Terça de Tarde

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Pode parecer estranho eu tá cheirando um lencinho de tecido. Só por que tem o cheiro das minhas duas pretas?

Acho que não.

── Tamo no avião, fiote. Tem nem como ela te atender. ── falo pro xamã que tá olhando o celular, na conversa da mulher dele.

── Eu sei, porra. Mas tá foda ficar sem ela. ── resmunga.

Tomo um pouco da água e tiro foto. Mariana me mata se não ver eu bebendo água.

── Senhores passageiros. Coloquem o cinto pois estamos perto de nosso destino. ── a muié fala.

Tamo em avião memo. Que mané ir de jatinho. Fogo no cu desse chinês.

── Mó cede da porra. ── olho pra Azzy.

Trouxemos Azzy porque ela é pika. Nossa amiga desde a escola e tá envolvida com nois no crime. Dona de três bocas.

── Engole. ── estendo a garrafa e ela pega.

Xamã coloca o cinto em nois dois. Mó coisa de noia, mas ele gosta de ver tudo organizado. Toc que fala.

Avião pousou e meu coração foi junto. Já falei que prefiro ir de ônibus?

Saimo do avião como, chavoso, parecendo os donos da porra toda.

── Eu tenho uma casa aqui, vamo ficar nela e depois vamo lá na quebrada.

── Porra, xamã. Deixa pra amanhã,vamo descansar hoje. ── a mina reclama.

── Pode ser chinês. ── levanto as sobrancelhas e ele rir.

── Vou pensar. 

Temo até motorista particular. Esse chinês é um fudido mesmo.

Casa boa da porra em meno, na frente da praia de Ipanema. Tô enjoado!

Vi o doido já no telefone. Vou ligar pra mandada, saudade da porra.

────

Encaro o teto com tédio, queria que a preta tivesse aqui.

── Ele ta viajando. ── Xamã diz chegando na sala.

── E agora? ── Azzy pergunta.

── Ele falou pra conversamos com o sub dele, Delacruz.

── Que nome em. ── A doida resmunga e tive que rir.

── Vamo hoje? ── pergunto.

── Tá tendo baile lá. ── o chinês explica.

── Então bora. ── me levanto

── Nem vou em arrumar. ── Azzy resmunga.

Xamã deu uma enrolada, mas saímos. O chinês foi dirigindo e eu fui de moto na frente.

Passamo pela fronteira lá, e entramos no morro. Viemo buscar droga e tentar fazer parceria.

CV e PCC junto, quero nem ver.

Só tamo tentando essa parceria porque o pai do xamã tinha vínculo com o antigo dono, aí o cara passou pro filho e vamo tentar né.

── Boa parceiro, satisfação delacruz. Suave? ── xamã aperta a mão do cara.

── Xamã, satisfação. Ret e Azzy. ── fiz um aceno com a cabeça e o tal do Delacruz encara a Azzy de cima abaixo.

Olha pra mulher do meu lado que tá mastigando o chiclete enquanto encara tudo. Bato na sua cabeça e ela soca meu braço.

── Qual foi, ret? ── Me encara e olha pro Delacruz ── Satisfação parceiro.

Ele faz questão de apertar a mão dela. Olho pra xamã que analisa a cena e em seguida me olha.

── Bom, O djonga não tá aqui. Mas eu tô. ── se senta no sofá ── Pode sentar aí.

Praticamente corrir com o xamã pro sofá que cabe só nós dois. Agora só tem espaço do lado do Delacruz.

── Cambada de filho da puta. ── ela resmunga e senta do lado do Mano.

── Nois quer fazer parceria, mano. Só isso. ── xamã começa e bato o pé freneticamente no chão.

Queria meu tetê...

── Essa parceria é de anos. Quero renovar ela. ── fala todo certinho. Orgulho dessa porra.

── Djonga me contou dessa parceria mesmo. O veio dele morreu a meses atrás, disse que era pra eu concordar. ── sorrateiramente ele passou os braços sobre os ombros da Azzy.

Passamo mó tempo conversando, resolvendo os b.o.

Quando saimos até pensamos em ir pro baile, mas eu e o xamã tamo mó cansadão e levamos a Azzy né. Ela também não queria ficar.

── Sabe como é as coisas aqui no Rio, né? Se eu dar ibope ele vai querer me prender naquele buraco.

Dou risada junto com o xamã.

── Ia ter sangue se ele fizesse isso com você. ── Xamã beija a testa dela ── Bora Filipe, vamo fazer a jantar.

Diz e vai pra cozinha. Meu celular vibra e vejo a foto da preta no baile. Tirada do carioca é claro.

Saudade do meu leite, saudade da minha preta, da minha pretinha. De tudo.

já shippo, e vocês?

25.11