capítulo 24

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pov Tyler

Não queria acreditar que o meu próprio irmão fosse capaz de algo tão sórdido, mas eis-me aqui a prova do contrário. Uma relação amorosa por conveniência sem o consentimento de ambas as partes. Era o que ele tinha feito. 

Todavia, o mais espantoso era como um pai podia permitir tamanha barbaridade. Hector Beaufort me surpreendeu da pior maneira. Mesmo nossa época sendo carregada de atitudes semelhantes, isso não me parecia ser do perfil dele. 

Passei a admirar a ruiva em minha frente por diversos aspectos mas este, sem dúvida alguma, foi como um divisor de águas. Se negar a uma situação dessas era como um açoite na face do progenitor da família, e o mesmo estava a encarar a filha como se ela tivesse lhe feito a maior das ofensas. 

- Com licença. - fez menção de sair.

- Espere, Isabella! 

Ela voltou-se para o pai, lançando-lhe um olhar tão carregado de decepção que até mesmo quem não o conhecesse, como por exemplo eu, saberia que foi como um tapa na cara.

- Depois falaremos, está dispensada. - disse ele, desistindo de qualquer coisa que viesse a falar.

Antes de sair, seu olhar ainda cruzou com o meu. Queria tanto poder dizer a ela o quão admirável foi sua atitude, que nunca ninguém me pareceu tão corajosa quanto ela, mas não podia fazê-lo, não naquele momento, ou então ela estaria mais encrencada do que está agora. 

Queria dizer isso, mas não somente por agora, também por aquele dia na fonte, quando três idiotas a cercaram e por coincidência e graça eu estava passando pelo local com Max. A forma como mesmo com medo ela lutou para se defender foi admirável.  

Na mesa do café da manhã, todos estavam estáticos. Ethan, constrangido pela negativa que recebera, e os demais por não estarem esperando uma situação como a que se passou agora a pouco. 

Eu também estava envergonhado, mas não por fazer um pedido de namoro e receber um não do pai da pretendente, mas sim pelo constrangimento que fizeram a ruiva passar. 

Os motivos que levaram Isabella a negar um relacionamento só dizia respeito a mesma e a quem ela desejasse que soubesse. Não cabia a mais ninguém empurrá-la a isso sem que ela se sentisse apta, confortável ou apaixonada. 

Suspirei pesadamente antes de encarar as comidas em minha frente. Havia perdido a fome. 

(...)

Eu sei que isso não vai acabar em outra coisa além de discussão, mas não posso deixar passar. 

Minha mão fechada em punho preparava-se para bater na porta do quarto em que Ethan estava hospedado, quando vi a maçaneta girar e o mesmo aparecer em minha frente.

Franzi o cenho me perguntando como sabia que eu estava aqui e ele me encarou antes de apontar para Max, que estava ao meu lado. 

Meu irmão sempre reclamou do cheiro que ele tinha e de como toda a casa ficava impregnada com o suposto odor que eu nunca me importei. 

- Posso entrar? - ele se afastou, dando espaço. 

- Sem o cachorro. - revirei os olhos antes de dar o comando para Max ficar ali me esperando.

Assim que o fiz, e ele me encarou com as orelhinhas murchas, ignorei o aperto no peito e adentrei o cômodo.

- Quem diria que sua tentativa de fisgar a Beaufort iria para o ralo ein, maninho? - disse ao fechar a porta e o encarei, com o maxilar apertado. 

- Não tentei fisgar ninguém. Já você, não se contentou em tentar à moda antiga, teve que apelar para um contrato. 

Foi a sua vez de cerrar os dentes.

Amor no norte da FrançaOnde histórias criam vida. Descubra agora