capítulo 6

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pov Isabella

No dia seguinte, era por volta das oito da manhã e já estava a caminhar com Greta pelo mercado.

De fato meu pai não acreditou muito quando disse que viria, pois realmente não venho. Mas acho que sua esperança de me ver usando um avental era maior que o seu pessimismo em acreditar que eu realmente faria tal coisa.

Não costumo frequentar o lugar. Não porque não gosto, mas sim pelos olhares tortos que recebo toda vez que venho.

Uma moça que faz atividades consideradas como sendo masculinas, não tem "papas na língua" e não aceita pretendentes, considera-se um ultraje aos "bons costumes". Se eu me importo com o que pensam? Na verdade por mais que não me importe prefiro evitar gastar saliva com quem não merece.

- E então, Nana, do que precisaremos para fazer os macarons? - questionei ao pararmos de andar.

- Você sabe que tudo o que era preciso para os fazer já tínhamos em sua casa. Não é, minha menina? - indagou entre risadas.

- Mesmo que soubesse, teria que vir. Caso contrário meu pai desconfiaria que aquilo era só uma desculpa esfarrapada para não ter que levar o mauricinho para o jardim. - ela balançou negativamente a cabeça com um sorriso de lado.

- Espero de verdade que você encontre alguém, Isa. - disse com carinho, entrelaçando o braço ao meu e voltando a caminhar - Não dizendo que você precisa, pois sei que é uma menina forte e sabe o que quer, mas sim porque sei, que no fundo, você não aceita ninguém porque ainda não encontrou o que está procurando. - suspirou dando uma breve pausa - E também porque tem medo de conseguir encontrar.

Me privei de pensar em suas palavras, tinha medo de que pensando de mais constataria que ela estava certa.

- Você ainda não me respondeu, dona Greta. - a encarei fingindo seriedade e semicerrei os olhos - Do que vamos precisar?

Até que estava empolgada. Talvez cozinhar fosse divertido.

- Vamos ver... - ficou numa pose pensativa e me puxou para uma das bancas.

Quando chegamos em casa, fomos direto para a cozinha. Lavamos as mãos e ela começou a dizer as medidas necessárias dos ingredientes.

- 90 gramas de farinha de amêndoas. Mas se preferir pode ser farinha de castanha de caju.

- Qual a diferença, Nana? - franzi o cenho.

- Desculpe, querida. - disse ela, dando uma risadinha e prosseguiu - Esqueci que você é iniciante. Pois bem, usaremos a farinha de amêndoas. Você gosta mais deles com ela.

- Está bem, pode continuar. - fui pegando os recipientes para separar devidamente as coisas.

- 40 gramas de farinha de trigo.

- Espera! Por que vamos usar dois tipos de farinha? Já não íamos usar a de amêndoas? -perguntei mais confusa do que já estava e meus "tico e teco" já estavam se matando, então decidi só obedecer.

-Esqueça, Nana, só vamos continuar, assim posso passar logo na biblioteca e levar os macarons para o Bernard, já que da última vez esqueci. - ela ficou vermelha e prosseguiu, parecendo agora estar nervosa.

Quando começamos a misturar os ingredientes, Nana teve que sair por um momento. Emma precisava de ajuda com alguma coisa. Que acredito ser algum vestido de boneca para remendar ou coisa parecida.

Continuei fazendo sozinha, e, quando fui guardar o saco de farinha de trigo - ainda aberto - senti algo passar por mim rapidamente, fazendo com que eu fosse diretamente para o chão e levasse toda a farinha comigo.

Amor no norte da FrançaOnde histórias criam vida. Descubra agora