Mr. Mashall

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-Número 4, ao gabinete de Mr. Marshall.-uma voz computorizada ecoa por todo o edifício, e os olhos de todos caem na rapariga.

Merda.
E se Fleur fez queixa sobre o seu plano maluco?! Mas... ela não consegue articular frases em inglês. Merda, podiam pedir a um tradutor que traduzisse para inglês! A 4 arrependia-se de ter contado o plano com o instrutor, apesar de reconhecer que precisava de Fleur: esta era quem cumpria mais missões lá fora.

A número 4 caminha pelos longos corredores de dormitórios, ouvindo alguns comentários desagradáveis. Era a primeira vez que Mr. Marshall se pronunciava após ter morto aquele rapaz à frente de todos, e não pareciam ser boas notícias.

-Se morreres posso ficar com o teu quarto?-ela ouve a provocação de Luke.-O meu está cheio de humidade e...

-Fode-te, Hemmings.

A número 4 sabia que devia ter cuidado na forma como se dirigia a Luke Hemmings, o número 53, pois era o melhor lutador do edifício. Ela costumava ignorar as provocações dele mas ela estava extremamente nervosa agora e Luke não parecia ter ficado ofendido pois sorriu.

Finalmente no gabinete, ela bate à porta, e recebe a indicação para entrar.

-Diretor Marshall, bom dia. Como posso servi-lo?

-4! Senta-te, por favor.-ele pede.

A rapariga obedece e Mr. Marshall questiona:

-Como te sentes hoje?

Isto era um teste? Bem, era melhor passá-lo com distinção.

-Bem, senhor. Obrigada. Sinto-me honrada por defender a América na linha da frente e não ter que viver nas ruas.-ela afirma e o diretor sorri.

-4, nota-se que foste uma das primeiras crianças aqui acolhidas. A tua lealdade já não se encontra nos jovens dos dias de hoje. Como estão os teus colegas? Tens ouvido algum... descontentamento?

Não, os instruendos não são idiotas.

-Não, senhor.-a 4 afirma.-Notei alguma preocupação dado o incidente com o número 78 e após o castigo coletivo. No entanto, parece que o clima já voltou ao normal.

-Ótimo. Então... tenho acompanhado o teu progresso. És uma das melhores alunas e quero que regresses às missões. Reconheces que precisei que fizesses uma pausa após o que aconteceu, certo? Era uma missão impossível mas queria tanto que fosse bem sucedida que nem pensei corretamente. O incêndio, o envolvimento da Polícia.... achei por bem parares um ano para recuperar.

A 4 nunca perdoaria Marshall pelo que aconteceu. Este desenhou um plano altamente fraco e impulsivo que a levou para uma situação de perigo de onde teve de sair sozinha, apesar da enorme dor. Porquê a pressa? Porque "o alvo a abater ia apenas ficar 2 dias no país e era uma oportunidade única para o matar". A 4 arrastou-se daquele incêndio sozinha, e demorou 1 ano a curar-se. Agora o fogo era claramente a sua fraqueza.

Ela força um sorriso e comenta:

-Claro. Tudo pela América.

-Ótimo! Aqui tens o processo do alvo. Oh, ia-me esquecendo: como vais reintegrar-te nas missões, pensei que seria melhor seres acompanhada por um instrutor neste regresso.-Marshall afirma.

-Senhor, não me parece necessário mas o senhor saberá melhor que eu. Obrigada por esta oportunidade.

-De nada. Estás dispensada.-ele fala e regressa ao seu trabalho.

A 4 sai do gabinete e regressa ao seu dormitório, onde encontra Luke já a tentar mudar a sua cama de sítio.

-Regressa à tua humidade, Hemmings.- a 4 atira e ele bufa, aborrecido.

A 4 volta a colocar a cama no sítio e verifica se Luke escondeu algo de forma a incriminá-la nas próximas vistorias. Nunca se sabe. Um pacote de drogas surge e a 4 atira-o pela sanita. Quem diria que Luke queria assim tanto o seu dormitório.

Fleur lia um livro na cama enquanto a 4 fala, finalmente:

-Vou regressar às missões. Hm... eu pensei que quando Marshall me chamou ia castigar-me porque tinhas contado o meu plano com o instrutor novo. Sei que falar disso te incomodou. Agora que finalmente posso ir lá fora, eu tratarei do plano eu mesma sem te envolver...

Fleur ignora-a e atira-lhe à cabeça um papel determinado dobrado várias vezes. Quase que lhe acertou no olho mas a 4 não queria saber. Estava demasiado entusiasmada. A rapariga fecha a porta do dormitório para ter alguma privacidade e lê o artigo:

-"Como conseguir o teu amado em 10 dias". Merda, será que dá para passar para 5? É urgente.-a 4 comenta e abraça a folha.-Fleur, isto é ótimo!... Espera, vais pedir uma vistoria aos dormitórios enquanto tenho isto na minha posse?

Fleur e a 4 olham-se intensamente por uns segundos e a 4 decide:

-Não confio em ninguém. Viste o que o Hemmings fez por um quarto sem humidade. Vou destruir este papel depois de o decorar. Mas obrigada por arranjares isto nas tuas missões.

Fleur assente e regressa ao livro, esperando que a 4 se calasse. No entanto, a rapariga continua a ler:

-"Passo 1: faz o teu amado reparar em ti." Vai ser difícil. Somos 100 aqui. "Passo 2: consegue algum tempo sozinha com ele." Merda. É impossível. Não consigo tempo sozinha nem na casa de banho. "Passo 3: mostra-lhe o teu melhor lado". O meu melhor lado é o esquerdo, concordamos nisto, certo?

Fleur revira os olhos com o comentário. A número 4 ia falhar redondamente neste plano, sabia-o. A francesa não tinha muita experiência social comparada com uma pessoa normal fora daquele bunker, mas dentro do bunker era a que melhor conhecia as dinâmicas lá fora. Até aos seus atuais 25 anos, Fleur tinha visto vários casais e filmes românticos no exterior, em segredo; tinha lido vários romances e revistas de mexericos que eram proibidos no bunker.

E isso dava-lhe a certeza que o artigo que a 4 segurava nas mãos não falava de mostrar o seu lado esquerdo.

Fleur aponta para o coração da 4, corrigindo-a.

-Ah! Claro, a minha mama. Sou uma idiota.- a 4 assente, agora esclarecida, e Fleur abana a cabeça negativamente, continuando a bater com o dedo no peito dela.-Autch, Fleur! Mas que raio?!

Fleur faz um coração com as mãos e a 4 finalmente percebe. Ela comenta:

-Ninguém aqui tem um desses, mas posso inventar um.

A 4 decora os restantes passos e finalmente rasga o papel aos pedaços, comendo cada um deles. Não podia deixar provas.

Victims Of Authority [afi/lrh] TerminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora