11 - O julgamento

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     Catarina 


ANTES QUE EU gostaria, sexta feira chegou. Eu mal dormi a noite e Tomas muito menos. Primeiro pelo nervosismo que dali há algumas horas estaríamos mais uma vez frente a frente com Carolina. Segundo porque pela terceira noite consecutiva Jane não dormira bem. Acordando de hora em hora.

No café da manhã eu só remexi nos ovos e na torrada em meu prato. Não sentia fome alguma. Eu tentava fazer um exercício de respiração para me acalmar sempre que meu coração se acelerava ao lembrar do rosto de Carolina.

- Coma Cat, você já não dormiu bem - pediu Tomas, que estava sentado ao meu lado e já tinha comido os dois pães com geleia e as frutas.

Levei um pouco de ovos na boca. Parecia argila, formando uma massa densa e sem gosto na minha língua. . Mas mesmo assim forcei e consegui comer metade. Só o que desceu bem foi o suco de laranja.

Alguns minutos depois Tomas e eu estávamos prontos. Ajeitei a gravata de Tomas enquanto ele fechava o paletó. Meu marido estava deslumbrante como sempre num terno todo preto com camisa branca e uma gravata azul mar que combinava perfeitamente com seus olhos intensos.

- Você está lindo - dei um beijo na boca dele.

- Você não está nada mal - brincou ele. - Só a mulher mais linda de Seattle.

Sorri. O primeiro sorriso genuíno desta manhã. Eu me sentia bonita. Me vesti com uma saia cinza justa até um pouco abaixo do joelho e uma blusa de botões de manga comprida na cor creme, por dentro da saia. No pé um scarpin preto. Bem simples, mas elegante. De acessório coloquei o colar com um mini coração de diamante que Tomas me dera há muitos meses atrás e um pulseira de pingentes minúsculos. Deixei meu cabelo, que agora estava passando da minha cintura, solto.

- Vamos ? - disse Tomas.

Respirei fundo.

- Vamos.

Já na garagem encontramos Clarissa no carro junto com James, que havia buscado ela em seu apartamento.

- Como se sente ? - perguntou quando me sentei ao seu lado no banco de trás.

- Nervosa. Não queria precisar olhar para cara dela mais uma vez - confessei.

- Eu também não - admitiu Clarissa. - Mas precisamos pela ultima vez. Tente respirar e vista uma mascara indiferente, se puder. Não deixe ela saber que te afeta tanto. Isso só vai dar satisfação para ela, não a deixe pensar que venceu - aconselhou. - Até porque ela não venceu, você está aqui. E apesar das feridas que ficaram, você está bem.

Ela tinha toda razão. Apesar dos medos que sobraram o mais importante Carolina não tirou de mim. A vontade de viver. De sorrir e a capacidade de ser feliz. Além das pessoas que eu amo.

- Tudo bem - falei.

Tomas e Clarissa, cada um segurou uma de minhas mãos, até chegar no tribunal.

Meu coração galopava e minha respiração ficava mais pesada a cada segundo. Respirar, respirar, respirar. Eu ficava repetindo para mim mesma.

Paramos em frente a um enorme construção antiga. O prédio era grande e majestoso, com uma enorme escadaria de pedra que dava diretamente para a entrada. Na frente quatro grandes pilastras ladeavam grandes portas de madeira escura. Me fazendo lembrar dos templos da Grécia antiga. Subimos as escadas e a cada degrau minha inquietação aumentava, e pela forma como Tomas segurava minha mão eu sabia que a dele também.

Clarissa estava do meu outro lado e subia tranquilamente, vestida com uma calça de sarja preta justa, deixando mais evidente suas pernas longas. Uma blusa social branca e grandes saltos vermelho vivo. Os cabelos loiros estavam soltos e balançavam conforme o vento batia neles. Ela virou para mim e abriu um sorriso tranqüilizador. Quase pude ouvir seus pensamentos, que com certeza diziam "calma, eu estou aqui".

Agora eu já te conheçoOnde histórias criam vida. Descubra agora