61. Medo

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04 de janeiro de 2023 - Gangnam, Seul - Coreia do Sul.

Jisoo estava certa em pensar que era um risco ter alguém ao seu lado naquele instante, porque por mais preparada que estivesse em todos os momentos em de sua vida, não gostava de colocar a vida de outra pessoa em jogo por algo que carregava uma certa culpa.

Quando estava há três quarteirões do hotel, o carro que estava à sua frente deu seta duas vezes para a direita, mas em nenhuma das duas primeiras curvas ele virou, foi então que ela percebeu que o carro de trás repetiu o mesmo ato. Ela não se desesperou e nem tentou ultrapassar o que estava na frente, ágil calmamente e deu seta para a direita, os imitando e dando a eles uma resposta. Na próxima curva o primeiro carro finalmente virou e Kim acabou o seguindo por aquelas ruas, o carro de trás estava bem na sua cola, tudo para que ela não fugisse caso resolvesse enganá-los

Por quase quinze minutos Jisoo o imitou perfeitamente, virou a direita, andou reto por algum tempo e parou em um lugar um pouco esquisito para si. De certo que ela já esteve em alguns lugares pouco frequentados antes, que já foi a becos, galpões e todos os piores lugares daquele país, mas aquela era a primeira vez que pisava no QG do benfeitor, na área que era inteiramente protegida por ele e seus comparsas.

Ao sair do carro inúmeras armas foram apontadas em sua direção, mas mesmo assim ela não parou de andar em direção a ele e embora que o medo a corrompe-se, Jisoo não se permitiria fazer nenhuma gracinha que pudesse colocar sua vida em risco.

O Benfeitor era exatamente como ela imaginava, ele era alto, emanava elegância e poder, e apesar da longa idade ainda parecia ter trinta ou quarenta anos, algo pouco comum em pessoas daquele meio.

— É um prazer finalmente conhecê-la, Kim Jisoo.

— Digo o mesmo, Benfeitor.

Com uma ordem partindo diretamente dele, todas as armas foram abaixadas, todos os homens entraram em estado de descanso para que assim os dois pudessem ter uma conversa agradável e sem pressão.

— Pela consideração que tenho com o seu pai, acabei adiando muito esse dia, disse a mim mesmo que só iria procurá-la se decidisse levar isso ao tribunal.

— Uma pena, adoraria tê-lo conhecido antes.

Se Park Chaeyoung estivesse ali conseguiria sentir seu medo, seu desespero e ansiedade, mas Jisoo conseguiu se conter, conseguiu disfarçar muito bem e até controlou suas mãos para que elas não começassem a tremer ou suar. A ironia era como o seu escudo e tudo iria continuar indo bem enquanto elas existissem, por mais simples que fossem.

— Pelo visto, brincar com a morte é algo de família. - Ele tirou um cigarro do bolso traseiro da calça, o colocou entre os lábios e o acendeu, o tragando com muito ânimo. - Eu vou ser direto com você, quero que...

A única coisa que poderia atrapalhar aquela conversa "amigável" era uma terceira pessoa ou apenas o celular de Kim Jisoo tocando. Ela sabia quem era, estava bem na cara e pelo tempo ele até demorou muito para lhe ligar.

— Eu preciso atender, a menos que você queira receber companhia.

Ele não tinha muito tempo para pensar, então apenas balançou a cabeça para lhe dar permissão, mas antes tinha que ordenar uma coisa.

— Coloque no viva voz.

Assim que atendeu a ligação de Hoseok, ela fez o que ele pediu e colocou no viva voz.

Você está parada há algum tempo, aconteceu alguma coisa?

— O pneu do carro está murcho.

Vou mandar alguém.

— Não precisa, já estou cuidando disso.

— Aí é uma área perigosa, chefe.

Confidentes - ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora