Parte 2

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  Acordei ao som de gritos e risadas. Algumas pessoas saíram correndo do quarto, outras ficaram me olhando esperançosamente.
  — Já sei o que fizeram, não precisa ficar me olhando. — Os que estavam observando saíram tristes.
  Na verdade, não sabia o que estava acontecendo. Levantei-me com um pouco de dificuldade por conta da bebedeira da noite anterior. Ao me olhar no espelho, vejo desenhos no meu rosto. Claro que iriam se vingar, penso enquanto tento apagar o desenho.
  Depois de dez minutos, me sento com Karin na mesa para o café. Duas torradas e uma xícara de café depois, estávamos no carro de Kim voltando para casa. No caminho, conversamos sobre várias coisas, mas o assunto do dia foi eu.
  — Não entendo o porque você correu. — Diz Kim do volante.
  — Já disse, entrei em pânico.
  — Isso não vai colar Emma. — Diz Karin no banco da frente se virando para me encarar.
  — Você já viu como ele é incrível de perto? Eu fiquei nervosa. — Digo antes de colocar meus fones. Não consegui parar de pensar naqueles olhos o dia inteiro.

×××

  — E pensar que agora não vou vê-lo mais. — Digo sentando em uma cadeira de frente para Karin.
  Chegamos há quase quatorze horas e desde então, não paro de repetir esta frase na minha cabeça.
  — Devia ter beijado ele ontem. Afinal, qual o nome dele?
  — Austin.
  — Emma, talvez um dia se encontrem novamente, não fique pensando que jamais irá vê-lo. Pense em como seria se o visse novamente. Na sensação de alívio, pense em como sentiria o coração bater tão forte que o mundo todo ouviria.
  — Tem razão Karin. — Digo lhe dando um beijo na testa. Deito-me com o pensamento ainda no Dj da festa, mas Austin e o guarda-roupas tomaram conta dos meus sonhos novamente.

×××

  No dia seguinte, fui almoçar com Karin e John no refeitório do colégio. Sentamos em uma mesa próxima a porta de entrada do refeitório.
  Aos poucos os lugares vazios das mesas foram se enchendo de estudantes. Fiquei de olho na porta para ver se Kim chegaria.
  Decidi ler um livro enquanto esperava. Karin me da um cutucão e quase derrubo meu livro, olhei para onde estava apontando. As portas do refeitório se abrem e um par de olhos pretos entra pela porta.
  Meu coração começa a bater mais rápido que o normal, tenho a sensação de que deveria sair correndo, mas não consigo parar de olhá-lo.
  — O que ele faz aqui?
  — Ele estuda aqui Emma. — Diz Karin voltando-se para John. Como ele estuda aqui se nunca o vi antes?.
  Austin se senta junto com alguns garotos do time de futebol, cerca de três mesas atrás de mim. Volto a ler meu livro, mas não consigo entender nada do que Lauren Kate quer dizer. Sinto seus olhos queimando minhas costas.
  — Karin, vou ao banheiro tá?
  — Tudo bem, só não vá se perde por ai.
  — Engraçadinha. — Digo antes de me levantar e andar o mais rápido que posso. Quando empurro a porta do refeitório que dá direto no corredor, sinto um toque no meu ombro, olho para trás e encaro aqueles penetrantes olhos negros.
  — O que faz aqui? — Pergunto curiosa.
  — Eu fui transferido pra cá.
  — Por...?
  — Por causa do time de futebol... Uma longa história.
  — Que pena, não tenho o dia todo pra ouvir. — Digo adentrando no corredor com passos rápidos em direção ao banheiro. Porque fui grossa com ele? Como sou idiota. Disse para mim mesma.
  — Emma, por favor. — Ele puxa meu braço me virando para conseguir me encarar.
  — Por que está me evitando? Tem algo de errado comigo? — Me pergunta indignado.
  — Não. — confesso suspirando. — Na verdade você é perfeito demais, sua voz me envolve, seu olhar me penetra, eu fico nervosa quando estou perto de você. — Ele me abraça quando termino de falar e sussurra em meu ouvido.
  — E se eu disser que sinto o mesmo? E se eu disser que você é a mulher mais linda que já vi e que estou completamente apaixonado? — Ele me encara, com os olhos cheios de lágrimas, o empurro e corro em direção ao banheiro.
  Ao entrar percebo que esta vazio, encaro meu reflexo no espelho.
  — O que diabos acabou de acontecer? Ele mal me conhece, como pode estar "completamente apaixonado"? — Digo para meu próprio reflexo fazendo aspas no ar.
  Escuto um choro baixo vindo de um dos reservados, bato na porta e pergunto.
  — Quem está ai?
  — Vai embora! — Grita a garota.
  — Eu só quero te ajudar, abra a porta. — Digo o mais calma que consigo.
  — Me deixa em paz Emma!
  — Espera aí, você me conhece?

Entre Anjos e Lobos - OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora