Help!, The Beatles

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Michael, Luke e Fleur já não se falavam há 1 mês e meio, mais ou menos quando Dakota desapareceu. Sempre que estavam juntos o assunto era Dakota, então acabaram por se afastar de modo a evitar tocar na ferida.  Sentiam que a esperança e liberdade tinham sido levados com ela.

A unidade andava bastante calma, receosa de ter o mesmo fim que a rapariga. Ashton tinha perdido completamente o controlo e o seu problema com o álcool agravava-se. Naquela noite, ele perdeu o resto da sanidade mental e decidiu confrontar Marshall pela primeira vez na vida.

Assim, entra no gabinete do pai sem  bater e o homem olha para o filho, desagradado com o estado do mesmo.

-Pareces miserável.-Marshall comenta.

-Eu estou. Onde está Dakota?

-Quem?-o pai faz-se de desentendido e Ashton irrita-se.

-Não faças essa merda.

-Ashton, queres que te atire para um buraco pior do que aquele em que Dakota está, atualmente?-o pai ameaça.-Se quiseres, está à distância de uma chamada. Senta-te.

-Não! Preciso de a ver!

Marshall bufa, deixando de prestar atenção ao seu trabalho no computador. Como ele desejava não ter tido filhos. O diretor avança:

-Ela está bem, está na prisão.

Ashton sente um aperto no coração e atira, desesperado:

-Dakota nunca sobreviverá!

-Não a substimes, filho. Desde que lá entrou 10 reclusas morreram misteriosamente. Não sou de intrigas mas acho que foi obra dela. Ashton, Miranda disse-me que Dakota estava a pensar em trair-nos... como não sabia a origem do rumor e iam sempre culpar a outra se as confrontasse, decidi castigar as duas. Sabes que tinha de fazer algo em relação ao rumor.

Ashton puxa as pontas do cabelo, completamente exausto. Como raio é que aquilo aconteceu?

-Dakota nunca te trairia! Sabes que fez sempre tudo o que lhe pediste e sempre obteve sucesso. Disseste-me que era a tua favorita!

-E é. Consequentemente, exijo mais dela. Ashton, é só um castigo.-o pai assegura.-Ficará na prisão durante 3 meses e depois ordenarei à polícia que elimine as provas que tem contra ela e feche o caso. Já se passaram quase 2 meses, falta pouco. O segredo para o sucesso é saber que todos compreendem o seu lugar e função. Dakota parecia ter-se esquecido, mas tenho a certeza que a prisão a lembrará.

-Já te passou pela cabeça que Miranda inventou essa mentira para arranjar problemas a Dakota e cair nas tuas boas graças?!-Ashton exalta-se.-Via-as lutar antes de Dakota ser presa e partiu um braço a Miranda! A retaliação era certa!

-Bem, Miranda está morta pelo que não posso propriamente perguntar-lhe o que aconteceu. Ouve, Dakota está a ir bem. Provavelmente tem imensas amigas agora.

Ashton senta-se finalmente, sem saber muito bem o que fazer. Imaginava o medo e desespero da rapariga e isso magoava-o.

-Apaixonaste-te por ela.-o pai observa.-Não te julgo. Caí no mesmo erro com a mãe dela. Tal pai, tal filho.

O filho olha-o, confuso. Subitamente, ele pede:

-Por favor, diz-me que não és pai de Dakota.

-O quê?! Claro que não sou. Achas que se fosse permitia que andassem a foder atrás das minhas costas?

Bem, parecia que Marshall sabia. O pai arruma alguns documentos enquanto explica:

-Valentina. É a mãe de Dakota. É exatamente igual à filha, fisicamente e psicologicamente. Conheci-a enquanto tentava recrutar o marido dela como instrutor. Apaixonei-me por Valentina. Foi estúpido, eu sei mas era inevitável: quando ela entrava numa divisão, todos a olhavam; era uma pessoa que se destacava naturalmente, sem ter que se esforçar; a sua postura era tão graciosa quanto manipuladora, e conseguia fazer o que quisesse das pessoas com apenas um sorriso; era tão inteligente e sonhava tão alto que parecia idiota, mas idiota era quem não a conseguisse acompanhar; não conseguia digerir um "não" e não sabia parar.

Ashton percebe e enorme semelhança entre mãe e filha, parecendo que, por momentos, estaria a descrever Dakota. Marshall prossegue:

-Os pais de Dakota estavam a passar una fase complicada com a crise económica e social que se instalou. Assim, não tinham condições para tomar conta da filha, e esse era o maior desgosto de Valentina.-Marshall comenta.-Odiei vê-la naquele estado. Então, Valentina sabia do meu projeto de treino de jovens e pediu-me que tomasse conta da filha. Eu não queria, foda-se. No entanto, olhei para Dakota e... era uma fotocópia da mãe: também não lhe consegui dizer não. Assim, como o idiota que eu era, prometi proteger Dakota quando a mãe ma entregou; prometi dar-lhe uma boa vida quando crescesse, oportunidades, condições e educação. Valentina confiou em mim.

-É por isso que sempre tiveste um carinho especial e maior exigência por Dakota.-Ashton finalmente percebe.-A mãe dela foi a única pessoa que alguma vez amaste e tinhas para sempre algo seu.

-Bem, a tua mãe também não era má de todo mas não era Valentina.

Ashton ignora o comentário, surpreso com as novas informações. O pai prossegue, agora incomodado:

-Pensei que estivesse a salvar Dakota mas apenas a fiz caminhar para um poço sem fundo. Sabia que, com a personalidade que ela tinha, ia ser infeliz aqui e sentir-se enjaulada mas eu precisava de algo que pertencesse a Valentina e me lembrasse dela, já que nunca me amou de volta. Assim, submeti Dakota a este programa mas cedo me arrependi. Eu nunca deveria ter colocado Dakota no sistema porque é impossível retirá-la... iriam persegui-la toda a vida, até ela morrer ou simplesmente se cansarem dela. Leste o ficheiro dela? Aquela missão que correu mal porque os alvos descobriram o disfarce dela e provocaram aquele grande incêndio para a matar? Bem, fui eu quem a denunciei. Assim ela poderia fingir a própria morte e ser livre. Não suportava vê-la infeliz já que era exatamente igual à mãe e... incomodava-me. Só não esperava que insistissem em procurá-la por ser tão boa no que fazia. Acabaram por a encontrar e atirar para aqui de novo.

Ashton sabia que o pai não o amava assim tanto e era surreal saber que em tempos agira totalmente guiado pelas emoções.

-Por isso,-Marshall comenta, bebendo mais da garrafa de álcool.-compreendo a tua dor e partilho-a. A última coisa que quero é ver Valent... quer dizer, Dakota infeliz.

-Porque não te incomodou que eu e Dakota estivéssemos juntos? Não permites relações nestas instalações.

-Bem, era a minha esperança. Que vocês se apaixonassem um pelo outro. Daí também mover-te para esta unidade.-Marshall confessa e Ashton arregala os olhos.-Achas mesmo que não a via entrar e sair do teu gabinete ou que tinham ficado juntos em missões por obra e graça do Espírito Santo? Sabia que ias apaixonar-te por Dakota porque és tal e qual eu quando era jovem: iludido, desesperado por aprovação, fácil de impressionar. Só não sabia se ela ia apaixonar-se por ti... Valentina nunca me escolheu por isso não tinha muitas expetativas.

Ashton tenta não se sentir ofendido e pergunta, demasiado embrenhado para parar agora:

-Qual o propósito de nos quereres juntos?

-Seria complicado mas pensei que... vos pudesse promover aos dois para a minha posição nesta unidade. Ficariam juntos e com liberdade e autonomia para poderem viver a vossa vida conjunta no exterior. Ninguém vos perseguiria. Vocês os dois seriam invencíveis, juntos.

Estaria Marshall a contar tudo aquilo porque estava com receio que não conseguisse juntar e salvar o casal após a prisão de Dakota dada a destruição da unidade dali a 4 meses?

-Porque me contaste tudo isto?-o filho questiona, sentindo-se ficar sóbrio, e o pai encolhe os ombros.

-Redenção, suponho.

Victims Of Authority [afi/lrh] TerminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora