Estragando o natal

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Bianca estava encarando a mãe por mais tempo do que imaginava, era bom demais para ser verdade a falta de palavras duras sobre ela e a sua maneira de viver como a própria mãe dizia.

-Estou esperando, Bianca! - disse duramente e a mais nova suspirou, achou que nunca mais fosse ver aquilo no rosto da mãe, era decepção.

-O que você quer que eu diga? - disse cansada de uma conversa que elas nem tiveram - Você sabe o que eu sou, e sobre minhas preferências. - disse resignada.

-Preferências - repetiu amargamente - Eu sei bem, mas achei que você estivesse dando lugar há outras preferências desde a nossa última conversa - ela abriu a boca chocada - Eu te falei tanto, Bianca.

-Mãe - sentou-se irritada - Eu entendi tudo o que você quis dizer, e eu compreendi a sua maneira de pensar, mas eu - bufou - Não posso simplesmente mandar no meu coração!

Mônica a olhou como se ela tivesse dito a maior das bobagens. Ignorou isso e perguntou diretamente.

-Quem era aquela garota? - sua cara de desgosto estava irritando muito Bianca.

-Rafaella - o silêncio foi grande - Minha namorada - completou e Mônica a olhava como se ela fosse um ET. Bianca realmente não tinha entendido a reação da mãe, depois de tudo.

-Sua namorada? Desde quando? - repetiu negando - Você só pode estar louca, Bianca! - a carioca perdeu o senso totalmente com aquilo - Você não pode continuar isso, está me ouvindo!?

-Sim, minha namorada, desde que decidimos ser felizes juntas. - respondeu seca - O que você sugere, mamãe? - levantou-se e perguntou só para completar a sua próxima atitude - Que eu termine com ela porque você não consegue aceitar que sua filha é gay!? - gritou perdendo o fio de paciência que restava nela - Por que é isso que eu sou, sou gay, gosto de garotas e nada vai mudar isso, nem o fato de namorar ou não com Rafaella, ou com qualquer outra pessoa, nem mesmo se eu namorar, ou casar com um cara isso vai mudar! Eu sempre vou ser gay - disse entre dentes, Mônica estava a um passo da garota e ela finalizou - Acho bom você se acostumar com isso, pois eu vou continuar com ela - Mônica virou um tapa na face dela, ela fechou os olhos e nada disse, não tinha o que dizer, pegou a mala e deu as costas para a mãe - Deus queira que seja por muito tempo, porque eu amo aquela garota e ela foi a melhor coisa que me aconteceu na vida! (n/a: voltamos a odiar a D. Mônica)

-Eu nunca vou aceitar esse tipo de relacionamento! Nunca, Bianca. - sua mãe gritava igualmente exaltada.

-Então não me resta escolha - caminhou apressada pela porta segurando as lágrimas - Eu achei que você fosse diferente, eu juro que achei, mas você não me ama - lamentou e prosseguiu abrindo a porta da casa azul - Até que você me aceite, eu não fico mais aqui, mãe. Feliz natal!

-Onde você pensa que va.. - Bianca saiu puxando a mala em direção a rua, o frio estava demais e ela arrependeu-se de ter tirado o casaco, mas não voltaria para pegar, não agora, seu rosto latejava e ela soltava lágrimas frias - Volte aqui, Bianca. Eu não terminei de falar. Bianca!?

Mônica gritava da porta e ela não olhou para trás, agradeceu mentalmente pela casa de Rafaella ser próxima, mas estacou no meio do caminho, olhou para trás para garantir que a mãe não a seguia e relaxou ao ver que não. Estava com vergonha de dizer a Rafaella sobre sua mãe, quando vivia dizendo que seria tranquilo falar com ela, e tendo o tipo de tratamento que tinha na casa dos Kalimann. Pegou o celular e discou o único número que podia no momento.

-Alô - disse deixando as lágrimas caírem sem controle algum das emoções, estava ferida.

-Bia, o que houve? Você está chorando? - dizia preocupada e ela chorou ainda mais, sentou em cima da mala.

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