5- Pessoa Desagradável

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Tomas 


JÁ ERA MAIS de 2 horas e eu ainda não tinha conseguido almoçar. Mas eu tinha que arrumar nem que fosse quinze minutos. Catarina me esfolaria vivo se eu não tirasse um tempo para comer. Meus lábios se curvou para cima com o pensamento. Eu não duvidei em nenhum momento que ela faria.

Finalizei uma planilha que eu estava fazendo e respirei fundo. Recostei na cadeira e peguei o telefone do gancho.

- Jared, consegue algo para eu comer ? - perguntei quando meu assistente atendeu.

- Com certeza, eu já ia lhe perguntar isso. A senhora Harrington me mandou um e-mail há alguns minutos com recomendações explicitas que eu arrumasse um tempo na sua agenda para o almoço ou ela viria pessoalmente fazê-lo almoçar - avisou ele, e senti a diversão na voz dele.

Não consegui evitar de sorrir.

- Claro que ela mandou. Melhor não a irritarmos então - brinquei.

Ouvi Jared dar uma risada baixa. E ele disse que em alguns minutos me levaria meu almoço.

Passei as mãos no rosto e me estiquei na cadeira. Senti as pernas doloridas de ficar sentado então me levantei. Fiz uma nota mental para pedir que Jared marcasse um treino com Dean, meu treinador de luta. Fui até a enorme janela de vidro e observei a cidade, o mar de carros e pessoas se movendo.

Minha mente se distanciou de mim. Durante toda manhã trabalhei sem parar e não me permiti pensar em mais nada. Mas agora com a pausa, o rosto da minha mulher surgiu na minha mente. Aquela preocupação enquanto ela me contava do pesadelo. Eu queria protegê-la disso. Queria poder tirar dela qualquer medo e preocupação. Mas eu não podia. Eu sabia que tudo era uma questão de compreensão e tempo.

E sem que eu quisesse minhas lembranças voltaram para aquele dia. Aquele terrível dia.

Eu estava andando para lá e para cá na sala de estar do meu apartamento. Estava aflito, eu não sabia mais o que fazer, estava decido a contratar alguém para ir atrás de Catarina. Nem que eu gastasse toda minha fortuna para isso. Eu ia procurar até cansar.

- Se acalme Tomas - pediu Sara, que estava encostada no sofá, me observando.

- Não consigo Sara, não consigo - falei. - Eu tenho que encontrá-la. Tenho que encontrar minha filha.

Ela veio até o meu lado e colocou a mão no meu ombro.

- Eu sei, mas se você não manter a calma você não vai conseguir conversar com os detetives. Eles vão chegar em breve - avisou ela.

Olhei mais uma vez no relógio no meu pulso. Ainda era cedo, o tempo parecia não passar. A chuva que estava lá fora parecia prestes a lavar o mundo da existência. Talvez ela refletia meu desespero.

- Eu não consigo aceitar. Ela não pode ter apenas me deixado - falei. Eu sentia meu corpo todo rígido de tensão.

- Com certeza tem algo de errado nisso, ela não te deixaria assim sem mais nem menos. Também não acredito que ela faria isso - concordou Sara.

Voltei a andar em círculos. Os detetives que eu havia chamado para um conversa, para saber se eles eram bons e achariam minha filha e minha noiva, estavam prestes a chegar. Então respirei fundo enquanto andava na sala. Um. Dois. Três. O interfone tocou. Sara correu para atende-lo.

- Sim, policia... - disse ela franzindo a testa. - Mande subir por favor.

O que a policia iria querer ali ? Esperei ansiosamente que eles chegassem. Torcendo para que tivesse trazendo alguma noticia. O elevador chegou no andar e eu me apressei até o hall.

Agora eu já te conheçoOnde histórias criam vida. Descubra agora