33- Uma difícil decisão

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Catarina 



EU SENTI COMO se tivessem jogado um balde de água fria em mim, congelando todos os meus ossos.

A postura curvada para frente, a cabeça baixa fazia com que os cabelos prateados caíssem sobre o rosto. Mas eu não precisava de mais nada que isso para saber que era sim o homem que um dia fora meu amigo, ali na minha frente.

Ele levantou a cabeça e cravou os olhos caramelos em mim. Ele parecia desolado. Até meio doente.

O lábio estava com um corte feio assim como na testa e um hematoma na maça do rosto.

- Senhor Jackson, eis aqui a senhora Harrington - disse o tenente com autoridade.

Oliver continuou com os olhos em mim. Eu ainda estava sem reação.

- Quero falar só com ela - disse Oliver. E sua voz parecia errada.

- Você não faz exigências aqui - alertou o tenente Sant.

Oliver se empertigou e encostou nas costas da cadeira de aço.

- Você quem sabe tenente. Você precisam do meu depoimento. Eu falando ou não vou apodrecer na cadeia, não vou ? Não faz diferença para mim.

Os olhos cor de avelã do tenente queimaram. Mas ele fez um aceno breve com a cabeça.

- Você tem dez minutos.

Então ficamos a sós.

- Cat - começou Oliver. Levantei a mão e ele ficou imóvel.

- Vocês se conheciam desde sempre ? - perguntei.

- Sim.

- Estavam juntos nessa o tempo todo, suponho.

- Sim.

- E vocês fingiram ser meus amigos o tempo todo - gritei.

- Nem tudo foi fingimento Cat - retrucou ele. E sua voz parecia espremida.

- Como não ? Como não ?

Eu não estava conseguindo me concentrar. Eu queria bater nele. Queria gritar e culpá-lo por tudo. Afinal de contas ele era culpado.

- Por que Oliver ? - questionei.

- Senta aqui por favor - ele apontou para a cadeira do outro lado da mesa. - Eu vou te explicar tudo.

Fiz o que ele pediu. Mas somente porque achei que não agüentaria sustentar meu corpo por muito mais tempo. Eu estava tão cansada. Minha mente parecia latejar e gritar de exaustão.

- Explique-se então - exigi. - Se é que isso existe algum explicação.

- Explicação sim. Justificativa não.

Oliver umedeceu os lábios e expirou profundamente, como se também estivesse cansado.

- Amara e eu nos conhecemos através de Carolina - começou ele. - Eu precisava de dinheiro e comecei a trabalhar para ela. Em algum tempo eu me apaixonei. E ela se aproveitou disso, claro. Ela brincava comigo como um gatinho brinca com novelo de lã. E eu deixava. Eu faria qualquer coisa por ela. E ela sabia disso também.

Senti meu estomago se revirar. Mas continuei escutando.

- Então Carolina foi presa. Eu estava em Nova York cuidando de alguns assuntos de lá quando fiquei sabendo. Ela entrou em contato com a irmã e pediu para me procurar. E Amara assim fez. Ela nunca tinha feito nada de errado, mas sabia o que a irmã fazia. E Amara a amava muito. Era a única família que ela tinha. Viemos os dois até Seattle para visitá-la. Foi quando Carolina nos contou o quê ela queria que nós fizéssemos.

Agora eu já te conheçoOnde histórias criam vida. Descubra agora