Parte 15

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Estacionei o carro em uma rua próxima. O parque se localizava em um grande lote que ficava na esquina próximo a uma universidade e uma lanchonete 24hrs. Fico na entrada do parque, várias famílias com suas pequenas crianças passam pela catraca após pegar seu ingresso. Cerca de quinze minutos depois Kim se aproxima com Holly, que esta toda produzia com o cabelo escuro cacheado, uma maquiagem escura nos olhos e roupas apertadas. Kim me deu um abraço e Holly me deu um "beijinho" na bochecha. Garota idiota. Após pagarmos pelos ingressos, passamos pela catraca e entramos no pequeno parque. Carrinho de bate bate, carrossel, barraquinhas de doces e de tiros, casa do horror, uma pequena montanha russa, roda gigante, samba, barca, Kamikaze e outros brinquedos infantis. Uma música muito alta saía das caixas de som.
- Onde vamos primeiro? - Perguntei
- Na barca, na barca! - Gritou Kim correndo até lá e me puxando junto. Holly apenas andou tranquilamente com aquela sua cara de sonsa.
- Três na ponta por favor. - Disse Kim
- Sinto falar mas é em dupla- Disse o baixinho que cuidava do brinquedo.
- Vou com a Kim. - Holly disse segurando o braço da prima.
- Tudo bem, eu fico pra segurar as coisas. - Disse pegando as bolsas e fiquei as olhando. Que bom que não fui, esse treco vai muito alto.
Depois de alguns minutos o brinquedo parou e as duas desceram sorridentes.
- Cara isso é muito bom! - Kim sorri e me puxa para mais um brinquedo.
- Vamos ali. - Apontei para a barraca de tiro e a puxei comigo.
- Duas por favor. - Gritei para que o homem me escutasse. Ele nos entregou duas armas de brinquedo e pediu para acertarmos o alvo.
- Mire no que quer e consiga se puder, boa sorte. - ele disse colocando um palito na boca, tinhamos três chances. Mirei em um enorme urso panda, mas estava muito difícil de alcançar. Kim mirou em uma garrafa de vodka. Atiramos duas vezes e nada, na terceira Kim derrubou a garrafa quebrando-a, ganhou outra gelada e ficou me olhando. Me concentrei, o urso já estava na minha mira. Atirei e errei.
- Droga! - Choraminguei.
- Mais sorte da próxima vez mocinha. - Obrigada. - Sai de cabeça baixa, Kim abraçou minha cintura e fomos para a casa do horror.
- Credo, vocês não se desgrudam? Que horror. - Disse Holly com sua voz fina e irritante, apenas mostrei meu dedo do meio pra ela e sentei-me no carrinho.
- Kim, vem comigo? - Choramingou fazendo beicinho. Ah, eu odeio essa garota.
- Tudo bem, vai com ela. Eu vou sozinha. - Disse me sentando no primeiro carrinho, elas ficaram logo atrás de mim.
- Ve se não vai mijar nas calças igual quando era criança, cabeçuda. - Holly debochou, fingi que não ouvi e continuei olhando pra frente. Mais algumas pessoas se sentaram nos bancos vagos. Logo depois o carrinho entrou na construção devagar, estava tudo escuro e apenas algumas luzes vermelhas se via ao longe. O carrinho virou para a direita devagar, depois foi bem rápido virando para a esquerda, bem na voltinha um boneco caiu por cima dos trilhos e um grito agudo soou bem alto. Gritei e tapei os olhos, senti alguém bater na minha cabeça por trás, era a Holly. Fiquei firme e não disse nada, mais uma vez o carrinho correu e virou para a direita, caiu mais um boneco e outro grito foi ouvido, me assustei e gritei novamente. Quando os monstros caem uma luz é acesa no local, apagando assim que o boneco volta. Na última volta aconteceu o mesmo, mas dessa vez um homem estava parado no meio do trilho, a luz se acendeu e era Francis.
- Sai dai! - Gritei acenando pra ele sair. - Sai logo, sai!
- Porque me quer longe Emma? - Uma voz grossa e desagradável vinha do meu lado. Olhei e vi Francis sentado no lugar vago ao meu lado.
- Adivinha porque, seu monstro! - Gritei mandando minha mão em seu rosto, ele a segurou e chegou mais perto.
- Você ainda não viu nada. - Fechei meus olhos e me encolhi, sua voz era rouca e baixa. Uma luz forte se lançou e o carrinho parou.
- Mijou nas calças foi? Nojenta. - Disse Holly me olhando e saindo do carrinho, o senhor que cuidava do brinquedo ficou me olhando atento, me sentei ereta e me levantei.
- Não aconteceu nada. - Disse saindo. Kim me pegou pelo braço e fomos assim até outro brinquedo.
- Vamos no Kamikaze? - Gritou Kim animada.
- Tá, mas la precisa de duas pessoas no assento, eu não tenho ninguém. - Disse assim que entramos na fila pro brinquedo.
- Fica aqui esperando eu e Kim terminar de nos divertirmos, como você sempre fez. - Holly sorriu. Levantei uma sobrancelha e revirei os olhos.
- Eu vou com você. - Alguém disse atrás de mim. Holly mordeu os lábios e olhou com um ar malicioso. Me virei e vi Austin parado atrás de mim. Sorri com um pouco de vergonha, não sabia o que fazer, não sabia qual era nosso estado agora. Estávamos namorando? Ficando? Ou foi apenas uns "amassos" mesmo. Ele segurou minha mão e apertou de leve, encostei minha cabeça em seu braço e ficamos esperando a fila andar.
- Como é o Kamikaze? Nunca andei nele. - Disse pra quebrar o silêncio. Espero que ele não vá alto igual a barca.
- É parecido com a barca. - Disse Holly secando o Austin. Será que ela não viu que estamos juntos? Pensei. A fila anda e chega nossa vez.
- Fica vocês dois em uma ponta e a gente fica em outra. - Sugeriu Kim, fizemos o que ela sugeriu. Após eu e Austin nos sentarmos, ele pegou meu rosto e me beijou. Retribui seu beijo.
- Senti sua falta. - Ele disse quando nos afastamos um pouco.
- Eu também. - Disse lhe dando um selinho. Logo após o homem que cuida do brinquedo entrou e abaixou o "cinto de segurança" travando-o. Fez o mesmo com Austin e saiu.
- O melhor modo pra se segurar é assim. - Disse Austin segurando as grades acima de sua cabeça e firmando os pés atrás do banco, fiz o mesmo e o brinquedo começou a funcionar. Foi pra trás bem devagar, depois pra frente. Ficou nesse vai e vem até começar a criar velocidade e ir mais alto.
- Eu não sabia que era assim. - Gritei para Austin que parecia estar sentado em uma cadeira normal, como se ela não estivesse flutuando no ar como agora. Como ele se sente tranquilo com esse treco que está parecendo que vai virar de ponta cabeça? Pensei.
Pareceu que o brinquedo ouviu meus pensamentos, virando de ponta cabeça logo em seguida. Uma sensação estranha passou pelo meu corpo, o brinquedo estava indo cada vez mais rápido. Ele girava, girava, e girava sem pensar que pessoas estavam lá dentro e que o coração delas podia sair pela boca a qualquer momento.
Quando o brinquedo desceu para fazer mais uma volta, vejo Francis mexendo no sistema do brinquedo.
- Alguém pare ele! Ele vai nos matar! - Gritei antes que o brinquedo subisse, dessa vez ele parou no alto nos deixando de ponta cabeça. Fechei os olhos, ouvi um barulho alto e os abri. Austin estava caído na grade do brinquedo, seu cinto havia se soltado e ele caiu, mas não estava se mexendo.
- Desce isso, ele caiu. Socorro! - gritei soltando minhas mãos da grade e segurando o corpo de Austin que estava acima da minha cabeça. O brinquedo voltou a funcionar e desceu, lançando o corpo dele pra frente, em direção aos meus pés.
- Socorro! Pare! - Gritei vendo Francis sorrir. O brinquedo voltou para o alto e parou novamente.
- Caralho, pare essa droga! - Gritei segurando seu corpo novamente. Em poucos segundos o brinquedo desceu e girou mais duas vezes, na terceira ele se desprendeu a barra que o sustentava, levando a base em que estavamos pelos ares. Meu cinto abriu e eu caí, gritei o mais alto que pude e fechei os olhos.
- Emma? Pode parar de gritar, o homem se assustou com seus gritos e parou o brinquedo. - Disse Austin se virando pra mim e colocando a mão no meu rosto assim que abri os olhos. Ele estava bem na minha frente. Que droga é essa? Pensei. Eu estava suando frio e com a respiração acelerada. Kim chegou correndo com um garrafa de água, eu estava tremendo tanto que mal conseguia segurar a garrafa.
- O que foi isso Emma? Como sempre estragando tudo. - Holly gritou e desceu do brinquedo.
- Emma, tudo bem? - Kim perguntou, simplesmente fiz que sim com a cabeça, me levantei e desci do brinquedo. Minhas pernas ainda tremiam, mas não queria ficar ali. Austin me abraçou por trás. Me virei e o abraçei enterrando meu rosto em seu pescoço. Era tão bom sentir seu perfume, sentir o arrepio que seu toque me proporcionava. Fiquei um bom tempo sem falar nada, apenas sorria e acenava quando preciso.
- Vamos no bate bate! - Gritou Kim nos empurrando até os carrinhos. Várias pessoas se divertiam batendo seus carros descontrolados uns nos outros, sorri ouvindo as altas gargalhadas das pessoas.
- Um sorriso? Olha pessoal, um sorriso. - Gritou Austin para as pessoas em volta que o ignoraram, sorri ainda mais com a cena. Ele se pôs à minha frente, pegou meu rosto com as duas mãos e me beijou com ternura, segurei sua blusa pela cintura e correspondi seu beijo. Austin estava com uma camiseta branca que tem as magas pretas que deixa seus braços cobertos por tatuagens a mostra, uma calça jeans preta, um all star preto e um gorro na cabeça. Paramos de nos beijar e eu o abraçei, ficamos assim até a fila andar e chegar nossa vez.
Entrei em um carrinho vermelho que ficava mais próximo, os outros se sentaram nos carrinhos vagos ao lado. Quando todos se sentaram começou a funcionar. Todos batiam seus carros uns nos outros e era muito divertido, você pode estar no pior momento, mas se entrar em um carrinho de bate bate com seus amigos, seu dia fica incrível, toda a tristeza vai embora e apenas um enorme sorriso fica no rosto.
Fomos para a barraca de tiro quando o carrinho parou.
- Agora eu pego aquele panda. - Disse confiante.
- Uma pra mim.
- Pra mim também.
- E pra mim! - disse Kim e Austin depois que eu pedi uma arma. O homem da barraca pegou três armas de brinquedo e nos entregou.
- Três tiros para o prêmio desejado, tenha uma boa sorte. - Disse o homem pegando nosso dinheiro e voltando a se sentar em seu banco. As barracas era um brinquedo á parte, então eles cobravam dinheiro. Mirei no panda e atirei, dessa vez tive mais sorte. Em meus três tiros acertei três objetos diferentes, um foi uma bolinha de tênis, o outro foi um livro de culinária e o outro foi uma caixa de cigarros.
- Pode ficar com esse, não preciso dele. - Disse entregando ao homem a caixa de cigarros e guardando o resto em minha bolsa. Haviam algumas pessoas atrás de mim para brincar, então me afastei tendo que ficar perto da Holly.
- Que gato ele. - Disse Holly olhando para Austin
- Eu sei. - Disse sem interesse, ela me olhou e abriu um sorrisinho. Kim voltou primeiro, com outra garrafa de vodka que colocou em uma sacola, onde provavelmente guardou sua outra garrafa.
- Cachaceira, as bebidas correm pra você. - Holly comentou sorrindo quando ela se aproximou.
- Onde arranjou isso? - Perguntei apontando para a sacola rosa em suas mãos, era parecida com aquelas sacolas de supermercado ou de feira.
- Lá na barraca, atirei nela pra guardar minhas garrafas. - Gargalhamos com sua resposta.
- Pelo menos você consegue pegar o que quer, eu mirei em um urso e ganhei uma caixa de cigarros. - Nós duas caímos em gargalhadas mais uma vez. Quando paramos de rir, Austin se aproximou com as mãos pra trás.
- O que conseguiu? - Perguntei.
- É, o que conseguiu? - Perguntou Holly fazendo uma voz sedutora, Austin a ignorou e me mostrou o que escondia.
- O Panda! - Gritei sorrindo e batendo palmas.
- É seu. - Ele disse me entregando. Pulei em seus braços e lhe dei um beijo agradecendo. Fiquei namorando meu urso até a hora de irmos embora. Fomos até o carro de Kim que estava estacionado um pouco longe.
- Amiga! Hoje foi demais, obrigada por vir comigo. - Kim me abraçou e me deu um beijo no rosto em seguida.
- É, tirando o fato que gritou como uma criança nos brinquedos. - Disse Holly cruzando os braços.
- Cala boca garota! - Explodi. Holly ficou me enchendo toda maldita hora no parque, criticava tudo o que eu fazia e ainda ficou dando em cima do Austin, passando a mão nele quando conversavam.
- Porque não vem calar franguinha? - Ameaçou.
- Melhor não. - Disse Kim.
- Não me tira do sério garota!
- Porque? Está com medo?
- Eu estou te falando pra parar! - Falei tentando soar calma.
- Não tenho medo de você Emma.- Holly abre um sorrisinho e pisca pra mim.
- Mas devia ter. - Digo cruzando os braços.
- Medo de você Emma? Você não faz mal a uma mosca. Eu te arrebento em dois segundos.
- Então experimenta, vem! - Gritei e esperei. Holly colocou a bolsa no chão e ficou me encarando.
- Para com isso Emma. - Falou Kim se colocando na minha frente.
- Sai Kim, ela precisa levar uns tapas que a mãe dela não deu. - Disse e Holly caiu em gargalhadas.
- É Kim, deixa ela tentar.
- Emma...
- Não se meta Austin. - Disse empurrando Kim pro lado, coloquei minha bolsa e o urso no chão e andei tranquilamente até Holly. Chegando perto ela grudou no meu cabelo e me puxou, peguei sua cintura e cravei minhas unhas nela, ela gritou mas não me soltou. Chutei sua canela com força e ela começou a mancar de dor, pisou em um pequeno buraco e caiu me puxando junto. Fiquei em cima dela, cravei meus joelhos ao lado do seu corpo e apertei, começei a dar tapas em seu rosto, como ela segurava meu cabelo, ele ficou caído em seu rosto, facilitando pro meu lado. Ela soltou uma mão do meu cabelo e começou a arranhar meu rosto e meu braço. Segurei seu braço com uma mão e com a outra tirei a qual puxava meu cabelo, coloquei suas duas mãos no chão e joguei minha cabeça pra trás, fazendo meu cabelo também ir para trás. Encarei seu rosto e começei a rir.
Uma bola de cabelo estava em sua mão.
- Tenho dó de você. - Holly disse baixo.
- A é?
- Sim, porque Austin está te iludindo, é obvio que ele não gosta de você. Já se viu no espelho?
- Não fala de Austin, o problema não é com ele.
- Claro que é Emma, Austin nunca olharia pra você. - Cuspi em seu rosto e lhe dei outro tapa. Me levantei, peguei minha bolsa e o urso e fui até meu carro.
- Emma, espera! - Gritou Austin, mas não parei. Entrei no meu carro, quando ia fechar a porta ele apareceu à segurando.
- O que ela disse? - Perguntou.
- Nada.
- Você esta bem? Seu braço...
- To bem Austin, a gente se fala amanhã.- Lhe dei um selinho e entrei no carro, liguei ele e entrei na estrada até minha casa. Coloquei I'm A Mess do Ed Sheeran pra tocar. Será que ela falou a verdade? Ele só está brincando comigo? Droga de garota!

Entre Anjos e Lobos - OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora