Catarina
EU SENTI COMO se tivessem jogado um balde de água fria em mim, congelando todos os meus ossos.
A postura curvada para frente, a cabeça baixa fazia com que os cabelos prateados caíssem sobre o rosto. Mas eu não precisava de mais nada que isso para saber que era sim o homem que um dia fora meu amigo, ali na minha frente.
Ele levantou a cabeça e cravou os olhos caramelos em mim. Ele parecia desolado. Até meio doente.
O lábio estava com um corte feio assim como na testa e um hematoma na maça do rosto.
- Senhor Jackson, eis aqui a senhora Harrington - disse o tenente com autoridade.
Oliver continuou com os olhos em mim. Eu ainda estava sem reação.
- Quero falar só com ela - disse Oliver. E sua voz parecia errada.
- Você não faz exigências aqui - alertou o tenente Sant.
Oliver se empertigou e encostou nas costas da cadeira de aço.
- Você quem sabe tenente. Você precisam do meu depoimento. Eu falando ou não vou apodrecer na cadeia, não vou ? Não faz diferença para mim.
Os olhos cor de avelã do tenente queimaram. Mas ele fez um aceno breve com a cabeça.
- Você tem dez minutos.
Então ficamos a sós.
- Cat - começou Oliver. Levantei a mão e ele ficou imóvel.
- Vocês se conheciam desde sempre ? - perguntei.
- Sim.
- Estavam juntos nessa o tempo todo, suponho.
- Sim.
- E vocês fingiram ser meus amigos o tempo todo - gritei.
- Nem tudo foi fingimento Cat - retrucou ele. E sua voz parecia espremida.
- Como não ? Como não ?
Eu não estava conseguindo me concentrar. Eu queria bater nele. Queria gritar e culpá-lo por tudo. Afinal de contas ele era culpado.
- Por que Oliver ? - questionei.
- Senta aqui por favor - ele apontou para a cadeira do outro lado da mesa. - Eu vou te explicar tudo.
Fiz o que ele pediu. Mas somente porque achei que não agüentaria sustentar meu corpo por muito mais tempo. Eu estava tão cansada. Minha mente parecia latejar e gritar de exaustão.
- Explique-se então - exigi. - Se é que isso existe algum explicação.
- Explicação sim. Justificativa não.
Oliver umedeceu os lábios e expirou profundamente, como se também estivesse cansado.
- Amara e eu nos conhecemos através de Carolina - começou ele. - Eu precisava de dinheiro e comecei a trabalhar para ela. Em algum tempo eu me apaixonei. E ela se aproveitou disso, claro. Ela brincava comigo como um gatinho brinca com novelo de lã. E eu deixava. Eu faria qualquer coisa por ela. E ela sabia disso também.
Senti meu estomago se revirar. Mas continuei escutando.
- Então Carolina foi presa. Eu estava em Nova York cuidando de alguns assuntos de lá quando fiquei sabendo. Ela entrou em contato com a irmã e pediu para me procurar. E Amara assim fez. Ela nunca tinha feito nada de errado, mas sabia o que a irmã fazia. E Amara a amava muito. Era a única família que ela tinha. Viemos os dois até Seattle para visitá-la. Foi quando Carolina nos contou o quê ela queria que nós fizéssemos.
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Agora eu já te conheço
Romans( Livro II ) Depois dos acontecimentos que abalaram suas vidas, Catarina e Tomas conseguiram se casar e ter a vida que sonharam. Eles almejavam paz e tranquilidade, trabalhar e cuidar de sua nova família. Mas Nem tudo é um mar de rosas, a vida n...