capítulo 9

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pov Isabella

Levantei os braços em comemoração quando fui a primeira a passar pela árvore.

Risadas contentes me foram arrancadas quando a ficha de ter ganhado de um rapaz em uma aposta me caiu. 

Quando meu olhar pousou em Tyler, um sorriso de canto preenchia seus lábios. 

Não parecia ter ficado bravo por perder, coisa que me surpreendeu. Imaginei que teria uma reação idiota, como por exemplo, ficar bravo ou dizer que eu teria roubado. Mas ainda que não estivesse irritado, parecia estar perdido em pensamentos...

- Aconteceu alguma coisa? - mesmo que um pouco receosa, resolvi perguntar.

- Não, é que... - suspirou, parecendo pensar por um momento - Quando você me propôs a corrida parecia ansiosa pela minha resposta. E quando eu a dei, você ficou empolgada. Além disso, você parecia estar tão feliz quando chegamos aqui que eu gostaria de saber se tem algum motivo especial para isso. - abaixei o olhar, apertado as rédeas entre meus dedos.

Não parecia ser o Tyler que conheci. Ao o encarar novamente, não havia nenhum traço zombeteiro em sua feição, ele realmente estava falando sério.

Respirei fundo, puxando o ar de meus pulmões, tomando coragem para falar de um assunto que me deixava constrangida devido a tantas situações desagradáveis que havia passado.

Já que ele não estava brincando eu também não faria isso, seria totalmente sincera.

- Eu nunca fiz isso com outra pessoa. - Tyler me encarou em confusão, dei então continuidade - As moças aqui não andam à cavalo e os rapazes que conheci, zombavam por eu gostar de fazer isso e... outras coisas mais... - por um instante, o medo ameaçou tomar minhas veias, medo dele fazer a mesma coisa que os outros. Mas ao fitar seus olhos, essa sensação se dissipou por completo, então prossegui.

- Eu gosto de jogar futebol, de não usar vestidos o tempo todo, como pode ver. - apontei para a calça que estava vestindo. Sorri e ele fez o mesmo - Além do mais, eu... - suspirei - não quero nenhum pretendente, pelo menos não agora.

Ao concluir, sentia como se um peso abandonasse meus ombros. Foi bom falar isso para alguém que não fosse meu travesseiro, que durante a noite, costumava enxugar minhas lágrimas.

Não ousamos proferir nenhuma palavra por alguns instantes, até ele quebrar o silêncio que havia se instalado.

- "Acho insensato as mulheres quererem ser iguais aos homens. Elas são superiores e sempre foram. O que se der a uma mulher, ela o transformará em algo maior. Se lhe deres esperma, ela dará um bebê . Se lhe deres uma casa, ela devolve-te um lar. Se lhe deres mantimentos, ela dá-te uma refeição. Se lhe sorrires, ela dá-te o seu coração. A mulher multiplica e amplia o que lhe é oferecido. Então, se lhe deres porcaria, prepara-te para receber uma tonelada de lixo!" William Golding, um poeta britânico disse isso uma vez. -disse e sorriu de canto- Faço das palavras dele, as minhas.

De fato, fiquei surpresa. Não pude evitar um largo sorriso, nunca qualquer homem havia me dito coisa parecida. Talvez Bernard tivesse razão, o loiro azedo, poderia não ser tão azedo assim...

- Não tem porque ficar triste com essas bobagens. -ele continuou- Se gosta de fazer essas coisas isso só diz respeito a você! Além do que talvez, julgando pelo que acabou de acontecer aqui, a sociedade impeça vocês de fazerem o mesmo que nós por puro medo de nos superarem. 

Não sabia o que dizer, não sabia nem que isso era possível, mas, Tyler conseguiu me deixar sem palavras.

- Obrigada. - disse sincera.

Amor no norte da FrançaOnde histórias criam vida. Descubra agora