Smoke & Mirrors começa a tocar e percebo que já é hora de acordar, desligo o despertador e olho as horas ... 06:15 da manhã. Me levanto meio grogue e vou para o banheiro tomar um banho. Após trocar de roupa e secar o cabelo, pego minhas coisas e vou para a cozinha. Minha mãe havia feito o café, na mesma tinha café, bolo, váriados biscoitos e bolachas, dois tipos de suco e alguns sabores de iorgut. Me sento à mesa e pego um pedaço de bolo com suco de laranja.
- Bom dia!
- Bom dia.- Digo comendo um enorme pedaço de bolo.
- Emma, cade seu colar? - Diz mamãe puxando a gola de minha blusa de frio.
- Tire pra tomar banho, devo ter esquecido no banheiro. Pego antes de sair.- Ela pareceu satisfeita com minha resposta e voltou a tomar seu café em silêncio.
Quinze minutos depois, vou até o banheiro escovo meus dentes e pego meu colar e coloco no bolso. Pego minha mochila e jogo uma alça sobre o ombro esquerdo e saio até meu carro. A manhã estava mais fria que a do dia anterior, quase 10° graus. Jogo minha mochila no banco do passageiro e entro, antes de ligá-lo meu celular toca.
- Alô?
- Emma, já esta no colégio? - Pergunta Kim do outro lado da linha.
- Não, to saindo de casa. - Digo ligando o carro e dando ré. Espero o portão se abrir e saio para a rua.
- Pode me pegar? Meu carro resolveu pifar bem agora.
- Sério? Já chego ai então. - Desligo e vou até sua casa.
Ao chegar vejo Kim na calçada, ela esta com uma blusa rosa extremamente grande e peluda, com cachecol e touca. Encosto perto dela e abro a porta.
- Menina pra que tudo isso? - Falo assim que ela se acomoda ao meu lado.
- Eu to parecendo uma máquina de lavar secando a roupa, de tanto que estou tremendo. - Diz batendo o queixo assim que saio e sigo para o colégio.
Estacionei no estacionamento do colégio no mesmo lugar de sempre. Pego minha mochila e vou para a entrada acompanhada pela Kim tremedeira. Vou para meu armário e guardo minhas coisas, ficando apenas com o necessário. Vejo Austin se aproximar e colocar as costas no armário ao lado com as mãos nos bolsos. Ele estava com um casaco xadrez preto e vermelho, com uma calça levi's preta e all star da mesma cor, uma touca estava levemente colocada em sua cabeça, deixando-o ainda mais com ar de "badboy descolado"
- Oi - Disse tentando não parecer tão boba.
- Oi, como você tá? - Perguntou me olhando com um olhar procupado.
- To bem e você? - Falei tentando parecer desinteressada.
- Sim, sai comigo depois das aulas?
- Como assim? - pergunto desintendida.
- Tem um lugar que eu conheço que fica muito bonito nessa época do ano.
- Tudo bem, eu vou. - Disse depois de pensar um pouco. Austin passa um braço por trás da minha nuca e me guia até a nossa sala, conversamos sobre coisas aleatórias até chegarmos lá. Eu e Austin estávamos mais próximos e eu estava gostando disso.
A hora passou rápido, Austin estava se sentindo um pouco apreensivo hoje. Na hora do intervalo, me sentei com Kim e Grag, pois Karin não veio.
Já na hora da saída, fui até meu armário e peguei minhas coisas. Austin me disse que o lugar não era muito longe e poderíamos ir á pé.
- Hey, eu estava pensando aqui comigo, e eu não sei nada de você, nem mesmo sua idade. - Eu disse depois de alguns segundos em silêncio.
- Você vai saber daqui a pouco Emma- Achei o que ele falou um pouco estranho, mas ele deve estar esperando até chegarmos no lugar onde ele disse, para conversarmos melhor.
Depois de quase quinze minutos caminhando, Austin disse que haviamos chegado. O lugar onde ele me levou era realmente lindo, mas acho que ficaria ainda melhor na primavera, ou no outono. O lugar ficava bem no centro de uma praça. A praça não era muito grande, havia alguns bancos espalhados e muitas árvores rodeava o local. O lugar onde Austin havia falado era como uma casinha de madeira, era pequena de apenas um cômodo, as portas e janelas eram um quadrado aberto. Seu exterior era pintado em branco e havia pequenas flores abaixo das janelas, seu interior era também pintado em branco, haviam dois bancos no local, um de frente pro outro. A casinha era alta, devia ter no máximo dois e vinte de altura e dentro dela podia muito bem caber cerca de cinco pessoas. O interior era frio e sem graça, mas o exterior falava por si só. Austin entrou e se sentou, bateu no banco a sua frente pedindo para eu me sentar.
- Eu não queria te falar assim tão cedo, mas é preciso pois você corre perigo.- Disse Austin olhando nos meus olhos. Levantei uma sobrancelha e o olhei com ironia.
- Pois então fale o grande perigo que eu corro.
- Como vou falar isso? - Austin ajeitou sua toca e fitou suas mãos.
- Começa do início. - Eu o incentivei.
- Ok, meu nome é Austin Larsson e aparentemente tenho 19 anos. Mas eu sou ... - Austin fez uma pausa e segurou minha mão, olhou nos meus olhos e então disse.- um anjo caído. - Meus olhos automáticamente se arregalaram. Como assim anjo caído? Começei a ficar ofegante e tive que sair da casinha. Como assim ele é um anjo caído? Pensei mais uma vez.
- Emma, eu não queria te contar isso agora mas foi preciso.
- Espera, você é um anjo caído?
- Sim Emma, eu sou um anjo caído, aquele da história da Bíblia. - Austin disse com a maior tranquilidade do mundo.
- Como você pode ficar tranquilo me falando isso? - Praticamente gritei para ele.
- É porque eu já te disse isso várias vezes.
- Espero não estar enganada, mas essa é a primeira vez que escuto isso.
- Quer me deixar falar toda a história? - Perguntou Austin.
- Tá, pode continuar. - Disse voltando para dentro da casinha.
- Bom, vou começar do início. Eu caí por causa de uma garota humana, eu estava curioso pra saber como os humanos viviam e entre outras coisas. Isso aconteceu um pouco depois que Lúcifer e seus seguidores caíram. Eu à segui, e depois de tanto conviver com os humanos aprendi a amar a garota, como os humanos amavam os seus parceiros e seus filhos. A garota havia um grande laço comigo como uma energia, eu podia sentir e ela também sentia. Mas alguns meses depois ela morreu sem ao menos me conhecer, fiquei sem chão. Eu queria que os Arcanjos me aceitassem de volta, mas eles me fizeram ficar até o dia do juízo final. Tive que conviver infeliz entre os humanos, tive que aprender a ser como eles. Até que alguns anos depois eu senti a mesma energia que senti anos atrás por aquela garota. Dessa vez me aproximei dela e até nos casamos, cada vez mais eu me sentia apaixonado por aquela mulher e ela por mim, eu sentia que era a mesma pela qual me apaixonei anos antes, mas não tinha certeza. Um dia ela foi brutalmente assassinada e nosso laço se rompeu. Depois de anos, a mesma energia retornou e eu pude acha-la, eu tinha certeza de que era a mesma pessoa a cada século que se passava. Até que a 17 anos atrás eu pude sentir essa energia voltar quando você nasceu e eu vi que era você, sempre foi. Os olhos, os lábios... sempre foram os mesmos. - Mais uma vez meus olhos se arregalaram automáticamente. Austin segura minha mão e então continua.
- Sinto muito te falar, mas a pessoa que você fala que é sua mãe, na verdade não é. Sua mãe verdadeira sempre morre assim que você nasce, isso acontece porque Francis tenta te matar sendo ainda um bebê na barriga, ele mata sua mãe mas você nasce salva. Ao passar dos anos ele te observa, tentando te matar sempre que há oportunidade, ele sempre consegue te matar quando passa dos 17 anos, não sei o porque.
- E quem é a pessoa que se passa pela minha mãe? Isso está tão confuso.
- Se quiser posso te contar tudo depois, se você estiver se sentindo sobrecarregada.
- Não, continua por favor. - Disse, mesmo que eu esteja sobrecarregada com toda essa informação, eu queria saber.
- A pessoa que cuida de você desde sempre é Augusta, ela é a anja da guarda de sua mãe. Ela prometera para Tália, sua mãe verdadeira, que sempre iria cuidar de você, não importasse as circunstâncias. - Abri a boca para falar mas nada saiu da minha boca. Um anjo sempre se passava pela minha mãe e eu nem percebi, cara que loucura.
- Com Karin sempre foi assim também?
- Não, você sempre foi filha única, Karin foi um presente de Deus.
- Exitem outros?
- Sim, muitos andam normalmente entre os humanos, Aisha é uma anja da guarda, aliás é a sua anja da guarda. Você não percebe, mas ela sempre está com você, não é apenas no Julio's - Austin abre um largo sorriso e no meio dessa confusão toda que estava na minha cabeça, eu consegui relaxar e sorrir também, apreciar seu belo sorriso. - O Drew também é um caído, me acompanhou em tudo.
- Entendo. - Digo pensando em mais alguma pergunta.
- Ah, o Nico tem algo a ver com isso também? Um dia ouvi vocês falarem sobre ele ficar longe de mim.
- Onde ouviu isso? - Austin perguntou preocupado.
- Vocês estavam saindo do Julio's.
- Bom, Nico também é um caído.
- Logan parecia saber de muitas coisas a seu respeito, o que ele era? - Pergunto.
- Logan era um informante de Francis, ele pegava informações sua e levava para ele, em troca Logan saberia de tudo. Mas acho que ele cansou de ter que fazer isso e lhe contou o que não devia, então os homens de Francis mataram ele. -
Filho da puta! Eu sabia que foi aquele desgraçado!
- O que Francis é? - Pergunto tentando não deixar a raiva transparecer.
- Francis é um Nefilim. Ao decorrer dos séculos, ele conseguiu reunir um bom número de Nefilins e montar seu próprio exército.
- E porque ele quer me matar?
- Ele acredita que você pode carregar algo consigo, nunca soube o que é. - Olhei para ele confusa, aquilo tudo estava realmente me confundindo. Ok, eu sempre acreditei em vidas passadas e essas coisas, mas agora, ser sempre apaixonada por uma mesma pessoa e ainda por cima um anjo caído?
- Porque ele não me matou antes? Não entendo.
- Ele já tentou várias vezes, não se lembra quando tinha seis anos e quase morreu afogada no lago? Sempre jurou que alguém tentou te matar mas ninguém acreditou? Era Francis lá. Foi Aisha quem te salvou aquele dia, e em todos os outros.
- Então devo agradecer muito a ela. - disse sorrindo.
- Sim. - Austin também sorriu. Era difícil processar toda aquela informação, mas parecia que com Austin tudo era mais fácil. Seu sorriso fazia derrubar qualquer barreira que me impedia de não acreditar.
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Entre Anjos e Lobos - Origens
Fantasy[REVISANDO] Livro 1 - Completo Emmanuela Leclarc se mudou para casa da irmã a alguns meses e sentiu, de certo modo, uma estranha liberdade. Conhecera o homem de seus sonhos na festa da melhor amiga, ele de alguma maneira, conseguia deixar Emm...