Motivo

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— Ah, senti falta do moletom de unicórnio. — Foi o que Zayn disse para o homem esperando na calçada com uma roupa toda preta e um sobretudo xadrez em escala de — urgh — cinza. Mas até que ficava bem nele. Quase qualquer coisa, na verdade.

— Está lavando, Louis quase não devolveu seu moletom tie-dye. — Disse quando entrou no carro e colocou o cinto.

Zayn deu partida, dividindo sua atenção entre ele e o trânsito. — Se você for usá-lo mais vezes, pode ficar. Quebrou um pouco da sua seriedade. — Ele estava falando sério, Liam ficou fofo demais.

— É, estava arruinando minha reputação. — Brincou sem brincar.

— Ficou tão fofo! — Liam revirou os olhos para disfarçar que ficou sem graça com o elogio que ouviu trezentas vezes. — E aí? O que você e Louis fizeram ontem?

— Assistimos filmes de comédia para ver se ele melhorava, mas... não teve jeito. — Falou com pesar e Zayn se sentiu culpado por uma parte sua ficar em choque por Liam realmente se importar com o amigo dele. Tipo, ele não conseguia imaginar Liam cuidando de alguém ou tentando animar alguém.

— Nossa, isso é tão horrível! Eu... eu não quis ser um gatilho...

— Não tinha como você saber, Zayn. Não é sua culpa.

— Eu sei, mas... Ainda assim me sinto mal.

— Eu sei, mas está tudo bem. Ele está acostumado à saudade, eu só acho que às vezes... — Eros! O que ele estava falando? Ia fazer Zayn se sentir pior! — De qualquer forma, e você? O que fez ontem?

— Hã... Eu escrevi, não exatamente o que eu queria, — falou rápido para o outro não criar expectativas — mas pelo menos é alguma coisa. E li um pouco, também.

— Você leu até que horas? — Perguntou com uma sobrancelha erguida.

— Por quê? — Onde ele queria chegar?

— Bom, você está atrasado. Como sempre. — Acusou sem acusar. Liam tinha esse jeito de fazer coisas como acusar alguém sem o peso de acusar alguém, Zayn não sabia explicar.

— É um talento. — Provocou sorrindo.

— Um talento nato. — Devolveu a provocação.

— Você sentiu algo essa noite? — Ele estava curioso.

Liam pensou um pouco. Foi meio estranho, mas não o atrapalhou em nada. — Por mais incrível que pareça, não.

— Nem eu.

— A doutora vai ficar feliz, isso é bom. — Pelo que ela disse, significava que estavam se dando bem e que podiam ficar mais separados.

— É. Chegamos. — Estacionou em frente a uma aconchegante livraria. Tinha um estilo meio antigo, a frente verde com vidros, típica, e parecia um lugar muito agradável.

— Tem algo que preciso saber antes de entrar? — Perguntou quando Zayn tocou a campainha. Ele pareceu pensar um pouco e Liam quase riu da ácida ironia, se fosse o contrário ele teria tantas coisas pra falar pra Zayn.

— Sim. Eles são meus pais. Não tente deixá-los encantados por você. — Ameaçou, fazendo o outro revirar os olhos.

— Quantos anos você tem? Cinco?

— Meninos! — A mãe dele abriu a porta antes que respondesse. — Oi, meu filho. Como você está, querido? — Perguntou enquanto o abraçava com força e um amor que Liam só viu antes na mãe de Lou. — Liam, querido! Como você está? — E ela o abraçou da mesma forma!

Contraste Cromático [Ziam]Onde histórias criam vida. Descubra agora