Reencontro de natal [Concluído]

46. Cadê o Harry Potter?

Quando nós dois voltamos do enterro eu fui direto para a cama. Justo eu que sempre tive medo de ver gente morta no caixão e, desde os meus 13 anos, sempre fugi de chegar perto do cadáver grudei na minha mãe e na minha irmã até o último segundo.

Doeu demais saber que era a última vez que eu estava vendo as duas, minha mãe foi uma mulher incrível, fez de tudo para que todos nós tivéssemos tudo e mais um pouco e eu espero honrar a memória dela para sempre.

Eu quero que os meus filhos saibam quem foi a tia e a avó deles, eu quero que os meus filhos levem os valores das duas com eles e eu não sei se elas foram memoráveis para o mundo, mas todos que as conheceram sentiram muito a perda.

Já o meu cunhado foi um homem que cuidou da minha irmã, era justo, honesto e seria o pai perfeito para os meus sobrinhos, com certeza passaria os valores da família para eles.

O Pietro tem sido a minha fortaleza no meio de tanta desgraça, ele não me abandonou por um minuto sequer e, além disso, ele está ajudando o meu pai também.

Meu coração aperta só de pensar no meu amado pai, ele já passou por tanta coisa na vida e agora perdeu a esposa, a filha e o genro.

Parece que todas as pessoas boas estão indo embora e, nós que estamos ficando para trás, somos más pessoas e por isso merecemos essa dose de sofrimento.

Estou deitada na cama em posição fetal encarando a porta do banheiro da minha suíte quando sinto o Pietro deitar por trás de mim e me abraçar.

O carinho dele nas minhas costas é reconfortante, eu só queria que essa maldita dor passasse e que tudo isso fosse só um pesadelo do qual eu vou acordar daqui alguns segundos.

Peço mentalmente "Se isso for um pesadelo me faça acordar em 3... 2... 1...". Não funcionou, mas Deus seria tão desgraçado assim com uma pessoa que nunca fez mal a ninguém?

Deus existe ou só existem as elites que controlam o mundo? Nós temos salvação? Eu quero ser salva? Será que o apocalipse já não aconteceu e nós ficamos para trás porque somos pessoas ruins?

Tudo isso se passa pela minha cabeça e eu não encontro nenhuma resposta, ao mesmo tempo eu me viro de frente para o Pietro e me aninho nele, como se eu fosse só uma criança que precisa de colo.

Esses dias vão passar, dizem que o primeiro ano é o pior, depois disso você já consegue ir se virando e voltando a sentir felicidade.

Felicidade? O que é isso mesmo? Cadê o Harry Potter? Eu acho que tem milhares de dementadores em volta de mim e nem o Willy Wonka me tira desse torpor absurdo.
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De novo, me desculpa se eu te ofendi falando sobre Deus, mas foi exatamente assim que eu me senti quando perdi a minha família em dois meses, então trouxe isso para a Brianna porque eu quero trazer o sentimento real para essa história.