10 - Almoço entre amigos

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Catarina 


     NO DIA SEGUINTE eu ainda estava abalada. Mas o conforto de Tomas ao meu lado foi importante para mim. Eu sabia que nunca mais estaria sozinha. Nunca mais precisaria sentir medo sozinha.

Mas decidi que eu precisava ser forte. O julgamento de Carolina estava chegando e eu teria que encará-la mais uma vez. Teria que estar de frente de alguém que me trancafiou. Me humilhou. Me fez tanto mal.

Não era momento de pensar sobre isso. 

Mesmo que uma parte de mim, aquela pequena parte ainda estivesse quebrada. Ainda lembrasse de cada maldito dia que passei dentro daquele buraco escuro e imundo... Ainda sim eu tinha que erguer a cabeça e seguir em frente. Eu era forte. Precisava ser. 

Mesmo que eu não quisesse pensar sobre isso. Mesmo que eu tivesse que prosseguir, ficou ainda mais difícil quando o advogado nos ligou ainda mais cedo. 

- Sim Tallis - disse Tomas, ao telefone. 

Ele colocou no viva voz. 

- Senhor Harrington, só estou ligando para confirmar o julgamento da senhorita Carolina Perez na sexta feira. Se possível evitem sair da cidade, porque se tiverem algum imprevisto e não puderem voltar não sabemos para quando será marcada a próxima data - avisou ele. 

- Estamos cientes, mas obrigado mesmo assim. Alguma recomendação ?

- Creio que não. Só mantenham a calma, e não se deixe levar por possíveis provocações... Não se desestabilizem. 

Tomas me olhou com cautela. Era obvio que seria difícil para nós nos manter calmos na frente de Carolina. Mas tínhamos que tentar. 

- Certo, muito obrigado Tallis. Nos vemos em breve. 

Tomas desligou e se aproximou de mim. Colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha e acariciou meu rosto. Ele estava tão próximo que eu podia sentir seu cheiro delicioso. Como brisa fresca em dia de verão. 

- Fique tranquila, nós vamos ficar bem - prometeu. 

Mas eu sabia que ele estava tão ansioso quanto eu. Eu o conheço o suficiente para saber só com o tom de voz. Mas resolvi não dizer nada. Ele estava me dando apoio, tentando me deixar calma. 

- Eu sei meu bem - fiquei na ponta dos pés e lhe dei um beijo casto. - Que tal irmos, não queremos nos atrasar.  

Nos despedimos de Jane e Sara antes de sairmos. Olhei para minha filha, linda como sempre, com um sorriso e inocente. As covinhas se formando em ambas as bochechas, e soube de onde eu tiraria força para enfrentar o restante da semana e a sexta feira. 


TOMAS ME LEVOU até o trabalho e fez questão de subir comigo e me deixar na porta da minha sala. 

Quando passamos Harumi abanou a mão na frente do rosto, o que me tirou um sorriso.

- Se precisar pode me ligar bebê - observou Tomas. 

- Eu sei - respondi. 

Depois de mais um beijo rápido e com um sorriso ele se foi. 

Sentei na minha mesa e comecei o trabalho. 

Algum tempo depois eu estava na sala de Dalton. 

- Eu vou terminar os ajustes na campanha - garanti ao meu chefe, que estava sentado em sua mesa. Os braços cruzados na frente do corpo. - Vou recuperar o tempo que perdi ontem.

Agora eu já te conheçoOnde histórias criam vida. Descubra agora