capítulo 33

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pov Tyler

Tudo o que sabia naquele momento é que queria compartilhar isso com ela. Não me doía mais, apenas me impedia de seguir em frente e se eu quisesse ajudá-la com seus traumas, teria de superar os meus primeiro.

Procurei coragem naqueles olhos verdes que me diziam silenciosamente que podia confiar qualquer coisa a eles e Isabella colocou de lado a cesta de piquenique, aproximando-se mais de mim até sentar-se ao meu lado.

- Nunca lhe pediria para me contar uma coisa que visivelmente lhe machuca, mas vejo que quer falar, então, quando você estiver pronto, também estarei para ouvir. - sorriu compreensiva, segurando minha mão.

Sentados debaixo daquela árvore no campo e rodeados pela brisa fresca, me demorei a falar, passando a encarar os traços da ruiva em minha frente, que de alguma forma, me acalmavam.

Encarei seus olhos e respirei fundo antes de começar.

- Eu tinha um amigo que morava em Paris. Na verdade, era o meu melhor amigo, ou pelo menos era isso que eu achava. - passei a língua nos lábios, desviando o olhar para o campo. Fazia tanto tempo que não falava sobre isso.

Senti seu polegar acariciar o dorso da minha mão e cruzei seus dedos com os meus.

- Nós havíamos combinado de que eu passaria alguns dias em sua casa, para aproveitar melhor a viajem. - ela acenou para que eu continuasse - Inicialmente tudo correu bem até que... a conheci. Ou melhor, ele me a apresentou. - dei um riso nasal sem qualquer humor.

- Nós saímos algumas vezes e então eu fui me apaixonando por ela. O problema é que fui idiota demais, inocente demais, para perceber o que estava acontecendo. - sacudi a cabeça negativamente. Ainda me era inacreditável o meu papel de idiota.

Havia me doado tanto àquele relacionamento que esqueci até mesmo de que deveria me preocupar com meus próprios sentimentos. Sempre a colocava em primeiro lugar.

Lembro-me das tantas vezes em que me esforcei para ver um único sorriso em seu rosto mas sem qualquer retribuição de sua parte...

Nunca percebi o quanto Samantha era mesquinha e egoísta, tudo o que ela mais falava em nossas conversas era sobre si mesma e me dói o fato de ter sido tão tolo ao ponto de não perceber que estava apenas sendo usado.

- A pedi em namoro e depois de alguns dias voltei para Londres. Até pedi que viesse comigo, mas ela negou. Não questionei, ela tinha uma vida aqui, afinal. Bom, o tempo foi passando e eu vinha com frequência visitá-la. Certo dia, eu cheguei de viagem sem avisar, queria fazer uma surpresa...

Suspirei.

- Era um dia qualquer para muitos, porém muito importante para mim, havia tido êxito na prova que me faria entrar na faculdade e queria compartilhar isso com ela...

Fiquei calado por alguns instantes antes de continuar.

- Quando cheguei no prédio que ela morava o porteiro permitiu minha passagem já que havia me visto algumas vezes e antes que eu subisse ele me disse que não sabia se ela estava em casa, porque instantes antes de eu chegar quem estava em seu lugar era um outro porteiro. Depois de saber desse detalhe, subi até o apartamento dela e abri a porta com a chave reserva que ele tinha me dado. Foi quando passei pela porta e vi roupas espalhadas pelo chão, não só roupas dela, roupas masculinas também.

Conforme ia falando, as cenas passavam claramente em minha cabeça como se tudo tivesse acontecido ontem mesmo.

Senti Isabella passar uma mão em minhas costas como forma de consolo. A partir disso a situação já podia ser deduzida com facilidade, mas continuei.

Amor no norte da FrançaOnde histórias criam vida. Descubra agora