Dakota não tinha conseguido dormir com Fleur por perto pelo que passara a noite no seu dormitório, sozinha. No entanto, era um começo e estava orgulhosa de si.
Ela lembra-se de Samantha dizer que o segredo para não ser consumida pelos seus pensamentos negativos que a fariam isolar-se era mesmo manter-se ativa, produtiva, e cansar-se, não havendo espaço para negatividade.
Assim, tinha passado a noite seguinte a pensar numa forma de completar o plano para sair dali. Sentia que o projeto tinha sido deixado incompleto e merecia uma conclusão.
-Hey. -Dakota esforça-se para cumprimentar Michael ao passar por si, deixando-o surpreso.
-Vais dar-me uma c-coça outra vez?
-Se a mereceres.-Dakota afirma e continua a treinar.
Estava focada em obter melhores resultados e a distrair-se, pelo que todo o esforço exagerado fez com que o seu corte abrisse. Merda. A rapariga dirige-se ao gabinete médico, sendo rapidamente acompanhada por Ashton, que lhe abre a porta usando o seu cartão. Esta era a única forma que ele arranjara de se manter perto dela.
Dakota senta-se no gabinete vazio à espera da enfermeira e Ashton ganha coragem para dizer:
-Desculpa. Tens toda a razão, eu... fui fraco e não te apoiei como merecias, depois de tudo o que fizeste por mim.
-"Desculpa" não muda nada.-ela rosna.
-Eu sei.-Ashton olha o chão, magoado.-Espero mesmo que possas perdoar-me um dia. Então... pensei que pudesse recompensar-te e dizer-te o que descobri acerca dos teus pais. Talvez te faça sentir melhor ao conhecê-los um pouco mais.
Dakota revira os olhos e comenta:
-Jesus, Ashton, tu não tens qualquer noção, pois não? Merda, a sério?! Porque haveria de querer saber coisas acerca dos meus pais se nunca os conhecerei?! Uau, sinto-me tão melhor.
Ashton suspira, em desespero. Nada do que dizia a Dakota parecia alguma vez aproximá-la do perdão. Ele pede:
-Por favor, diz-me o que posso fazer para me perdoares. Não sei mesmo o que fazer...
-Podes começar por desaparecer da minha vista. E quando parecer longe o suficiente, caminha mais uns quilômetros.-ela atira.-Eu não quero estar contigo.
O homem retira-se de imediato, demasiado magoado para ouvir algo mais. Sabia que tinha perdido a confiança dela e que não estava disposta a devolvê-la. Por sua vez, Dakota guardava algum ódio a Ashton: era certo que os sentimentos por ele não eram verdadeiros, mas Dakota sempre o protegeu e viu o seu interior quando mais ninguém o fez. A rapariga pensava que Ashton era muito mais do que uma ovelha obediente do rebanho de Marshal, capaz de pensamento próprio e discernimento. Porque decidira abandoná-la em vez de abandonar Marshall, ela que era a sua brisa de ar fresco e maior apoio naquele lugar?!
Agora compreendia que se tinha enganado acerca de Ashton, e que ele nunca sairia debaixo da asa do pai. Dakota sentia desilusão pois tinha aprendido a compreender Ashton e ganhara um carinho especial por ele.
Ao acumular ainda mais frustração, Dakota decide ir ver Luke, que lia um livro no dormitório. Finalmente toda a frustração, lágrimas e ódio abandonam o seu corpo, após 3 meses. Ela atira:
-Vocês deram-me espaço, especialmente tu e Fleur, quando não o precisava. Prosseguiram a vossa vida sem sequer parar para me perguntar como é que eu estava ou como foi a prisão. Queria que me reparassem mas tudo o que me deram foi o silêncio e indiferença. Eu sei que vos afastei sem querer quando estava na prisão mas eu estou aqui agora, e precisava que ficassem e lutassem por mim porque eu estava demasiado cansada e desorientada para o fazer. Precisava que precisassem de mim e me relembrassem que existe esperança, amor e sonhos reservados para mim e que nunca, nunca, nunca permitiriam que eu voltasse àquele maldito lugar. Precisava que ficassem de guarda no meu dormitório enquanto dormia para me protegerem; precisava que me cortassem o meu cabelo direitinho porque está uma merda e mal me reconheço; precisava que segurassem a minha mão quando a enfermeira me espetava agulhas neste corte; precisava que me lembrassem que aqui ninguém vai envenenar a minha comida; precisava de atenção em vez de vos ouvir dizer "não sabes o que vais fazer quando fores livre?! Eu tenho todos estes sonhos e vou ser tão feliz mas não te preocupes, ainda tens 7 dias para descobrir o teu rumo"; precisava que me amassem em vez de me descartarem porque estou quebrada e já não sirvo de nada para fugirem daqui. Por isso, fodam-se. Vocês e o plano pelo qual quase dei a minha vida e sanidade.
Luke apressa-se a abraçá-la mas a rapariga luta no aperto com revolta. Ele sussurra, tentando acalmá-la:
-Desculpa, Dakota. Não desistimos de ti. Nunca. Não havia uma hora em que não pensassemos em ti ou que não nos desse vontade de te abraçar e reparar. Chegaste aqui com tanto ódio ao mundo e ao plano, irredutível quanto ao teu envolvimento nele que decidimos dar-te algum tempo para perceberes o que querias. Era um assunto sensível, pois receavamos que te passasses por completo e entregasses o plano a Marshall para acabares com isso de uma vez por todas. A ideia era veres o plano a desenrolar-se nas nossas mãos e voltares a apaixonar-te naturalmente por aquilo que criaste. Não podia ser nada forçado, e não quisemos ser intrusivos pois tínhamos receio de te perder para sempre. Achamos mesmo que por rejeitares as nossas visitas na prisão não querias estar por perto, mas sempre deixamos a porta aberta para nos encontrares se assim quisesses.
Dakota finalmente acalma e permanece no peito de Luke, molhando toda a sua camisola com lágrimas. Ele prossegue:
-Se nos permitires, adoraríamos fazer tudo isso por ti, ao teu ritmo, sem nunca te deixar desconfortável. Nós amamos-te tanto.
-... não te esqueceste de mim?
-Claro que não, Filadélfia.-Luke sorri.-Tive tantas saudades tuas e cortava-me o coração ver-te naquele estado mas tinhas de nos encontrar pelo teu próprio pé, para que não nos visses como um intruso ou ameaça. E aqui estás tu, e estou tão feliz. Amo-te.
Dakota finalmente sorri. Tinha enfrentado os seus fantasmas.
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Victims Of Authority [afi/lrh] Terminada
FanfictionEm que o Governo rouba sonhos de miúdos para defenderem o país. A número 4 finalmente decidiu que prefere morrer na busca pela liberdade do que ficar mais 10 anos trancada naquele buraco escuro, frio e injusto. [Há 2°temporada, é BREAKING YOU]