31. Há alguma coisa errada

266 29 18
                                    

18 de agosto de 2016 - Ruas de Seul.

Talvez aquela noite fosse uma exceção para os dias quentes de verão, onde usar casaco é assinar seu obituário e ligar o aquecedor é sinônimo de gostar de sofrer. Tanto durante o dia quanto durante a noite o calor ainda era bem presente, fazendo os coreanos optarem por mais um banho antes de dormir e às vezes quando acordavam suados optaram por mais outro, sendo os sortudos aqueles que podiam se dar ao luxo de ligar o ar-condicionado. Mas naquela noite de quinta-feira o calor resolveu tirar uma folga, dando total permissão para que as nuvens carregadas vagassem por toda Seul, molhando cada ser que saiu de casa desprevenido ou sem olhar a previsão do tempo.

E mesmo algumas almas corajosas se atrevendo a sair naquela chuva, ninguém se ousava pisar um pé na rua sem sombrinha, exceto Kim Jisoo, que vaga pelas ruas de Seul sem rumo algum, como se buscasse algo mas não soubesse o que. Porém seus pés a guiavam como se tivessem vida própria, como se soubessem onde seu coração gostaria de estar.

O muro era um pouco alto e para entrar teria que tocar a campainha, correndo o risco de acordar todos os moradores da casa, mas ela precisava estar junto a alguém, receber o seu abraço e se sentir confortável em seus braços. Então sem pensar duas vezes ela tocou a campainha, uma única vez porque sabia que alguém iria escutar.

Não demorou nem mesmo dois minutos para alguém abrir a porta principal e vir em sua direção segurando um guarda-chuva. O homem ficou confuso com sua presença ali, até parando por alguns segundos para ver se realmente era Kim Jisoo ou uma pessoa qualquer, mas quando tomou gravidade da situação abriu o portão rapidamente, colocando a garota deixado do seu guarda-chuva e a levando para dentro da enorme casa.

A garota foi deixada em cima do tapete que ficava frente a porta, não ousando dar nenhum outro passo para não molhar o chão limpo, já que ela não só estava molhada pela chuva, em seus pés e mão havia lama, a mochila que estava em suas costas também derramava muita água e em questão de segundos todo o tapete estava encharcado.

Em momento algum ela levantou a cabeça, mantendo aqueles olhos tristes e avermelhados fixados no chão, como se só assim fosse impedida de desmoronar na presença do silêncio.

Após dez minutos esperando qualquer pessoa, ela escutou passos apressados, não tendo a mínima curiosidade para saber quem era, mas logo no final do corredor vinham Chaeyoung, seus pais, seu irmão e o mordomo, o mesmo homem que a recebeu.

— Jisoo, o que aconteceu com você, meu amor? - Disse ao encostar a mão no rosto da namorada, sendo sua pele fria e molhada. - Hey.

Com aquele último chamado, Jisoo resolveu olhar para a mais nova, fazendo ela ver seus olhos lacrimejados e avermelhados, a profundidade do seu olhar e toda a dor que poderia estar sentindo no momento, mas não todas as coisas que escondia.

Entendendo que Kim não falaria nada, Chaeyoung decidiu que seria uma boa escolha levá-la para descansar, mas antes que pudesse pegar em sua mão o mordomo chegou com duas toalhas.

— Obrigada. - Disse Chaeyoung ao homem que apenas acenou com a cabeça.

Ainda em pé sobre aquele tapete, Kim recebeu ajuda para tirar a mochila e os sapatos, sendo enxugada com uma das toalhas e enrolada com a segunda.

— Okay, vamos lá pra cima. - Disse Chaeyoung, pegando na mão da namorada e a fazendo andar.

No final do corredor os três ainda olhava para Jisoo, assustados, surpresos e com cara de sono, foi aí que Chaeyoung se deu conta de que ninguém poderia saber que Jisoo estava ali, porque o estado em que ela se encontrava não significava coisa boa.

— Por favor, não digam que ela está aqui. - Disse em tom de súplica.

— Tudo bem, não contaremos. - Disse Kyung-ho, tocando com carinho no ombro da filha..

Confidentes - ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora