Parte 28

3.1K 246 10
                                    

Austin parou o carro próximo a casa e desceu, fiz o mesmo e sugurei sua mão para irmos juntos. De pé na varanda estava Mandy e Pheter. O que ela faz aqui?

Mandy? - perguntei me aproximando, ela parecia estar lutando contra si mesma para tentar entender o que faziamos ali.

- Emma, o que faz aqui? - perguntou após me abraçar.

- Um cara, Johnny eu acho, disse que estavam precisando do Austin aqui. Um amigo dele saiu a algum tempo e disse que ele poderia ajudar a achá-lo. - disse cumprimentando Pheter em seguida. Apresentei Austin para ambos e Pheter nos convidou para entrar. Sentamos em um sofá preto na sala de estar.

- Tem alguma idéia de onde ele esteja? - Pheter perguntou pegando na mão de Mandy.

- Não mas acho melhor começar a procurar logo. - Austin se levantou e Pheter fez o mesmo.

- Eu vou com você. - Calçou suas botas e saiu com Austin para a escuridão da floresta. Mandy tapou o rosto com as mãos visivelmente preocupada. Me sentei ao seu lado e segurei sua mão.

- Eles vão achá-lo, logo estarão de volto. - Tentei acalmá-la. Ela me lançou um sorriso forçado e percebi que estava prestes a chorar. Decidi não falar mais nada. Ficamos ali por um tempo até que Mandy se levantou e seguiu para a cozinha. Fiquei sentada tentando colocar as idéias no lugar, Mandy voltou pouco tempo depois e voltou a se sentar ao meu lado.

***

As horas passaram voando, nem me dei conta e já eram quase dez da noite. Ainda estava sentada na sala esperando alguém chegar mas ninguém voltou. Me levantei e fui até a varanda, não se via nada além da pequena claridade que a luz da varanda oferecia, cruzei os braços e me encostei no batente de madeira observando a escuridão. Um barulho na mata fez meus sentidos se aguçarem, olhei para o lado mas apenas a escuridão me cercava, ao olhar pro meu lado direito vi uma garota pular o cercado da varanda. Cerrei os punhos e a observei esperando qualquer ataque, ela apenas tirou o pó das roupas claras e andou calmamente em minha direção. Ela é albina? Impossível! Pensei enquanto a olhava, sua pele era tão branca quanto uma folha de papel e os olhos de um tom roxo claro.

- Quem é você? O que faz aqui? - Perguntou em um tom irritado.
- Eu que pergunto quem é você! - Respondi no mesmo tom. Ela fez uma careta e entrou na casa, apenas a observei ir, continuei onde estava até que Mandy veio até mim.
- Vejo que já conheceu a Albina.- Disse parando ao meu lado.
- O nome dela é Albina? Que criatividade. - Debochei cruzando os braços.
- A Albina não é fácil, tem personalidade forte. É difícil se dar bem com ela. - Apenas acenti e continuei olhando a escuridão.

   Algumas horas depois Austin juntamente com Pether e Johnny se aproximam. Me levantei do sofá um pouco sonolenta e fui até ele.
- Acharam ele? Como foi? - Perguntei o abraçando.
- Não, nós não o achamos. Mas precisamos conversar. - Na hora meu sono foi embora, o que será que ele quer falar comigo?
- Ok. - Disse por fim, Pether chamou Mandy e juntos nós quatro fomos até seu quarto. Após Pether fechar a porta eu e Mandy nos sentamos na cama e eles se sentaram em cadeiras na nossa frente.
- Sobre o que querem conversar?- Perguntei e os dois se entreolharam.
- Bem, - começou Pether. - Emma, você sabe o que Austin é mas não sabe o que eu sou, - disse escolhendo bem as palavras. - eu sou um lobisomen.- Me limitei a dar um sorriso de deboche, Um lobisomen? Fala sério!
- Emma, isso é sério. Eu e minha família somos lobisomens, acredite nisso. - Concluiu, o máximo que pude fazer era acreditar. Isso tá parecendo a sérir Unce upon a time, só que mais bizarro.
- Mandy, - disse Austin. - não vou fazer rodeios nem nada, eu sou um Anjo Caído. - A cara dela ficou indecifrável, o pânico pra ela foi maior,  talvez por que ela não tem amigos Nefilins e uma barman como anja da guarda.
- Cara, eu falei pra explicar com calma. - Sibilou Pether furioso. Pegou a mão de Mandy e tentou explicar.
- Sabemos quem são os perseguidores, desconfiávamos dos humanos mas eles são inofencívos...
- Alguns deles. - Alguém o interrompeu, segui o som da voz e vi a garota Albina sentada no canto do quarto. Como ela entrou aqui? Pether pareceu não se importar, pois continuou a falar.
- eles são os Nefilins, os mesmos que caçam Emma e os mesmo que Austin caça. - Ao terminar Mandy me olhou surpresa com a expressão que falava tipo: O que? Eles caçam você e meu namorado. Seu namorado caçam eles e são todos os mesmos.
Ela abriu a boca pra dizer algo mas fechou rápidamente. Gostaría de dizer algo inteligente pra ajudá-la mas nada passou pela minha cabeça.
- Estamos falando isso porque vimos alguns deles muito próximos daqui - disse Austin. - precisamos nos preparar, a guerra com Francis começará em breve.
 
  Gostaria de dizer que foi apenas um sonho maluco e eu acordei em seguida, mas era a mais pura realidade. Iriamos enfrentar Francis e seu exército de Nefilins. Austin explicou tudo sobre o porque esteve ausente esse tempo todo. Fora para tentar uma aliança com os lobos, tentando aumentar nosso pequeno grupo para acabar com Francis. Depois de tanto tempo negociando, finalmente Miguel, o líder do bando, aceitou prontamente a súplica por ajuda. Além de todos estarem alarmados tentando procurar o homem que sumira, ainda tinham que se procupar com os Nefilins. Saímos do quarto deixando apenas Mandy e Pether lá, precisavam conversar sobre tudo isso e também descançarem.
  Albina permaneceu quieta o tempo todo, parecia estar pensando sobre como oito lobisomens e quatro anjos caídos iria destruir um cara que passou séculos reunindo neflins para uma guerra.
- Não se procupe, nós vamos achá-lo e ainda acabaremos com Francis. - Disse tentado encorajá-la. Ela apenas me lançou um olhar rápido e seguiu para os fundos do corredor. Me virei e vi Austin me observando, seu rosto parecia cansado, mas não por estar com sono mas por tudo isso que estava acontecendo.
- Isso vai acabar logo, eu prometo. - disse e ele me abraçou forte. Seguimos para a sala e uma mulher surgiu com algumas cobertas e travesseiros. Ela não era muito alta, o cabelo era cor de palha, sua pele era clara e os olhos de um tom escuro de castanho.
- Olá sou Silena, venham, irei arrumar um lugar para dormirem. - Disse colocando as coisas em cima do sofá. Afastou a mesinha de centro e puxou uma cordinha que vinha de baixo das almofadas do sofá maior. Como mágica ele se abriu ficando do tamanho de uma cama. Ela arrumou rápidamente as cobertas e disse:
- Fiquem á vontade, agora a casa também é de vocês. - Sorriu e se afastou.
- Obrigada. - Agradeci mas ela já havia desaparecido dentro do corredor. Apenas a luz da sala estava acesa, todas as portas e janelas estavam fechadas, me deitei e me enrolei na coberta, estava frio e o ar gelado que passava pelas brechas da porta não ajudava muito. Austin apagou as luzes e se deitou ao meu lado.
- Foi o marido dela que sumiu? Ela não estava tão bem quanto aparentava. - Disse baixo para ninguém ouvir. Um arrepio passou pela minha espinha e eu me agarrei ao cobertor, Austin se aproximou e me abraçou, permitindo que eu apoiasse minha cabeça em seu peito.
- Sim, o Zany. Pheter disse que ela engravidou dele, mas as mulheres que ficam grávidas de lobos, morrem sempre depois que ganham o bebê. É o destino deles.
- Hmm, entendi. Mas e se Francis o achar? O que fará com ele?
- Eu não sei e acho melhor rezarmos muito pra isso não acontecer. - Concordei com a cabeça e senti o sono chegar. Quando menos esperava, já estava dormindo e novamente tive um pesadelo bizarro.

***
- Estão todos prontos chefe. - Uma voz conhecida disse em meio as sombras, assim que veio a luz pude ver quem era, Nico estava vestindo roupas escuras que se mistururava facilmente as sombras.
- Ótimo, então que começe o momento tão esperado. - Francis sibilou sentado em uma cadeira confortável em um escritório no meio da noite.
  Tudo se escureçeu e de repente me vi na mata, sozinha e machucada. Nada se mostrava a minha volta a não ser árvores e uma névoa branca. A lua, ora se escondia atrás das nuvens, ora brilhava intensamente por entre as árvores. Ouvi um galho se quebrar muito próximo, rosnados de cachorro era ouvido a uma curta distância. Me apavorei e corri sem rumo, uma risada cortou o silêncio da mata. Após correr muito parei diante de um enorme lago, não haviam árvores a sua volta e isso fazia com que ficasse mais clara minha visão a luz da lua. Depois do lago vi algo grande se mover, até que se veio a mostra. Um grande lobo apareceu mostrando os dentes, era preto e tinha olhos vibrantes, parecia ter raiva e fome. Do lado esquerdo outro grande lobo apareceu, tinha o pelo marron e os olhos de um verde intenso.
Atrás de mim algo se mexeu, me virei e vi um lobo, do mesmo tamanho dos outros mas esse era todo branco e tinha os olhos vermelhos.
- Pra trás. - Gritei mas de nada adiantou, só serviu para o lobo rosnar mais alto e se aproximar. Em um piscar de olhos ele saltou se transformando em um humano na minha frente. Meus olhos se arregalaram quando vi quem era.
- Albina? - Perguntei mas antes de obter resposta ela sorriu e me empurrou, os outros lobos uivaram e ela gritou:
- Morra! - Tentei agarrar algo mas nada estava próximo, não sabia como mas ela descobrira meu maior medo, meu terrível trauma, tinha mais medo dela do que da própria morte, a água. Minhas costas bateram nela e eu afundei, o desespero não ajudou nada pois isso me fez afundar ainda mais. Meu pulmão estava sendo expremido pela pressão, até que não aguentei mais e soltei todo ar que estava guardando, me afogando em seguida.

Entre Anjos e Lobos - OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora