Parte 12

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A semana passou calma, mamãe e papai ainda estão em casa. Karin está um pouco mais conformada com a morte de Logan e esta um pouco mais alegre. No colégio as coisas foram normais, Karin voltou ás aulas e todos estão lhe dando apoio. Hoje foi a missa de sétimo dia do Logan, eles á fizeram no sábado ao invés de sexta pois a família teve um imprevisto, não sei muito bem. Agora já passa das três da manhã e eu ainda estou tentando assistir tv, meu corpo pede desesperadamente um pouco de descanço. Me deitei em minha cama improvisada na sala e dormi.
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Um homem alto e magro passou pela minha janela, dessa vez estava aberta. Me levantei para fechá-la e percebi um movimento nos fundos da casa. Para não fazer barulho, pulei a janela e fui cuidadosamente para lá. O vento soprava forte fazendo as árvores balançarem rápido, fazendo sombras negras e estranhas no chão. Ao chegar nos fundos, vejo várias pessoas em volta de uma fogueira, eles estavam vestidos com uma espécie de túnica preta que cobria o corpo inteiro e um capuz cobria seus rostos, deixando-os com um ar sombrio. Devia ter doze pessoas em volta da fogueira cantando uma música da qual eu não entendia nada. Um corpo estava preso em cima da fogueira se debatendo com o rosto abaixado. Fiquei escondida apenas observando a pessoa ser queimada aos poucos, mas a pessoa levantou o rosto e eu vi quem era, Austin estava gritando com todas as suas forças e tentando se soltar de lá. Em um impulso me levantei e corri até ele.
- EMMA NÃO! - Gritou ele quando empurrei duas pessoas para eu conseguir chegar até ele. Mas eles seguram minhas mãos e me jogam no chão. Alguém me vira de barriga para cima e crava algo no meu coração. Quando a luz da fogueira bate em seu rosto, vejo que é Francis, ele ri da minha morte e se delicia com Austin sendo queimado.
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Acordei em um pulo, a sala ainda estava escura, então voltei a me deitar e me escondi por de baixo das cobertas. Tentei voltar a dormir, mas estava com medo de ter o mesmo pesadelo. Peguei meu celular e olhei as horas...05:14 da manhã. Vou aproveitar que já estou acordada e vou caminhar. Vou até o banheiro, faço o que tenho que fazer e vou até meu quarto, faço o máximo de silêncio possivel para não acordar meus pais, pego roupas bem quentes e vou me trocar. Coloco minha calça de moleton preta e um casaco bem quente, pego meu celular e meu fone e saio para a caminhada.
Fui novamente para o horto, sabia que lá tinha aquele lugar horrível, mas era o único lugar mais tranquilo para caminhar.
Fui andando tão calma e tranquila que achei que iria dormir de novo. O tempo estava frio e úmido, o sol estava tão preguiçoso quanto eu, estava naquele "vô num vô" de um dia nublado. Em boa parte do céu estava escuro, mas dava pra ver onde eu pisava. Cerca de vinte minutos depois, cheguei ao final na trilha, quando me virei para voltar escutei um barulho alto de carro, fui até o canto da trilha e começei a voltar. Andei por alguns minutos e então vi de onde o barulho vinha, dois civic preto parou na trilha impedindo minha passagem, começei a andar para trás de costas, de forma sutil. As portas dos carros se abrem e vários homens altos saem, cerca de uns dez homens. Começaram a correr em minha dirção, me virei e corri o mais rápido que pude entrando por entre as árvores. Quando me cançei, olhei para trás e vi que ninguém me seguia, sorri satisfeita e começei a voltar.
Percebi sombras passando ao meu lado direito, me virei mas nada estava ali. Logo em seguida pelo lado esquerdo. Começo a andar mais rápido. Um homem alto e magrelo se põe á minha frente e começa a rir, logo vários outros ficam ao seu lado, também rindo. Alguém agarra meus braços e os puxa pra trás, de modo que eu não consiga me mexer. Piso em seu pé e lhe dou uma cotovelada no estômago, fazendo ele cair. Mais dois homens se aproximaram, consegui derrubar um mas o outro me segurou por trás novamente, dessa vez me empurrou pra baixo para eu ajoelhar e não conseguir bate-lo.
- O mestre vai adorar ver que consegui arrancar essa cabeça fora. - Diz um homem alto, careca e com uma faca na mão, passou o lado sem corte da faca em seu pescoço para simular um corte.
Cuspi em sua perna e ele segurou meu cabelo, puxando-o para meu rosto ficar de frente com o seu, fechei meus olhos e esperei a morte. Mas nada aconteceu, abri um olho e vi que ele estava caído, em seguida o homem que me segurava também caiu. Me levantei e olhei em volta. Vi Austin lutando com um homem um pouco mais alto que ele logo á frente, ele me olhou e lançou uma piscadela. Sorri e me virei, uma mulher alta estava parada a alguns metros de distância. Estava vestida com roupas pretas e seu cabelo longo e negro estava preso no alto da cabeça. Ela ficou me olhando rindo com o corpo relaxado, em quanto eu estava em posição de ataque.
Corri até ela, mas ela desviou e soltou uma gargalhada alta. Fiquei onde ela estava e ela ficou a alguns metros de distância, ficamos nos olhando por um tempo até que ela sacou uma faca e correu na minha direção. Ok. Se prepara pra socar essa vadia. Pensei.
Assim que se aproximou, ela saltou e passou a ponta da faca no meu rosto, não pensei duas vezes e peguei seus dois pés, jogando-a de cara nas folhas úmidas que estavam no chão. Pisei em suas costas com um pé, puxei seu cabelo para trás e começei a rir, queria acabar com ela ali mesmo mas não fiz, apenas chutei seu rosto fazendo ela desmaiar. Austin havia acabado com o resto dos homens quando veio até mim.
- Tudo bem? Dói? - Disse antes de colocar o dedo acima da minha sobrancelha.
- Aiiii! O que tem ai?
- Um corte feio, vem, vou cuidar disso pra você. - Austin me levou até sua casa, no caminho fiz várias perguntas sobre o ocorrido e ele apenas respondia "Foi a mais pura coincidência Emma".
Austin me levou até o quarto onde dormi pela primeira vez em que vim aqui. Meu rosto queimou de vergonha. Ele foi até o pequeno banheiro voltando logo em seguida com uma bolsinha com uma cruz vermelha desenhada.
- Vem, senta aqui. - Ele disse batendo a mão na cama. Fui até ele e me sentei, ele se pôs á minha frente e começou a limpar o ferimento.
- Aiii! Cuidado aí! - Gritei. Austin foi muito paciente comigo, esperou até que eu parasse de gritar toda vez que ele tentava fazer o curativo.
- Está pronto. - Terminou e se afastou olhando sua obra de arte. Me levantei e lhe dei um abraço.
- Obrigada, por tudo. - Olhei para ele e seus olhos brilhavam, provavelmente os meus também. Ele então passou uma mecha para trás da minha orelha e começou a se curvar, aproximando sua boca da minha. Agora ele estava a poucos centímetros da minha boca, seu nariz rossava o meu fazendo meu corpo se arrepiar, então ele se aproximou e me deu um selinho, sorrindo maliciosamente, começou a se afastar. O que? Só um selinho? Nada disso! Pensei. Segurei sua blusa pela cintura e o puxei, esmagando seus lábios nos meus. Seu beijo era calmo e ao mesmo tempo intenso, pegou na minha cintura e me puxou para si. Seu toque fazia minhas pernas ficarem molengas e me fazia querer mais dele, muito mais.
Um tempo depois nos soltamos para procura ar.
- Iria te elogiar pelo modo em que bate nas pessoas, mas acho que vou elogiar outra coisa. - Disse me beijando novamente.
Mais tarde Austin me levou pra casa. Ao chegar, percebo que não tem ninguém, então almoço e vou para meu quarto. Fiquei lá deitada fitando o teto e pensando no beijo de Austin. Alguma coisa me diz que entrando nessa eu não vou mais conseguir sair, não sei o porque mas Austin faz eu me sentir bem, como se ele me mandasse energias positivas.

Entre Anjos e Lobos - OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora