Amor no norte da França

capítulo 36

pov Isabella

- Fazíamos todos os anos uma comemoração e o ponto de encontro era a casa de minha tia Amélia, no sul do país. Era como um natal em pleno verão. Ela fazia um perú recheado com ameixas... - Bernard suspirou sorrindo, o que me fez sorrir também - aquilo era horrível.

Meu sorriso morreu no mesmo instante, porém a risada de Tyler foi ouvida por toda a recepção da biblioteca. O que lhe rendeu um extenso coro de "shiiiiu!" em repreensão.

- Você é terrível, Bernard. Já parou para pensar na quantidade de tempo que ela dedicava na preparação daquele perú? - repreendi.

- Todos os dias da minha vida. - lamentou com a mão na testa - E é por esse motivo que eu lamento ela ter morrido. Deve ter perdido incontáveis anos fazendo aquela desgraça. Céus, aquilo realmente era horrível.

Balancei a cabeça em negação o encarando ao mesmo tempo que cogitava a ideia de chamar os paramédicos para o loiro. Ele estava tendo um ataque.

Alguns dias haviam se passado e desde então eu e Tyler ficamos mais próximos, quase como se nunca nem tivéssemos brigado. Saímos várias vezes com Mila e Ramon durante esse tempo e também visitamos com eles pontos turísticos da cidade. Hoje, nós dois viemos visitar Bernard e pegar alguns livros novos que chegaram na biblioteca.

- Bom, vamos ao que interessa, me mostre os livros novos. Estou tendo um treco por pensar nas novidades que você está escondendo de mim.

- Está bem. - disse e voltou-se para Tyler - Meu garoto, você pode ficar cuidando da recepção enquanto isso?

- Claro que sim, Bernard. Prometo que tentarei chegar aos seus pés. - bajulou e pude ver Bernard quase saltar sobre o pescoço dele. O mais velho adora uma boa gabação.

- Já terminaram com as declarações românticas? Podemos ir agora? - bati o pé no chão freneticamente.

- Estou começando a achar que me ver não era o seu motivo principal de vir aqui, senhorita Isabella. - arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços na altura do peito.

Apertei os lábios em uma linha reta antes de limpar a garganta.

- Você está tão bonito hoje, Bernard. - sorri cinicamente - Fez alguma coisa no cabelo? Oh, não, mas que bobagem. Deve ser essa gravata borboleta. Lhe caiu muito bem, sabia?

Ele me encarou com deboche, e, para não receber um espanador na cabeça, saí em sua frente, indo em direção ao estoque.

- Ela tem razão. Essa gravata me caiu muito bem, não foi? - pude o ouvir cochichar e olhei para trás, o vendo passar a mão nos cabelos grisalhos como um galã de cinema, enquanto o loiro concordava fielmente.

Revirei os olhos e disparei até o estoque sem esperar por mais.

Meus olhos brilharam ao ver todos aqueles livros novos e com cheiro de papel recém imprimido. Ah, que paraíso! Acho que vou chorar.

- E então... - sorriu malicioso e eu franzi o cenho, o encarando enquanto me dirigia até uma das estantes.

- E então o que? - indaguei confusa.

- Que o que? - juntou as sobrancelhas.

- É o que? - pus uma mão na cintura.

- O que?! - falou em tom alto e minha careta confusa devia estar pior que a dele.

- Ãhm?

- Isabella! Você não vai esconder o jogo de mim então pare de agir como uma criança birrenta e me conte logo!