capítulo 4

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pov Isabella

Com muito custo, virei-me na direção em que ouvi a irritante voz.

Assim que o fiz, pude ver o falso sorriso estampado nos lábios da figura de cabelos pretos e olhos azuis.

Ainda era difícil para mim lidar com o que aconteceu, mas não deixaria isso transparecer, então logo tratei de responder com descaso.

- Lecomte...

- Nossa, que modos mais avulsos para uma dama. Quer dizer então que o que dizem a seu respeito é verdade? - fingiu tristeza.

- Poupe-me! O que dizem a meu respeito não me interessa!

- Calma, Isa... Isso tudo é rancor? - ficou na defensiva, como se eu fosse a errada da história.

Travei o maxilar.

Ela estava tentando me provocar e tinha de fazer alguma coisa antes conseguisse o que queria.

Respirei fundo, buscando no mais íntimo do meu ser alguma sanidade e tentei aparentar indiferença.

- Você ainda lembra disso?

- E você não? Até parece que esqueceu. - desdenhou rindo.

- Na verdade sim. - menti - E você deveria fazer o mesmo.

Minha postura estava rígida mas estava me segurando para não deixar as lágrimas caírem. Reuni todas as minhas forças e continuei.

- Sabe, talvez fosse melhor gastar o dinheiro das plásticas em terapia, acredite em mim, lhe faria um enorme bem.

- Fora que... - fingi a analisar - Alguma coisa aí parece estar fora do lugar. - apontei para o seu nariz que já deveria ter passado por inúmeros processos cirúrgicos e ela colocou a mão por cima do mesmo, pisando duro até a porta.

Quando a morena deixou o cômodo - fechando a porta bruscamente - eu voltei meu olhar para Mila, que estava sorrindo de orelha à orelha. Ela sabia o que tinha acontecido no passado.

- Você foi muito bem, calma. - sussurrou apenas para que eu pudesse ouvir e respirei fundo, buscando o máximo de ar de meus pulmões.

Agradeci mentalmente por meu pai não estar na sala, afinal, estaria me vendo descumprir o que lhe prometera - ser paciente com a megera - porém, não podia deixá-la me humilhar, não mais.

Ouvimos a porta ser aberta e pensei que Briana teria se arrependido de sair sem me dar uma resposta à altura. Mas percebi que estava errada quando proferiram outro nome.

- Tyler! - exclamou o senhor Raul.

Virei-me para então me deparar com o ser mais petulante que conheci nas últimas 24 horas.

O loiro mal educado.

Então esse era o seu nome. Mas quem será ele? Um dos primos da megera da Briana? Não seria surpresa já que o mau-humor era deveras semelhante.

- O encontrou? - indagou Ramon.

- Não. - lamentou atordoado, passando a mão no cabelo por incontáveis vezes - Já o procurei em cada centímetro da casa e do lugar em que o perdi. Não sei mais o que fazer.

- Acalme-se, querido, nós o encontraremos, você verá. - consolou a senhora Inès.

Mas afinal a quem se referiam?

- Desculpem, mas sobre quem estão falando? - acabei por perguntar.

- O cachorro do Tyler. - disse Mila, notando logo após minha careta confusa - Esqueci que vocês ainda não foram apresentados.

Amor no norte da FrançaOnde histórias criam vida. Descubra agora