Agora

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— Lee? — Louis abriu a porta da sua sala com uma expressão que não via há bastante tempo: pena. Especialmente nos últimos dias, quando tudo que ele expressava por Liam era raiva, indignação, tristeza e decepção. Isso junto com o apelido... coisa boa não era. — Hã... vou ser direto. Seus pais estão na cidade. — Jogou a edição de hoje do jornal pra ele.

Na capa estava estampada uma imagem poderosa dos seus pais, sérios e elegantes como deveriam ser os famosos advogados da família Payne e uma manchete fazendo referência à chegada deles na cidade. 

A REALEZA DO DIREITO CRIMINAL CHEGA A BRADFORD! 

Eles não tinham nada melhor pra noticiar, não? Por que nenhuma celebridade podia aparecer em uma cidadezinha no norte da Inglaterra em plena segunda-feira? Liam só conseguiu apoiar a cabeça nos braços em cima da mesa e pensar que se a semana passada foi um inferno, essa seria muito pior. Eros! É como se alguém testasse até onde podia piorar, até onde ele ia aguentar.

— O que vai fazer? — Perguntou preocupado, mordendo o lábio inferior e trocando o peso das pernas, sinal de que estava nervoso.

— Nada. Absolutamente nada. Vou fingir que não soube que vieram pra cá e esperar em Eros que seja por qualquer outro motivo que não tenha nada a ver comigo. — Era a maior quantidade de palavras que ouviu dele nos últimos dias e as que mais pareciam com ele. Como se estivesse presente de novo, algo bom tinha que sair de toda essa merda.

— Liam... — Usou um tom de consolo, sem querer ser a pessoa que diria pra ele que aquilo era uma ilusão. O único motivo para seus pais estarem em Bradford era por causa dele.

— Eu sei, Lou, eu sei. Só não queria ter que lidar com mais isso. — O amigo se aproximou acariciando suas costas. — Estou tão frágil, não vou conseguir lidar com eles e eu odeio, odeio esse processo de fingir que não sinto nada. Porque eu sinto tanto... — A voz dele quebrou e Louis ficou surpreso, Liam nunca chorou na sua frente. Nunca. Ele nem sabia o que fazer. — Eu queria que ele estivesse aqui, Lou. Ia tornar tudo isso tão mais leve com a maluquice dele. Ia estar comigo... — O amigo acariciou sua nuca sem saber como ajudá-lo, seu coração doía de ver Liam daquele jeito.

— Ele vai estar, Lee. Vocês são Chamas Gêmeas, vocês estão destinados a ficar juntos não importa o que aconteça.

— Mas eu queria ele agora. E não foi dele a decisão de não estar aqui...

— Não, não foi. — Louis não podia mentir.

— E essa é a pior parte. Porque eu poderia simplesmente culpá-lo e ficar com raiva dele, mas eu que fiz toda a merda e eu que tenho que desfazer. — Ele se concentrou em um ponto vazio. — Eu que fui embora. Eu que o abandonei e é tudo por causa deles. Eu não me sinto merecedor, eu tenho medo de me abrir, de estar vulnerável, tenho medo dele me deixar, por causa deles.

— Liam. — Puxou a cadeira de modo que o amigo o olhasse e se abaixou, como quando falava com suas irmãs. — Confie um pouco nos deuses, sim? Vocês estão destinados a ficar juntos e isso é incontestável. Vocês podem se afastar por um tempo, mas sempre vão voltar um pro outro. Eu conheço Zayn há pouco tempo, mas tenho certeza que ele nunca te deixaria.

— Como eu fiz com ele. — Pela primeira vez em dias, Louis não tinha usado isso como uma indireta, nem pensou nisso.

— Lee, não foi isso que eu quis dizer.

— Mas é a verdade, Lou. Eu sou o fodido da cabeça. Ele merece alguém melhor. — Ele estava começando a hiperventilar, por sorte Louis já lidou com situações parecidas antes com Phoebe.

Contraste Cromático [Ziam]Onde histórias criam vida. Descubra agora