Tomas
ME VI DIANTE do mar. Eu estava parado na orla de Seattle, parado em frente as grades de proteção. O mar começava a se agitar. Apoiei os cotovelos no ferro frio, e fiquei observando enquanto a balsa de transporte navegava tranquilamente carregando pessoas até o outro lado da enseada.
Uma brisa gostosa, como manhã de primavera, beijou meu rosto. Fechei os olhos ao inalar o cheiro de flores e arvores verdejantes. O céu parecia azul e límpido, mas algo estava errado. Tudo parecia errado.
Foi quando olhei ao meu redor. A baia estava vazia, nenhuma embarcação estava ali ancorada. Mas ao meu lado tinha um homem.
O homem virou-se para mim. E sorriu. Meu estomago deu um nó. Aquele sorriso gentil e descontraído, como eu sentira falta. Os olhos bondosos pareciam ainda mais calorosos. O cabelo grisalho farfalhava ao redor do rosto, conforme a brisa de primavera passava por nós.
- Ale, o que faz aqui ? - perguntei.
- Vim te ver, filho - respondeu, e a voz era exatamente a mesma.
Me aproximei.
- Como é possível ?
- Tudo na vida é possível Tomas. Para tudo se arruma um jeito, menos para a morte - garantiu, calmamente.
Franzi a testa.
- Mas você está morto.
Ele olhou para baixo, para o seu corpo como se de repente notasse que tinha um. Ele estava vestido exatamente igual da ultima vez que eu o vira, antes daquele dia no hospital. Calça jeans, camiseta pólo cinza e chinelo.
- Acho que sim - constatou ele. - Mas eu nunca morri em seu coração.
- Por que veio ?
- Não é obvio ? Vim por você.
Fiquei completamente confuso.
- Não entendo.
Ele apenas sorriu. E então eu estava sozinho.
- Alessandro - chamei.
O tempo mudou. Nuvens densas e negras se formaram no céu que outrora estivera azul. Uma tempestade.
E então acordei.
Sentei na cama. Eu estava no meu quarto. Catarina estava de pé, junto a cômoda passando creme hidrante nos braços. Ela franziu a testa para mim.
- Tudo bem ? - indagou ela.
Sacudi a cabeça.
- Sim, um sonho, acho - meus ouvidos zuniam.
Ela se aproximou e sentou-se na cama.
- Quer me contar o que sonhou ?
- Foi com Ale. Nunca sonhei com ele. Foi bem confuso para falar a verdade.
Olhei ao redor do quarto mais uma vez. Eu estava atordoado, não pelo sonho em si, mas por ter sido com Alessandro. Eu nunca havia sonhado com ele antes. E isso me deixou inquieto.
Lá fora a noite ainda prevalecia e o quarto era iluminado apenas pelas lâmpadas do abajur.
Catarina continuou me observando.
- Que horas são ? - perguntei.
- Hum... - ela olhou por cima do meu ombro para o relógio de cabeceira. - Meia noite.
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Agora eu já te conheço
Lãng mạn( Livro II ) Depois dos acontecimentos que abalaram suas vidas, Catarina e Tomas conseguiram se casar e ter a vida que sonharam. Eles almejavam paz e tranquilidade, trabalhar e cuidar de sua nova família. Mas Nem tudo é um mar de rosas, a vida n...