Parte 6

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Greg e eu voltamos para o refeitório.
Ele não quer mais terminar nossa missão secreta pois as coisas estavam ficando sérias demais. Decidi que vou continuar. Agora que ta ficando interessante, Greg desiste.
Confesso que fiz de tudo pra evitar Austin quando tivemos que voltar pra sala, vai que ele é um agente secreto que trabalha pro FBI, ou um ninja, quem sabe.
Sua aparência não parecia ser de um agente secreto e muito menos de um ninja. Seu rosto era quadrado, sua boca perfeitamente desenhada, seus olhos negros, ou verdes, barba por fazer, cabelo em uma tonalidade quase ruivo.
Também tinha um alargador preto na orelha direita, e uma tatuagem grande e colorida em seu pescoço também do lado direito, músculos perfeitamente esculpidos e roupas, na maioria das vezes, preta. O que o deixava com ar de bad boy.
O sinal toca para irmos embora, pego minhas coisas e sigo para o corredor.
Austin passa por mim sem dizer uma única palavra.
- Você vai continuar com isso mesmo? - Greg me pergunta.
- Eu tenho que saber Greg, ou eu não me chamo Emma. - Respondo encarando seus óculos. Greg os ajeita e guarda suas coisas.
- É isso? Você não vai me ajudar mais?
- Desculpa Emma. - Sai sem olhar pra trás. É isso, vou ter que investigá-lo sozinha.
Guardei o resto do meu material e fui embora.
Morávamos só eu e Karin em casa. Quando Karin completou seus dezoito anos, alugou essa casa mais próxima do colégio pra nós duas.
A casa era simples, apenas dois quartos, um banheiro, sala e cozinha. Nada além disso.
Meus pais moram do outro lado da cidade a quase uma hora daqui. Entro em meu quarto e fico deitada na cama tentando processar toda a informação que recebi hoje. Escuto Karin chegar e vou até seu encontro. Bato na porta e entro em seguida.
- Karin?
- Oi Emma, o que quer?
- Eu tava pensando em visitar o pai e a mãe, quer ir comigo? - Pergunto.
- Eu vou sair com o Logan hoje, talvez um outro dia. - disse apressada. Logan é seu namorado, se conheceram na festa de aniversário da Kim.
- Eu vou lá hoje, volto mais tarde.
- Tá tchau. - Diz Karin me dando um beijo na testa.
Pego minhas coisas, vou até meu carro e sigo viagem. A viagem foi bem calma, cheguei até um pouco antes do esperado.
Parei o carro em frente a casa pequena dos meus pais que é bem parecida com a casa onde Karin e eu vivemos.
Bati na porta.
Sra. Joanna, minha mãe, se põe a minha frente quando a porta é aberta, ela tem altura mediana, o longo cabelo preto estava preso em um rabo de cavalo e um enorme óculos tapava boa parte de seu lindo rosto.
- Oi mãe, como você está? - Disse lhe dando um abraço apertado.
- Oi minha filha, que saudade. - Sua voz fina me acalma.
- Também senti sua falta.
- Vamos entre, sua irmã não veio?
- Não, ela teve que sair, mas vem em breve ver vocês. - Digo parando próxima a mesa na cozinha.
- Vamos, sente-se. Vou preparar um chá pra você.
- Mãe, cadê o papai? - Pergunto.
- Tá no quarto querida, vai lá vê-lo. Ele sente sua falta. - Segui rumo ao quarto dos meus pais.
Meu pai, o Sr. Taylor, sofreu um acidente algumas semanas atrás. Bato na porta e entro.
Ele estava deitado de costas e com a perna quebrada para o alto, em cima de algumas almofadas assistindo ao jogo.
- Oi minha filha, que saudade. Vem aqui me dar um abraço.
- Oi pai, como você ta? - Me sento ao seu lado logo após lhe dar um abraço apertado.
- To melhor minha filha, não se preocupe com isso. Karin não vem?
- Não pai, Karin teve que sair mas disse que vem assim que der. E como está a perna?
- Ta melhorando, o médico disse que em menos de duas semanas já posso tirar o gesso.
- Que ótimo pai. Que bom que não quebrou mais nenhuma outra parte do corpo. - Rimos um pouco, conversamos bastante e então decido falar com minha mãe.
Me sento à mesa e a observo lavar a louça. Joanna pega um pano de prato seca as mãos e fica de frente pra mim de onde ela estava. Pego minha xícara de chá e começo a beber em silêncio.
- Quando fica quietinha assim é que tem algo pra falar. - Disse se sentando em uma cadeira ao meu lado.
- Não é nada de mais, só que eu tive um pesadelo com um homem chamado Francis, achei que fosse só um pesadelo mas Greg o viu também e eu me assustei um pouco. - Senti que ela ficou desconfortável com o que falei, se levantou e fingiu mexer na louça sem dizer nada.
- Tudo bem mãe?
- Tudo bem, isso é bobagem filha. Greg só falou isso pra te assustar, não liga pra essas coisas.
- É, tem razão. - Minha mãe estava bem estranha. Sabia que algo estava acontecendo mas não quis entrar mais no assunto, pois ela parecia muito perturbada com isso.
Fiquei apenas mais algumas horas, resolvi voltar antes de escurecer.
Estava quase saindo com o carro quando minha mãe correu até onde eu estava.
- Filha, toma muito cuidado. Não deixe que façam sua cabeça, confie apenas em você mesma. - Disse ela me olhando nos olhos e passando um cordão pelo meu pescoço.
Seu olhar estava vidrado, parecia triste e sem vida. Sorri para ela e segurei sua mão.
- Vou fazer isso, não se preocupe. Te amo.
- Te Amo filha. - Agora seus olhos voltaram ao normal.
Aquilo foi bem estranho. Disse para mim mesma já na estrada.
Parando em uma placa de pare, olho para meu novo colar. Uma pedra de quartzo azul estava levemente pendurada em um cordão preto. Não sabia o que significava, mas com certeza era muito bonito.

×××

Chegando em casa, guardo minhas coisas e decido ir tomar banho. Pego meus objetos precisos para banho e sigo pro banheiro, sinto um clima estranho na casa mas penso ser só o fato de eu estar sozinha.
Assim que abro a porta do banheiro meu coração pula. Karin estava caída no chão com uma faca fincada em seu peito, uma poça de sangue molhava todo o chão. Eu queria vomitar com a cena, me ajoelhei ao seu lado e começei a chorar derrotada.
Me levantei e corri para pedir ajuda, impedindo minha passagem estava Francis rindo.
- O que você fez? Olha pra ela, ela não tem nada a ver com isso! - Gritei cuspindo as palavras.
- Ora ora Emma, você anda espalhando sobre minha existência para as pessoas, só vim lhe dar esse aviso. - Falou apontando para o corpo agora sem vida no chão.
- Não, você não podia ter matado Karin, me mata Francis não posso viver com essa culpa. - Disse frustrada.
- Emma querida, eu que decido as coisas aqui. - E então Francis some, sumiu bem na minha frente como se fosse um truque de mágica.
Olho para trás e o corpo de Karin também sumiu. Todo o sangue sumiu, seu cabelo loiro terrivelmente manchado de sangue sumiu.
- O que está acontecendo aqui? Que droga tá acontecendo? - Gritei tentando tirar toda a dor e angústia que se acumulara em mim. Porque isso ta acontecendo comigo? pensei.
Sai correndo do banheiro e fui até o quarto de Karin. Ela estava sentada na beira da cama passando esmalte nas unhas do pé.
- Chegou cedo, como foi lá? Como eles estão?
- O que? Não, mas você estava lá e agora aqui... - Não consegui formular toda a frase.
Me senti enjoada e com a cabeça girando, minha respiração estava ficando fraca demais, percebi que iria desmaiar. Antes de apagar, vi Karin correr e me segurar.

Entre Anjos e Lobos - OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora