[Continuação]
Na manhã seguinte, Dakota acorda com Ashton a dormir a seu lado na cama, sem nada a cobri-lo senão os cobertores. Ela esfrega o rosto com irritação, um pouco farta dele. Tinham falado a noite inteira e envolveram-se, e sinceramente ela gostaria de estar um pouco sozinha.
-No que estás a pensar?-ele questiona, bocejando.
A verdade é que Dakota pensou em Luke o tempo todo e não conseguia parar. Por sua vez, Ashton sentia-se bem: amado.
-Estou a pensar no alvo.-ela disfarça.
-Estás a mentir.
-Na missão em si, pronto.-Dakota volta a tentar e Ashton entristece-se.
-Estás a mentir de novo. Tu... arrependes-te do que fizemos?
Dakota recompõe-se. Sabe que agora tinha uma responsabilidade para com Ashton e que mudanças súbitas podem fazer a relação deles recuar vários passos. Assim, Dakota dá-lhe toda a sua atenção, acariciando o seu rosto enquanto diz:
-Não, Ash, não me arrependo. Desculpa. Eu não consegui dormir nada esta noite a pensar que... te arrastei comigo para esta relação e estou a colocar-te em risco.
-Ainda bem que o fizeste.
Ela continua a tocar suavemente na cara dele e o instrutor fecha os olhos, agradado. Ashton podia habituar-se a isto: à pele arrepiada, borboletas na barriga, sorriso permanente.
-Devíamos fazer isto mais vezes.-ele comenta.
-Se.xo?
-Sair em missão juntos.-Ashton cora um pouco e Dakota ri.-Ouvi dizer que Mr. Marshall quer começar a fazer missões mais complexas, que envolvam vários instruendos. Foste logo apontada como uma das opções.
-Pensei que tinha perdido a confiança dele.
-Não, Mr. Marshall tem um carinho especial por ti. Diz sempre que o fazes lembrar quando era mais novo.-Ashton revela.-Mas não abuses disso. Ele está extremamente tenso nestes últimos dias.
Dakota preferia morrer a ser parecida com Marshall. Ele prossegue:
-Quando saímos em missão juntos da última vez, disseste-me que demoraste mais tempo no golpe porque estavas a rezar.-ele lembra.-Como assim, rezar?
-Bem, sabes que nos dizem sempre que não devemos questionar ordens pelo que não sabemos o que fizeram para merecer a morte.
-Ameaçaram a América.-Ashton responde de imediato, confuso com a dúvida dela.
-Sim mas a morte é mesmo necessária? Não haveria outra forma de resolver o atrito?... nunca saberemos. Então nesse dia, pedi desculpa ao alvo e fiz-lhe um funeral digno. Como reparei que era cristão, perguntei se queria rezar nos seus últimos momentos e foi o que fez.
-Fazes sempre isso?-ele questiona e Dakota assente.-É... bonito. És diferente de todos os que conheci. Foi o que me chamou à atenção em ti. Tens um bom coração.
-Não sei, eu... menti, enganei e traí tanto nestes últimos anos. Às vezes tenho medo de já não conseguir distinguir a verdade e acreditar nas mentiras que digo.
Ashton encosta as testas, familiarizado com aquelas palavras. Ele afirma:
-Tiveste de fazer algumas coisas para sobreviver, Dakota, mas não são um reflexo de quem és. É uma resposta às condições em que estás. Mas não te preocupes: sempre que precisares eu ajudar-te-ei a ver a verdade.
Dakota sorri e Ashton faz o mesmo, antes de exclamar:
-As horas. Temos de ir.
-Ou podemos ficar aqui.-ela bufa.-Não estou com vontade de matar ninguém hoje.
-Bem, é melhor arranjares ou quem morre és tu. Vá lá.
Dakota veste-se a muito custo e prepara as armas. Saber que mataria um inocente dali a pouco incomodava-a tanto. Já fora do hotel, Dakota sente a neve cair no seu rosto e rodopia. Ashton agarra a sua mão e caminham lado a lado na rua por alguns minutos.
Finalmente batem à porta de casa do alvo e, quando lhes abre a porta, forçam a entrada. Ele cai e suplica pela vida e Dakota tenta ignorar as fotos felizes com os filhos espalhadas pela casa. Aponta a arma à cabeça e afirma:
-Lamento imenso. Tenho de fazer isto ou outra pessoa virá, atrás de si e de mim. Não é nada pessoal. Prometo fazer-lhe um funeral digno. Quer rezar um pouco?
O homem assente, em lágrimas, e Dakota pede a Ashton:
-Podes dar-nos um momento, por favor?
O homem assente e afasta-se. Dakota aproxima-se do alvo e sussurra:
-Nem imagina o quanto lamento. A verdade é que estava correto: a Polícia é corrupta e cobriu um assassinato realizado pela minha colega. O seu único erro foi apresentar queixa... devia ter continuado a sua vida. Eu sou um deles, Lewis, mas eu prometo que vou matá-los e vingar a sua morte. É um homem muito corajoso.
O senhor assente e Dakota pressiona o gatilho. Durante alguns minutos, ela reza, e Ashton junta-se a si. Dakota repara num tubo de tinta esquecido em cima da mesa e rouba-o sem pensar, verificando que Ashton não viu. Os dois abandonam a casa em silêncio.
-Estás bem?-ele pergunta, sentindo que está pensativa.
-Sim. É sempre complicado quando têm fotos dos filhos afixadas.
Ashton assente e finalmente fala:
-... e se tirarmos o resto do dia? Pensei que talvez pudéssemos sair e fazer algo divertido. Para não pensares nesta situação durante algum tempo.
-Eu ia gostar disso.
Ele coloca o braço por cima dos ombros de Dakota e caminham em direção à estação para os levar até ao centro da cidade.
-Mas que...-eles ouvem.-Não vi nada, eu... tenho de ir.
À porta da carruagem em que se encontravam, estava um rapaz que reconheceram como sendo um intruendo, chocado com a proximidade de Dakota e do instrutor. Dakota nem teve tempo de reagir pois Ashton levantou-se de imediato e comentou:
-Se tens dúvidas se uma pessoa viu algo ou não, espera que digam que não viram. É porque viram. Com licença.
Dakota espreita para o corredor e vê Ashton matar o rapaz com um só golpe de faca no seu pescoço. Parece que Fleur não era a única especialista em facas. Ele regressa, e limpa as mãos cobertas de sangue ao lenço que retira do bolso.
-Que confusão tão desnecessária.-ele suspira e ouve-se um grito, fazendo-o prosseguir-Saímos nesta paragem? Descobriram o corpo.
Dakota obedece, ainda em choque. Já tinha perdido a disposição para passear. Aquilo fá-la perceber que Ashton não ia deixar passar impune quem se intrometesse na relação, e deu por si a temer por Luke.
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Victims Of Authority [afi/lrh] Terminada
FanfictionEm que o Governo rouba sonhos de miúdos para defenderem o país. A número 4 finalmente decidiu que prefere morrer na busca pela liberdade do que ficar mais 10 anos trancada naquele buraco escuro, frio e injusto. [Há 2°temporada, é BREAKING YOU]