EU SOQUEI ATÉ os meus dedos estarem vermelhos e inchados.
Quando mais novo, depois de uma briga no colégio, com um menino que cometeu o erro de falar sobre o meu pai, Alessandro decidiu que eu precisava saber controlar minhas emoções.
Foi então que ele me levou para praticar artes marciais. Isso me ajudou, me deixou concentrado, controlado e me fazia gastar energias. E sempre que eu me sentia mal, que eu ficava com raiva de alguma coisa eu dava tudo de mim nas aulas de luta.
A luta ajudou para que eu não me afogasse nas minhas próprias emoções.
Mas agora eu não tinha com quem eu praticar. Então eu apenas concentrei minhas energias e minha raiva naquele saco de boxe.
Cada soco a raiva saia de mim. Eu estava com raiva de mim principalmente. Por ser estúpido. Burro.
Estava com raiva no filho da puta que roubou o que era meu. Mais um soco.
Também senti raiva do tal do Oliver. Mais um soco. Pela primeira vez na vida me senti inseguro em relação a outro homem, e essa sensação era devastadora. Catarina disse que ele foi um bom amigo, que deu atenção a ela. Ele via minha esposa assim como eu a via. Em toda a sua luz.
Ele a desejava assim como eu. Desejava sua boca. Seu corpo. Assim como eu. E isso me enfureceu ainda mais.
Mesmo que Catarina não percebe, ela atraia olhares de muitos homens, e também mulheres. Mas eu nunca me importei, eu me orgulhava de ter uma mulher linda e inteligente ao meu lado. Mas dessa vez... Ele chegou muito perto, perto demais dela.
- Caramba, o saco de boxe deve ter sido realmente desagradável com você - disse uma voz atrás de mim.
Isso me fez parar e me virar.
- Desculpe tirar sua concentração, sou Pierre - ele estendeu a mão para mim.
O homem era quase da minha altura, porém mais musculoso. Estava vestindo roupas de ginástica e tinha um cabelo curto no estilo militar. Além de um leve sotaque francês. Trazia nas mãos uma garrafa e um par de luvas de boxe.
- Tomas - falei, quando apertamos as mão.
Ele apontou com o queixo para o saco.
- O saco não é um oponente muito difícil - zombou.
- Eu só precisava gastar energia - retruquei, de mal humor.
Me virei de volta para o saco de boxe. Mas dessa vez soquei mais de vagar.
- Bem, posso dar uma força no treino se quiser - se ofereceu.
Deixei os braços caírem ao lado do corpo.
- Por que você faria isso ?
- Porque também preciso de alguém para treinar. E porque eu sou professor de luta - disse ele, indiferente.
- Qual tipo de luta ?
- Todas. Você prefere qual ?
- Eu treinava mais boxe, krav maga, judô...
- Treinava ? - indagou ele, e cruzou os braços a frente do corpo, o que fez saltar os músculos do bíceps.
Quase revirei os olhos. Esses homens gostam de se aparecer.
- Ando sem tempo há algumas semanas.
- Bem, então essa é sua chance se quiser - ele depositou as coisas em cima do tatame e começou a se alongar.
- Certo.
Não consegui deixar de pensar que Dean, meu personal, não gostaria nada de saber que faz semanas que não treino com ele, e agora simplesmente vou treinar com um estranho bombado.
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Agora eu já te conheço
Romance( Livro II ) Depois dos acontecimentos que abalaram suas vidas, Catarina e Tomas conseguiram se casar e ter a vida que sonharam. Eles almejavam paz e tranquilidade, trabalhar e cuidar de sua nova família. Mas Nem tudo é um mar de rosas, a vida n...