A 4 estava nervosa porque hoje iria regressar às missões, após um ano. No entanto, exteriormente parecia extremamente calma, e Fleur não sabia como podia estar tão tranquila se ela tinha acabado de destruir o sistema de regulação da piscina e Mr. Marshall estava completamente irado.
As instalações tinham agora inundações e todos os instrutores tentavam ajudar a conter o problema. A número 4 bate à porta do gabinete de Mr. Marshall, que responde com irritação:
-O que foi desta vez?! Oh, és tu, 4.
-Peço imensa desculpa incomodar neste momento tão inoportuno mas a minha missão é daqui a 4 horas e ainda não tenho um instrutor para me acompanhar, como o senhor insistiu.
Marshall tira os óculos e passa as mãos pelo rosto, exausto. Ele admite:
-Esqueci-me completamente.
-Posso pedir a algum instrutor que esteja livre do problema da piscina. Sei que está ocupado. Não tem com que se preocupar.-ela diz o que havia planeado.
-Ficava-te agradecido. Nem sequer sei que instrutores estão livres, ou em que postos. Foram todos ajudar na piscina, acho, mas por favor, faz isso. Boa sorte na missão.
A número 4 sorri e afasta-se. Tinha tudo corrido como planeado. Ela procura o instrutor Irwin por todas as instalações e finalmente encontra-o, no refeitório. A rapariga chama-o, atrás de si, perto do seu ouvido:
-Senhor Irwin.
O homem sobressalta-se com a aproximação sorrateira: nunca ninguém se tinha aproximado tanto de si. Ele recompõe-se e assente, esperando que a 4 fale. Ela afirma:
-Mr. Marshall pediu-me que arranjasse algum instrutor disponível para me acompanhar na minha missão de hoje. Parece disponível. Está?
-Qual o teu número?
A 4 sorri. Como se ele não soubesse.
-Sou o 4.-ela apresenta-se e o homem escreve no pager que irá acompanhar a 4 em missão nas próximas horas.
-Chegaste cedo a este lugar, hm?-ele comenta.
-Não antes do 1,2 e 3. O 3 está morto.
Mr. Irwin olha-a com alguma severidade e a 4 prossegue:
-Senhor, temos uma viagem de comboio a realizar. Proponho que abandonemos as instalações em meia hora.
-Concebido. Apresenta-te no ginásio pronta para sair em 30 minutos.
Ela assente e afasta-se. Antes das missões, os instruendos recebiam sempre uma mala com o que iam precisar. Assim, ela carrega a mala até ao ponto de encontro com Mr. Irwin, e senta-se em cima dela a aguardar o instrutor.
-Onde vais?-ela ouve.
A 4 segue a voz e encontra Michael, de novo com o gesso e o portátil debaixo do braço.
-Vais matar alguém?-ele questiona e a 4 assente.-Nunca matei ninguém.
-Vai chegar a tua hora. Ainda és novo.
-Como é matar uma pessoa?-ele pergunta.
-Bem, é muita responsabilidade. Tens de ter a certeza de que está morto ou poderás ter problemas com Marshall. Pode ser uma morte rápida ou lenta, dolorosa ou sem dor. Diria que é complexo.
-Prometeste treinar-me por isso tenta não morrer.-ele observa e afasta-se ao ver Mr. Irwin aproximar-se.
-Não estava nos meus planos.
-Pronta para ir, 4?-Mr. Irwin questiona e ela assente, carregando a mala de viagem que lhe foi fornecida.
Já lá fora, ela respira profundamente de olhos fechados, sentido o ar fresco. A 4 estava presa há um ano e os olhos custam a adaptar-se à luz.
-Vamos.-Mr. Irwin interrompe a sua paz e a 4 faz uma nota mental para o fazer pagar por isso eventualmente.
Os dois caminham em silêncio até à estação de comboios. A 4 olha em volta, tentando memorizar o máximo de pormenores possível. A cidade estava velha e empobrecida, pior desde a última vez que a 4 a viu. As ruas enchem-se de sem-abrigos e neve. Nenhum dos jovens sobreviveria ali se fugisse.
Finalmente no comboio, os dois sentam-se frente a frente, numa carruagem. A 4 tranca-a usando uma caneta na porta, impedindo a entrada de outros passageiros.
-O que estás a fazer?-ele questiona, surpreso.
-Tenho de preparar o material para que as armas não encravem quando tentar matar o alvo. Dispenso que chamem a polícia por algum passageiro me ver com elas. Não faziam isso no seu bunker, Mr. Irwin?
Ele não responde, parecendo embaraçado: aquele bunker era bem mais instruído do que ele. A 4 desmonta a arma em minutos e limpa-a rapidamente, olhando a paisagem. Ele observa-a e comenta:
-Pareces saber exatamente o que estás a fazer.
-Eu sei.
-Como é que alguém como tu fica presa no bunker durante um ano?-Mr. Irwin questiona e a 4 sente alguma raiva.
-Merda acontece. Consigo desmontar e montar a arma de olhos fechados. Quer ver?
-Não sejas arrogante.-ele corta.
Ela termina de montar a arma e subitamente lembra-se dos passos para conquistar o instrutor. Nunca o conseguiria assim. Merda. A 4 olha o instrutor várias vezes e o mesmo apercebe-se. Assim, ele pergunta:
-Precisas de alguma coisa?
-Cortou o cabelo.-ela forma um sorriso que tenta ser minimamente charmoso.-Tem um outro nome? Não tem cara de Ashton e Mr. Irwin parece muito velho para alguém só com 24 anos.
Ashton olha-a e vê que lhe roubou os documentos sem notar. Ele retira-os das mãos dela e corrige:
-É Mr. Irwin para ti.
-Como está a ser a sua estadia na nossa unidade, Mr. Irwin? Lamento que tenha perdido a morte do número 78: Mr. Marshall espetou-lhe uma caneta no pescoço e esvaiu-se em sangue.-ela comenta.-Limpar aquele chão foi uma dor de cabeça.
-Isso parece-te engraçado?
-Nada engraçado, Mr. Irwin, mas se levar tudo tão seriamente não durará muito nesta unidade.-a 4 comenta e ele olha pela janela, não querendo falar mais.
Bem, parece que há coisas sobre o sucesso com homens que as revistas cor de rosa não explicavam, e a 4 dá por si sem saber muito bem o que fazer para o conquistar.
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Victims Of Authority [afi/lrh] Terminada
FanfictionEm que o Governo rouba sonhos de miúdos para defenderem o país. A número 4 finalmente decidiu que prefere morrer na busca pela liberdade do que ficar mais 10 anos trancada naquele buraco escuro, frio e injusto. [Há 2°temporada, é BREAKING YOU]