Parte 33

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Pheter a levou para seu quarto e trancou a porta. Fique esperando algo acontecer, mas nada aconteceu. Ouviam-se apenas gritos lá dentro. Atrevi-me e encostei a orelha na porta para ouvir.

-... Vão descobrir quem eu sou. Te avisei aquele dia! - A voz de Mandy ecoava.

- O que eles estão falando? - Albina perguntou.

- O que esta acontecendo? - Austin quis saber. Fiz sinal para que se calassem e voltei a tentar ouvir.

-... Nefilins estão ajudando, ele vai confiar em você! - Foi a vez de Pheter gritar. Do que estão falando? O que Mandy fez para ser tratada de tal maneira?

-... Eu sou um deles, meu pai é mau. Ele vai me usar para achar vocês... - me desencostei da porta. Era isso mesmo? Mandy é um Nefilim? Tentei me recompor antes que vissem meu rosto de pavor, mas não adiantou.

- O que você ouviu? - Albina perguntou segurando meu rosto.

- Não da pra ouvir nada, só um monte de chiado estranho. - menti. Albina encostou a orelha na porta, seu rosto mudou diversas vezes.

- Tem razão, não da pra ouvir. - Pouco tempo depois Mandy sai em silêncio do quarto. Na varanda Pheter a puxa e lhe da um beijo, sussurra alguma coisa em seu ouvido o que faz Mandy concordar. Austin passa seus braços em meu ombro me abraçando.

- Isso não me parece bom. - diz no meu ouvido.

- E não é, tenho certeza. - respondo aos sussurros, ele me olha sem entender muito, mas é interrompido por Pheter.

- Cadê o vovô? - pergunta para Shane.

- No quarto eu acho. - respondeu e sem dizer mais nenhuma palavra, os dois foram em direção ao quarto de Miguel. Pheter bateu cauteloso, a porta se abriu logo em seguida.

- Podemos conversar? - Mandy perguntou.

- Claro, entrem. - Miguel abriu espaço e os dois entraram. A porta foi fechada nos deixando lá fora sem entender nada. Ficamos um bom tempo ali parados esperando alguém sair e nos convidar para entrar, mas isso não aconteceu. Sentamos-nos no chão, no sofá, na cozinha e nada deles aparecerem. Quando voltamos a ficar de pé na porta ela se abre e Mandy sai.

- Emma, você poderia me levar pra casa? - Perguntou, assim que fui responder Pheter apareceu por trás dela e lhe sussurrou algo. Ela se virou e lhe lançou um olhar tão nervoso que fiquei com pena dele.

- Emma pode fazer isso, não pode? - Se virou de volta pra mim e sorriu. Encarei isso com uma ameaça, mas tudo bem.

- Claro. - peguei as chaves, dei um selinho no Austin, sussurrei em seu ouvido que voltaria logo e segui pra fora. A esperei no carro, assim que ela entrou, o liguei e segui para sua casa. Ela foi me dizendo onde virar e eu obedeci, claro, não queria me perder. Várias perguntas percorreram minha mente, mas não quis perguntar, ela já deve estar sofrendo demais, não queria ser mais um encosto em sua vida. Estacionei em frente a sua casa e ela sorriu fraco.

- Obrigada.

- De nada. Olha não querendo me intrometer, mas já me intrometendo, por que estava gritando tanto com Pheter? - Tive que perguntar, eu tinha que ter certeza se era aquilo mesmo o que eu tinha escutado, não podia ir embora com essa dúvida. Desviei o olhar dela, não queria deixar transparecer que eu talvez soubesse qual foi a conversa.

- O meu pai... -começou. - Por favor, não conte pra ninguém, mas ele é um Nefilim. - respondeu fazendo cara de poucos amigos. E eu tinha certeza de que eu estava fazendo cara de quem chupou limão com sal. Então era verdade, ela era um Nefilim. Não sabia como agir, queria sair correndo e avisar Austin, mas eu não podia, tinha que confiar que ela não faria mal algum, mas e seu pai? Ele faria algum mal? Céus, o que eu faço? Olhei para Mandy, queria ter a possibilidade de saber se ela estava falando a verdade. Certo Emma, seu melhor amigo é um Nefilim, você confia nele, então pare de pensar assim!

- Mandy, eu... Eu não sei o que dizer. - disse, e era verdade, eu não fazia ideia do que dizer. Droga, por que eu não tive uma conversa civilizada com Jary quando ele me contou? Pelo menos eu saberia o que falar pra ela agora.

- Não precisa dizer nada. E não conte pra ninguém. Eu não sou como ele, estou do lado de vocês nessa guerra, nunca se esqueça disso! - Afirmou segurando minha mão, isso me deixou mais calma, tive certeza de que Mandy estava falando a verdade. O único problema, eu não podia contar pra ninguém. Quantos segredos eu serei capaz de guardar? Mandy e eu trocamos nossos números de telefone, manteríamos contato sempre que precisasse. Despedimo-nos e esperei ela entrar em casa, me senti mal por deixá-la sozinha com seu pai, não sei se ele já sabe, mas mesmo assim me senti mal. Liguei o carro e decidi seguir pra casa, queria ficar um pouco com Kim e Karin, queria me sentir um pouco humana. No caminho liguei para Austin.

- Oi, então, avise Pheter que entreguei Mandy em segurança. Ela vai ficar bem. - Escutei Austin repetindo o que eu falei e no fundo alguém gritou: "Obrigada Emma" acho que foi Pheter.

- De nada. - disse rindo.

- E então...

- E então o que? - respondi tentando parecer confusa.

- Por que eles estavam brigando?

- Não sei, ela não me contou. - me senti horrível tendo que mentir, mas era preciso.

- Ah entendo. - Austin disse parecendo decepcionado. Caraca, ele pensa que isso é uma novela mexicana? Mas é isso o que está parecendo mesmo.

- Ei, vou ficar em casa hoje, vou sair com Kim um pouco, acho que ela pensa que eu a abandonei. - disse rindo.

- Emma, tenha cuidado, qualquer coisa, por mínima que seja me ligue, aliás, eu vou com você.

- Ei esta parecendo minha mãe! Não vou me meter em confusão, só vou ao Julio's, Aisha estará lá, ela pode ficar de olho em mim. - dizer isso o deixou mais calmo, fiquei feliz por isso. Conversamos um pouco, mas logo tive que desligar. Decidi ligar pra Kim, o caminho até em casa era longo.

- Quem quer encher a cara hoje? - gritei colocando o celular no viva voz e o colocando no meu colo.

- Emma finalmente achou um espaço pra sua amiga em sua agenda?

- Qual é Kim, vamos? - choraminguei.

- Aonde?

- No Julio's mesmo, está afim? Eu chamo o Pedro.

- Sério? Você faria isso? - perguntou aos gritos, tenho certeza que seus olhos estariam brilhando.

- Claro, quando eu chegar ligo pra ele, daqui a pouco chego ai, beijo.

- Beijo. - Desligamos e eu segui rumo á minha casa.

Entre Anjos e Lobos - OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora