pov Tyler
Encontrar Isabella em cima de uma bancada em plena madrugada e trajada apenas com uma camisola de cetim e renda branca, era de longe o meu sonho mais louco. Contudo, aquilo não era um sonho.
De qualquer forma, ver sua expressão apavorada se esvaindo e dando lugar a uma rabugenta quando tentou esconder que estava com medo do gato de espécie diferente, foi cômico.
Não sei o que me deu para agir daquela forma com ela. A trazer para perto, assim, tão de repente, foi espantoso até para mim. Na verdade, foi algo além do meu controle. Como se meus instintos tomassem as rédeas das minhas ações sem nem me permitirem opinar.
Ficar tão perto, chegando a centímetros de sua boca... ainda me era embriagante. Confesso que a ver reagir a mim mexeu comigo. O modo como seus olhos caíam dos meus para para a minha boca e a respiração ofegante quando eu estava apenas dando passos em sua direção, foi mais instigante que muitos momentos quentes que já tive com outras mulheres.
O que me deixa confuso. Ela não estava tentando me provocar, na verdade, não sei nem se algum dia se quer tentou. Isabella era diferente de todas que já conheci. Tão determinada, afiada em seu senso crítico, sem filtros e ainda assim tão inocente. Realmente fascinante.
Enquanto seguíamos caminho para o jardim, olhei de soslaio para nossas mãos juntas e por um instante aquela sensação me tomou por inteiro. Sorri pequeno e senti meu corpo ficar em alerta, chegando a arrepiar. Mas impedi que durasse muito tempo.
Já me senti assim antes, fascinado. E embora essa sensação seja ainda mais intensa - o que piora ainda mais o caso - não quero vivê-la novamente.
Sei que as pessoas são diferentes, mas não quero correr o risco. Não posso confiar outra vez em alguém para depois ser enganado. Prefiro a morte ainda que tão prematura.
Ao nos aproximarmos da sacada que ficava na lateral da casa, onde costumava vir às vezes durante a noite com Max, a soltei, sentindo falta do toque no mesmo instante...
Mas que droga!
Mas, talvez isso seja mera atração. É, é isso. Atração.
Quando o susto de pensar que Isabella poderia ter ouvido alguma de minhas conversas, aparentemente solitárias, passou, observei seu rosto, iluminado apenas pela noite enluarada e a luminária de luz quase ineficaz.
O fato de seu quarto ficar logo acima, foi uma grande surpresa. Afinal, essa casa tem tantos quartos. Não imaginava que justo esse seria o dela.
- Então... Você vai se explicar agora?
- Ah, isso...
- É, isso. Porque disse que estávamos namorando? - seus ombros ficaram tensos e tenho a impressão de quase poder ouvir o retumbar de seu coração. Suspirou pesadamente, parecendo se preparar para correr uma maratona e então pigarreou.
- É que...
- Isabella - interrompi, notando seu nervosismo - está tudo bem. Não se preocupe. - sentei-me mais perto e segurei sua mão - Lhe prometo que nunca contarei a ninguém o que quer que você diga aqui. Podemos ter nossas diferenças, mas pode confiar em mim.
- Está bem. - disse por fim, parecendo tomar uma dose de coragem.
O silêncio se fez presente, mas eu nada disse e nem insisti. Se ela achava que deveria falar, que falasse. Do modo e no tempo que quisesse.
Uma longa pausa se deu e estávamos ainda da mesma maneira. Ela encarando seus dedos, pressionando uns nos outros, e eu aproveitando a oportunidade de sua distração para observá-la melhor.
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Amor no norte da França
Romance"- Sabe o que é, Isabella? - arqueei a sobrancelha e ele continuou - Você desperta o meu pior lado. - sorri. - Ao menos temos alguma coisa em comum." Na década de 1950 no norte da França, vivia a família Beaufort. A mesma, apesar da fabulosa condiçã...