Parte 11

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Voltamos para casa em silêncio, deixei Kim em sua casa e fomos pra casa. Karin ficou o tempo todo no quarto, apenas saiu para tomar um banho. Chegamos ás 17:50, aproveitei para ligar pros meus pais e avisar o que havia acontecido.
- Oi mãe
- Oi Emma, como você está? Não me parece muito bem.
- As coisas estão bem tristes aqui, acho melhor se sentar... - Contei novamente aquele episódio do qual Logan morre brutalmente. Minha mãe parece não acreditar e fica muito procupada dizendo que poderia ter sido eu.
- Emma, eu preciso ir ai ficar com vocês...
- Mas e papai?
- Ele vai também, não posso deixar vocês agora, não agora.
- Mãe não precisa, as coisas vão se acertar.
- Emma eu vou e pronto, venha nos buscar por favor.
- Tudo bem mãe, se arrume que já estou indo. - Desligo o celular e grito para Karin que vou buscar nossos pais.

***
Estacionei em frente a casa e entrei.
- Mãe vamos?
- Vamos. - Minha mãe aparece segurando algumas malas e meu pai aparece com um par de muletas.
- Pai, você fica no banco de trás pra esticar a perna.
- Ok. - Peguei as malas e levei para o carro pois minha mãe iria fechar a casa. Ajudei meu pai a se sentar depois de ter guardado todas as malas.
Minha mãe veio falando a viagem toda, falava sobre coisas aleatórias e também falava que foi por Deus não ter sido eu morta no lugar de Logan.
- Não que eu quisesse ele morto, nada disse. Eu sinto muito por ele e sua família, mais pensar que eu poderia estar lá te enterrando, faz meu coração doer... - Minha mãe dizia isso a cada vinte minutos.

***
Ajudei meus pais a se instalarem em meu quarto, por sorte minha cama é de casal e há um pequeno colchão de sobra que ficou para eu dormir na sala. As horas passaram depressa, minha mãe arrumara a casa toda, preparou o jantar e até arrumou minha "cama" na sala.
- Mãe, pode deixar eu arrumo.
- Imagina Emma, sai daqui, deixa eu arrumar. - Minha mãe praticamente me chutou pra cozinha. Aprovei e fui até o quarto de Karin falar com ela. Bati algumas vezes na porta e entrei. Karin estava deitada de barriga pra cima encarando o teto, enxugou algumas lágrimas e se sentou assim que me viu entrar.
- Como você está? - Perguntei fechando a porta e me sentando ao seu lado.
- Não sei, foi tudo tão rápido. Uma hora eu estava aqui, deitada com ele. E na outra ele estava lá, deitado sozinho naquele caixão.
- Eu sei. - Disse lhe abraçando. Ela estava um pouco mais calma agora. Pouco tempo depois saio do quarto e a deixo dormir. Minha mãe acabara de colocar o jantar na mesa e eu fui comer. Se empantufa de comida mesmo Emma, vai ficar mais gorda do que já é. pensei ao ver a montanha de comida em meu prato. Não havia comido nada desde o almoço e agora já se passavam das dez da noite. Se tivesse um boi aqui eu o comeria e ainda pediria outro.
- Emma, vai com calma minha filha. - Meu pai debochou sentado á mesa. Me sentei na sua frente e mamãe ao seu lado. Comemos em silêncio, em seguida meus pais foram durmir e eu fiquei acordada assistindo tv na sala.

***
Uma sombra passa pela janela fechada que fica na parede ao meu lado. Fecho a cortina e abaixo o som da tv, já passa das três da manhã. Tento me concentrar, mas novamente o vulto passa pela janela. Meu coração já estava na garganta pronto para pular caso fosse preciso. Desliso silenciosamente do sofá até minha cama improvisada no chão, deixei a tv ligada pois no escuro meu medo ficaria ainda pior. Me enrolei na coberta e cobri a cabeça tentando ficar a salvo, o vulto passou mais algumas vezes. Por sorte meu corpo implorava por descanço, então acabei adormeçendo. Sonhei com os olhos de Austin me puxando para dentro de um guarda-roupas velho e empoeirada, mais uma vez depois de dias sem ter esse sonho estranho.

***
Acordei mais cançada do que quando fui dormir. Meus pais já estavam acordados fazendo a maior barulheira na cozinha. Fui me arrastando até o banheiro me arrumar e tomar um banho. A manhã estava fria, aproveitei para caminhar um pouco, coisa que sempre fazia em um domingo de manhã. Vou até a cozinha após tomar um banho e colocar roupas quentes.
- Bom dia Emma, já vai sair? - Perguntou minha mãe que estava tomando café.
- Bom dia, sim, vou caminhar um pouco. - Disse pegando um pouco de café.
Antes de sair peguei meu celular e meus fones. A manhã não passava de seus 12° graus. O vento soprava gelado e a neblina não ajuda muito. A quinze minutos de casa havia um horto, era uma área cheia árvores de que é de uma fábrica de papel com uma trilha onde o dono abria para as pessoas andarem por lá, achava isso muito legal e claro que eu aproveitava. Coloquei meus fones e segui até o horto. Entrando por um portão segui a estrada de terra andando tranquilamente, o ar parecia ter ficado cada vez mais gelado.
Depois de vinte minutos andando consigo chegar no final da estrada que era mais como uma rua sem saída, mas ao invés de um muro de pedra, era um muro com enormes árvores, as mesmas que ficavam aos lados na estrada. Deveria ter voltado e retomado o mesmo caminho do qual fizera para chegar aqui, mas decido entrar no enorme paredão de árvores de Eucalipto.
Mais dez minutos andando por entre as árvores, encontro uma pequena casa de madeira toda quebrada. Uma parte do teto havia caído e não havia porta ou janela. Entrei por um buraco enorme em uma das paredes, percebi que só havia dois cômodos, um o teto havia destruído, o outro estava intacto. Passo pelo portal onde deveria ter uma porta e pego meu celular para me ajudar a ampliar minha visão. Entro e encostado na parede vejo um guarda roupas de madeira escura todo empoeirado. Havia apenas duas portas, era bem pequeno. Me aproximei, antes de abrir as pequenas portas me toquei que era igualzinho ao guarda roupas do meu sonho na noite anterior. Arregalei os olhos, como esse lugar poderia existir? Pensei. Me virei e começei a correr para o nada, apenas corri o mais rápido que pude.
Quando fico muito ofegânte, paro. Pego meu celular e vejo as horas, são 11:35. O dia está muito nublado. Aproveito e olho a bússula que tenho no celular, marquei minhas coordenadas antes de começar a caminhada, então agora sei por onde ir. Confiei e segui em frente.
Quase quinze minutos depois consigo chegar na estrada, bem na hora em que eu chego, uma chuva forte começa a cair. Coloco o capuz da minha blusa pela cabeça e começo a correr até minha casa.
O domingo foi um completo tédio chuvoso, apenas fiquei assistindo tv e comendo como um saco sem fundo.

Entre Anjos e Lobos - OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora