18- A dor de uma lembrança

146 24 72
                                    

Tomas

Esse capitulo contem descrição explicitas de violência contra a mulher e criança. Se você for sensível fique a vontade para pular o trecho, que está em itálico.



O DIA NEM mesmo tinha clareado e eu já estava acordado. Não conseguia dormir.

Olhei para o lado e Catarina dormia como um belo anjo. Ela estava de barriga para baixo, uma mão enfiada embaixo do travesseiro. Os cabelos volumosos cobria todo o travesseiro, e um pouco das costas nua.

A coberta estava caindo do corpo, me dando uma visão privilegiada do bumbum despido, e das pernas grossas. Sorri com a imagem, a luz baixa do abajur deixava a pele da minha esposa dourada, ela sempre dormia com a luz do lado dela ligada, desde que voltou para casa.

Puxei as cobertas e a cobri. Ela resmungou em seu sono, mas não acordou.

Catarina era a mulher mais bela e doce que eu tivera o prazer de conhecer. Meu amor por ela era tanto que parecia que ia transbordar.

- Eu te amo minha menina - sussurrei, mesmo sabendo que ela não poderia ouvir.

Eu tinha tanto medo, medo de perde-la outra vez. A idéia de que ela fosse levada de mim me aterrorizava todos os dias. Como um alfinete sendo fincado no meu coração, dia após dia, o medo me dominava.

Mas eu estava tentando seguir em frente. Estava tentando não pensar nisso. Eu falava para mim mesmo que todas as medidas de segurança que eu tinha tomado eram suficientes.

- Eu vou cuidar de vocês, custe o que custar - prometi.

Levantei de vagar. Fui até o berço e sorri ao ver Jane dormindo, igual a mãe. Todos diziam que ela se parecia comigo, mas para mim ela era como Catarina, doce e delicada. Como uma rosa.

Em silencio fui até o banheiro, escovei os dentes e não me importei de pentear os cabelos.

Vesti uma calça e uma blusa de moletom, e tênis.

Dei uma ultima olhada em Jane. Me ajoelhei na cama e beijei a cabeça de Catarina. Ela não se mexeu.

- Eu te amo, mas hoje eu preciso fazer algo. Preciso ficar sozinho - falei baixinho, mesmo sabendo que ela não iria escutar.

Desci os degraus até a sala. Parei próximo as janelas e fiz uma ligação.

- Jones, ela está pronta ?

- Sim senhor, a hora que o senhor quiser só passar aqui para pega-la - avisou ele.

Ótimo.

- Obrigado.

Desliguei. Enviei uma mensagem no numero de Catarina, avisando que eu passaria o dia fora e que estava bem.

Um raio de sol atingiu meu rosto. O céu passara de negro para cinzento, com nuvens gordas e escuras. O sol tingia o céu com tons de amarelo e laranja. Um lindo espetáculo.

Mas nem isso pode me animar nesse dia. Não nesse dia.



LÁGRIMAS ESCORRIAM DOS meus olhos, enquanto eu observava a pedra de mármore solida e fria sobre uma sepultura.

Na pedra lisa e escura tinha esculpido os dizeres: "Aqui jaz Alessandro Harrington, um homem bom."

Minha garganta se apertou. Parecia que eu tentava engolir uma espinha de peixe especialmente grande, e ela descia dilacerando tudo.

- Oito anos que você se foi, e eu ainda não aceito sua partida Alessandro - falei, com a voz embargada.

Agora eu já te conheçoOnde histórias criam vida. Descubra agora