3- Feridas abertas

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Catarina 

Eu estava na cozinha grelhando um bife enquanto alguns legumes assavam no forno com tomilho e manteiga. O cheiro dos temperos enchia a cozinha toda.

Jane estava sentada na sua cadeira para bebês e dava gargalhada enquanto eu cantava e dança e cozinhava. Soltei a voz e fiz uma careta para a desafinada que dei na voz.

- Acho que a mamãe perdeu a pratica afinal - murmurei.

Jane sacudiu o brinquedo e derrubou no chão. Olhei de cara feia para ela, era a terceira vez que ela fazia isso. Minha filha somente riu e abanou as mãos.

- Certo, você está gostando disso não é mesmo ? - semicerrei os olhos para ela.

Limpei e dei novamente o brinquedo na mão dela. Só para ouvir ela jogar mais uma vez no chão. Bufei, ela estava se divertindo as minhas custas.

Conferi o relógio para saber se estava na hora de tirar os legumes do forno. Eram 20 horas. Ainda faltavam cinco minutos. Nesse instante ouvi o soar do elevador seguido pelo som das chaves sendo depositadas na mesinha de vidro no hall. No minuto seguinte Tomas chegou na cozinha.

- Esta atrasado garotão - resmunguei.

Tomas deu um beijo nos cabelos de Jane antes de vir até mim e me beijar na boca.

- Desculpe bebê. Hoje o dia foi corrido, eu queria ter chegado antes - ele foi até o balcão e se jogou no banquinho.

- Não se preocupe, eu entendo - falei.

Voltei para o fogão e desliguei o fogo que estava a carne e o purê de batatas. Tomas inalou profundamente.

- O cheiro está maravilhoso. Estou faminto - avisou ele.

- Já está ficando pronto.

- Que bom.

Abri o forno e tirei os legumes. Ainda de costas perguntei:

- Você almoçou muito cedo ?

Silencio. Larguei a forma e me virei para ele.

- Você comeu hoje, não é ? - encarei ele.

Tomas encolheu os ombros e eu estreitei os olhos para ele.

- Preciso ligar para Jared todos os dias para ele lembrá-lo de que você precisa comer ? - perguntei com uma calma mortal.

Tomas abriu a boca para falar mas eu prossegui:

- Não me importa se você tem centenas de reuniões ou milhares de qualquer porcaria que você faça no trabalho, coma na frente das pessoas se preciso, mas coma Tomas - avisei, com a voz ainda baixa e calma.

- Tudo bem - foi só o que ele respondeu. Virei de volta aos meus legumes e passei-os para uma travessa.

Depois de servir dois pratos, um para mim e outro para ele, o dele consideravelmente cheio, sentei no balcão ao seu lado.

- Como foi o trabalho ? - Tomas quis saber.

Ele levou alguns legumes a boca e suspirou. Sorri com satisfação.

- Foi ótimo. Eu tinha me esquecido de como é bom estar lá trabalhando, e jogar conversa fora na hora do almoço - contei animadamente.

Tomas comeu em silencio enquanto eu contava sobre meu dia. Só concordando com a cabeça. Notei que ele estava realmente com fome quando ele se levantou e pegou mais um pouco de comida.

- Suponho que o trabalho tenha sido produtivo - falei.

Tomas limpou a boca e tomou um gole grande de vinho que ele trouxe quando se levantou. Jane começou a resmungar na cadeira e ele foi pega-la, e só respondeu quando voltou.

Agora eu já te conheçoOnde histórias criam vida. Descubra agora