Passo 3: mostrar-lhe o melhor lado

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A 4 estava nervosa porque hoje iria regressar às missões, após um ano. No entanto, exteriormente parecia extremamente calma, e Fleur não sabia como podia estar tão tranquila se ela tinha acabado de destruir o sistema de regulação da piscina e Mr. Marshall estava completamente irado.

As instalações tinham agora inundações e todos os instrutores tentavam ajudar a conter o problema. A número 4 bate à porta do gabinete de Mr. Marshall, que responde com irritação:

-O que foi desta vez?! Oh, és tu, 4.

-Peço imensa desculpa incomodar neste momento tão inoportuno mas a minha missão é daqui a 4 horas e ainda não tenho um instrutor para me acompanhar, como o senhor insistiu.

Marshall tira os óculos e passa as mãos pelo rosto, exausto. Ele admite:

-Esqueci-me completamente.

-Posso pedir a algum instrutor que esteja livre do problema da piscina. Sei que está ocupado. Não tem com que se preocupar.-ela diz o que havia planeado.

-Ficava-te agradecido. Nem sequer sei que instrutores estão livres, ou em que postos. Foram todos ajudar na piscina, acho, mas por favor, faz isso. Boa sorte na missão.

A número 4 sorri e afasta-se. Tinha tudo corrido como planeado. Ela procura o instrutor Irwin por todas as instalações e finalmente encontra-o, no refeitório. A rapariga chama-o, atrás de si, perto do seu ouvido:

-Senhor Irwin.

O homem sobressalta-se com a aproximação sorrateira: nunca ninguém se tinha aproximado tanto de si. Ele recompõe-se e assente, esperando que a 4 fale. Ela afirma:

-Mr. Marshall pediu-me que arranjasse algum instrutor disponível para me acompanhar na minha missão de hoje. Parece disponível. Está?

-Qual o teu número?

A 4 sorri. Como se ele não soubesse.

-Sou o 4.-ela apresenta-se e o homem escreve no pager que irá acompanhar a 4 em missão nas próximas horas.

-ela apresenta-se e o homem escreve no pager que irá acompanhar a 4 em missão nas próximas horas

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-Chegaste cedo a este lugar, hm?-ele comenta.

-Não antes do 1,2 e 3. O 3 está morto.

Mr. Irwin olha-a com alguma severidade e a 4 prossegue:

-Senhor, temos uma viagem de comboio a realizar. Proponho que abandonemos as instalações em meia hora.

-Concebido. Apresenta-te no ginásio pronta para sair em 30 minutos.

Ela assente e afasta-se. Antes das missões, os instruendos recebiam sempre uma mala com o que iam precisar. Assim, ela carrega a mala até ao ponto de encontro com Mr. Irwin, e senta-se em cima dela a aguardar o instrutor.

-Onde vais?-ela ouve.

A 4 segue a voz e encontra Michael, de novo com o gesso e o portátil debaixo do braço.

-Vais matar alguém?-ele questiona e a 4 assente.-Nunca matei ninguém.

-Vai chegar a tua hora. Ainda és novo.

-Como é matar uma pessoa?-ele pergunta.

-Bem, é muita responsabilidade. Tens de ter a certeza de que está morto ou poderás ter problemas com Marshall. Pode ser uma morte rápida ou lenta, dolorosa ou sem dor. Diria que é complexo.

-Prometeste treinar-me por isso tenta não morrer.-ele observa e afasta-se ao ver Mr. Irwin aproximar-se.

-Não estava nos meus planos.

-Pronta para ir, 4?-Mr. Irwin questiona e ela assente, carregando a  mala de viagem que lhe foi fornecida.

Já lá fora, ela respira profundamente de olhos fechados, sentido o ar fresco. A 4 estava presa há um ano e os olhos custam a adaptar-se à luz.

-Vamos.-Mr. Irwin interrompe a sua paz e a 4 faz uma nota mental para o fazer pagar por isso eventualmente.

Os dois caminham em silêncio até à estação de comboios. A 4 olha em volta, tentando memorizar o máximo de pormenores possível. A cidade estava velha e empobrecida, pior desde a última vez que a 4 a viu. As ruas enchem-se de sem-abrigos e neve. Nenhum dos jovens sobreviveria ali se fugisse.

Finalmente no comboio, os dois sentam-se frente a frente, numa carruagem. A 4 tranca-a usando uma caneta na porta, impedindo a entrada de outros passageiros.

 A 4 tranca-a usando uma caneta na porta, impedindo a entrada de outros passageiros

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-O que estás a fazer?-ele questiona, surpreso.

-Tenho de preparar o material para que as armas não encravem quando tentar matar o alvo. Dispenso que chamem a polícia por algum passageiro me ver com elas. Não faziam isso no seu bunker, Mr. Irwin?

Ele não responde, parecendo embaraçado: aquele bunker era bem mais instruído do que ele. A 4 desmonta a arma em minutos e limpa-a rapidamente, olhando a paisagem. Ele observa-a e comenta:

-Pareces saber exatamente o que estás a fazer.

-Eu sei.

-Como é que alguém como tu fica presa no bunker durante um ano?-Mr. Irwin questiona e a 4 sente alguma raiva.

-Merda acontece. Consigo desmontar e montar a arma de olhos fechados. Quer ver?

-Não sejas arrogante.-ele corta.

Ela termina de montar a arma e subitamente lembra-se dos passos para conquistar o instrutor. Nunca o conseguiria assim. Merda. A 4 olha o instrutor várias vezes e o mesmo apercebe-se. Assim, ele pergunta:

-Precisas de alguma coisa?

-Cortou o cabelo.-ela forma um sorriso que tenta ser minimamente charmoso.-Tem um outro nome? Não tem cara de Ashton e Mr. Irwin parece muito velho para alguém só com 24 anos.

Ashton olha-a e vê que lhe roubou os documentos sem notar. Ele retira-os das mãos dela e corrige:

-É Mr. Irwin para ti.

-Como está a ser a sua estadia na nossa unidade, Mr. Irwin? Lamento que tenha perdido a morte do número 78: Mr. Marshall espetou-lhe uma caneta no pescoço e esvaiu-se em sangue.-ela comenta.-Limpar aquele chão foi uma dor de cabeça.

-Isso parece-te engraçado?

-Nada engraçado, Mr. Irwin, mas se levar tudo tão seriamente não durará muito nesta unidade.-a 4 comenta e ele olha pela janela, não querendo falar mais.

Bem, parece que há coisas sobre o sucesso com homens que as revistas cor de rosa não explicavam, e a 4 dá por si sem saber muito bem o que fazer para o conquistar.

Victims Of Authority [afi/lrh] TerminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora