Survivor, Destiny's Child

10 3 1
                                    

Dakota permanece no dormitório, em silêncio, extremamente aborrecida. Tinha sonhado com o que Luke lhe dissera e Dakota não deixava de sentir alguma mágoa para com o grupo por a abandonarem. No entanto, ao mesmo tempo sentia alívio pois não seria novamente castigada graças ao plano. Todos aqueles pensamentos contraditórios estavam a levá-la à loucura. Precisava de... conselhos, e sabia precisamente onde os obter.

Ela caminha até ao seu antigo dormitório, onde Fleur lia. A rapariga parece entusiasmada por a ver e aguarda que fale.

-Fleur.-Dakota começa.-Será que podias emprestar-me o telemóvel que usávamos?

Fleur assente e aponta para a porta, para que fique de vigia enquanto entra na conduta de ar para o ir buscar. Uns minutos mais tarde, regressa, e abandona o quarto para que Dakota pudesse falar à vontade.

A rapariga procura o número pretendido e marca-o. Do outro lado, ouve:

-Estou? Miúdos?

-Samantha. Olá. Sou eu, a Dakota. Ou Heather, como preferires.-a rapariga fala, constrangida.

-Dakota! Fui visitar-te à prisão e disseram-me que tinhas sido ilibada. Calculei que tinhas regressado ao bunker e quis dar-te algum tempo para te adaptares antes de ligar. Então, como estás?

-Bem. Hm... quando saíste da prisão sentiste que todo o mundo tinha avançado exceto tu?-Dakota questiona.

-Sim, claro. Todos os meus amigos tinham tido filhos, casado, comprado uma casa... e eu tinha acabado de sair da prisão. Magoava saber que ninguém esperou por mim.

-Mas... se são teus amigos e família, não deviam ter esperado por ti?!-Dakota está incomodada.

-Não, querida... Não vão parar as suas vidas por alguém. A vida continua.

-Bem, isso é injusto: a minha vida parou porque fui parar à prisão por algo que fiz para que conseguíssemos sair daqui como grupo.-Dakota atira.-E agora querem ir sem mim.

-Mas os teus amigos disseram-me que já não querias fazer parte do plano.

Dakota não responde e Samantha finalmente compreende. A mulher afirma:

-Tu queres que eles parem a tua vida por ti, não queres?... que voltem para ti, sintam a tua dor, e só retomem a sua vida quando a tua estiver em andamento de novo. Bem, querida, isso não vai acontecer por isso ou te juntas a eles ou os deixas ir.

-Isso é uma merda.-Dakota rosna.

-A vida é uma merda. Ouve, eu sei que tens medo de voltar a ser presa mas preparaste este plano durante meses e nada te aconteceu.... só fizeste um erro. Para além disso, os teus amigos alguma vez te deixaram ficar mal?

Não, mas Dakota não responde, e Samantha prossegue:

-Não os tomes por garantidos. São bons meninos e adoram-te, e passamos a vida inteira à procura de alguém que nos ame e aceita como somos. Vais perceber isso quando chegares cá fora. Encontrei pessoas com quem me identificava e sentia bem, na organização em que trabalhava, e Marshall tirou-mos. Matou-os um a um. Não permitas que ele também te tire quem amas, por medo do que te possa fazer.

Dakota cruza os braços, aborrecida, e afirma:

-Eu disse-te que não podia quebrar na prisão porque caso saísse de lá nunca mais voltaria a ser a mesma. Eles verão que não sou a mesma.

-Tens de viver um dia de cada vez.-a mulher aconselha.-Quando estavas na prisão não fazíamos ideia se alguma vez sairias pelo que a prioridade era sobreviveres; agora que saíste, a tua prioridade é trabalhar para a tua felicidade. Acredito que a tua liberdade contribuiria em muito para seres feliz pelo que se fosse a ti agarrar-me-ia com unhas e dentes ao plano. E mesmo que estejas diferente... Dakota, a vida muda as pessoas, e o que importa é se és capaz de encontrar o caminho de regresso a ti mesma. Pára de mentir a ti mesma: eles não te esqueceram, tu é que os estás a afastar.

Dakota esfrega o rosto, irritada. Ela afirma:

-Estou exausta. Não consigo lutar mais. O meu cérebro está com todos estes pensamentos contraditórios e tudo o que sinto é medo e raiva.

-Dakota, tu estás em controlo do teu próprio corpo. Tu crias os teus pensamentos e dás-lhe o valor que entenderes que têm. Se o teu cérebro fabricou mentiras, por exemplo, sei lá, que Fleur é uma ameaça e está tão próxima que a queres magoar, cabe-te a ti questionar esses mesmos pensamentos: como é que eu sei que me vai magoar se nunca o fez? O que é que eu costumava fazer quando estava assim próxima? Abraçava-a? Assume as rédeas, Dakota.

-Adeus.

A rapariga desliga o telemóvel, irritada. Era tão difícil fazer o que Samantha dizia mas era ainda mais difícil ver os seus amigos afastar-se por sua causa.

Ao sair, entrega o telemóvel a Fleur, embrenhada nos seus pensamentos.

Nada mudou nas suas relações com Fleur, Luke ou Michael.
Era tudo fabricado na sua cabeça e tinha de a questionar. Já não estava no modo alerta constantemente.

Sem pensar, Dakota agarra as suas coisas e atira-as para a sua antiga cama, no dormitório que costumava partilhar com Fleur, que está surpresa com a invasão.

Fleur nunca lhe fez mal. Está tudo bem.

-Fica do teu lado e eu do meu, e talvez isto funcione.-Dakota afirma.

Era extremamente doloroso sair da sua zona de conforto, mas Dakota não podia continuar a isolar-se. Samantha tinha razão: a vida continua, com ou sem Dakota.

Victims Of Authority [afi/lrh] TerminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora