25- Olá, aceita mais um problema ?

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EU SOQUEI ATÉ os meus dedos estarem vermelhos e inchados.

Quando mais novo, depois de uma briga no colégio, com um menino que cometeu o erro de falar sobre o meu pai, Alessandro decidiu que eu precisava saber controlar minhas emoções.

Foi então que ele me levou para praticar artes marciais. Isso me ajudou, me deixou concentrado, controlado e me fazia gastar energias. E sempre que eu me sentia mal, que eu ficava com raiva de alguma coisa eu dava tudo de mim nas aulas de luta.

A luta ajudou para que eu não me afogasse nas minhas próprias emoções.

Mas agora eu não tinha com quem eu praticar. Então eu apenas concentrei minhas energias e minha raiva naquele saco de boxe.

Cada soco a raiva saia de mim. Eu estava com raiva de mim principalmente. Por ser estúpido. Burro.

Estava com raiva no filho da puta que roubou o que era meu. Mais um soco.

Também senti raiva do tal do Oliver. Mais um soco. Pela primeira vez na vida me senti inseguro em relação a outro homem, e essa sensação era devastadora. Catarina disse que ele foi um bom amigo, que deu atenção a ela. Ele via minha esposa assim como eu a via. Em toda a sua luz.

Ele a desejava assim como eu. Desejava sua boca. Seu corpo. Assim como eu. E isso me enfureceu ainda mais.

Mesmo que Catarina não percebe, ela atraia olhares de muitos homens, e também mulheres. Mas eu nunca me importei, eu me orgulhava de ter uma mulher linda e inteligente ao meu lado. Mas dessa vez... Ele chegou muito perto, perto demais dela.

- Caramba, o saco de boxe deve ter sido realmente desagradável com você - disse uma voz atrás de mim.

Isso me fez parar e me virar.

- Desculpe tirar sua concentração, sou Pierre - ele estendeu a mão para mim.

O homem era quase da minha altura, porém mais musculoso. Estava vestindo roupas de ginástica e tinha um cabelo curto no estilo militar. Além de um leve sotaque francês. Trazia nas mãos uma garrafa e um par de luvas de boxe.

- Tomas - falei, quando apertamos as mão.

Ele apontou com o queixo para o saco.

- O saco não é um oponente muito difícil - zombou.

- Eu só precisava gastar energia - retruquei, de mal humor.

Me virei de volta para o saco de boxe. Mas dessa vez soquei mais de vagar.

- Bem, posso dar uma força no treino se quiser - se ofereceu.

Deixei os braços caírem ao lado do corpo.

- Por que você faria isso ?

- Porque também preciso de alguém para treinar. E porque eu sou professor de luta - disse ele, indiferente.

- Qual tipo de luta ?

- Todas. Você prefere qual ?

- Eu treinava mais boxe, krav maga, judô...

- Treinava ? - indagou ele, e cruzou os braços a frente do corpo, o que fez saltar os músculos do bíceps.

Quase revirei os olhos. Esses homens gostam de se aparecer.

- Ando sem tempo há algumas semanas.

- Bem, então essa é sua chance se quiser - ele depositou as coisas em cima do tatame e começou a se alongar.

- Certo.

Não consegui deixar de pensar que Dean, meu personal, não gostaria nada de saber que faz semanas que não treino com ele, e agora simplesmente vou treinar com um estranho bombado.

Agora eu já te conheçoOnde histórias criam vida. Descubra agora