12 - Pessoa inconveniente

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Tomas 

RESPIREI FUNDO QUANDO saímos do tribunal. Mas as ultimas palavras de Carolina não saiam da minha cabeça. Tentei não entrar em pânico. Soaram como uma promessa maligna. Tentei pensar que ela não poderia fazer mal a nós de dentro da prisão. Mas eu não acreditava realmente nisso.

Fiz uma nota mental para reforçar toda a nossa segurança. Principalmente do apartamento que Jane e Sara ficam sozinhas enquanto Catarina e eu trabalhamos.

Ficar fora de casa por tanto tempo agora me parecia uma ideia ruim. Mas o que eu poderia fazer ?

Perguntei-me se viveríamos nessa tensão para sempre. Eu esperava que não.

Chegamos em casa depois da audiência. Preferimos ficar em casa pelo restante do dia. Minha mãe, Raul, e meus sogros decidiram almoçar conosco.

- Ela não parecia meio... Fora de si ? - minha mãe comentou.

Estávamos todos sentados na sala. Afrouxei o nó da gravata e tirei.

- Parecia - respondi.

E era a mais pura verdade. Eu não esperava que ela fosse confessar depois de tanto tempo adiando o julgamento.

- Aquele advogado sujo e repugnante tentando nos manipular com nossas resposta - Catarina resmungou, irritada.

- Era essa a intenção dele, nos desestabilizar - falei.

Meus sogros estavam quietos demais.

- Não gostei da forma que ela falou, de como ela sempre vence - disse Laura, por fim.

Catarina concordou com a cabeça.

- Também não.

- Não vou dizer que não se preocupem por que e estaria mentindo pra todos nós. Mas eu farei o possível para que ela não se aproxime - prometi.

Minha mulher pegou minha mão e deu um beijo leve. Olhei para os pequenos dedos delicados de Catarina. Eu fiquei com tanto ódio que eu senti como se eu tivesse saído do meu próprio corpo e só restara Carolina falando aquelas coisas horríveis.

- Você acha que devemos nos afastar ? Mudar para longe onde ela não nos encontra ? - Indagou Cataria. E vi a angustia naqueles lindos olhos verdes.

Fiz que não com a cabeça.

- Não devemos fugir. Se for preciso um dia sumirmos por um tempo certamente faríamos, mas por ora não vejo o porquê - respondi.

Percebi a tensão na sala.

- Vocês devem fazer o que for melhor para segurança de vocês. Mas acho que vocês estão seguros - afirmou minha mãe.

Nesse instante Sara desceu as escadas com uma Jane animada nos braços. Os cabelos penteados indicava que acabara de sair do banho. Ela abanava os braços com entusiasmo.

Olhar para minha filha me relaxou. Ver a pura inocência naquele lindo rosto. E eu soube que eu faria qualquer coisa para proteger as mulheres que eu amava. Nem que eu gastasse toda a minha fortuna com seguranças, nem que eu precisasse levá-las para onde ninguém mais saberia onde nos encontrar.

- Que coisinha mais linda da vovó - disse Laura sorridente.

Ela saltou do sofá e foi ao encontro de Sara. Pegou Jane nos braços e sentou novamente ao lado do marido que começou brincar com a neta.

Apesar do clima pesado depois do julgamento almoçamos juntos e tentamos esquecer os momentos de tensão. Jane ajudou nisso.

Laura e Christian passaram o final de semana conosco. O que deixou Catarina muito feliz, pois ela não via os pais com tanta frequência como gostaria.

Agora eu já te conheçoOnde histórias criam vida. Descubra agora