, por ver a filha ali, e ela sentia a dor de Rafaella. A garota não saia do lado da filha e ela sentia vontade de chorar em pensar todas as vezes que ela brigou com a garota por ela amar uma outra garota. Como poderia condenar um amor tão puro? Ela conseguia ver como um filme cada momento que errou com Bianca, isso a assombrava. Assombrava também a imagem de Iris. Mônica tinha envelhecido anos em alguns meses. A dor faz isso com as pessoas.

-Vá para casa, tome um banho e coma alguma coisa - ela disse atraindo a atenção de Rafaella - Eu cuido dela. - Rafaella ia negar, não queria deixá-la ali - Você precisa estar bem quando ela acordar, por favor, Rafaella - pediu engolindo a dor - Todos precisamos estar.

Rafaella deixou um beijo na testa da carioca e parou ao lado de Mônica. Ela havia se aproximado muito da mulher nesse mês, ela via o arrependimento nos olhos dela a cada dia, e ela conseguia perdoar. Ela já havia feito isso.

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