Onde terminou o começo.
Quando começou o fim.
Milênio -∞
Durante uma época de prosperidade nos primórdios do universo, inúmeras civilizações surgiram dos berços do espaço e se desenvolveram nos braços do tempo. Por muitos milênios, não houve nada nas galáxias além da mais pura e profunda paz, envolvendo a todos os impérios em uma era de ouro e glória indomável.
Mas isso não durou para sempre.
Antes que a mais brilhante das civilizações que o universo já presenciou completasse seu primeiro bilhão de idade, uma rivalidade repentina desabrochou com vizinhos fronteiriços que eles não esperavam encontrar. E, da intensa guerra interestelar que aquela animosidade gerou, uma poderosíssima arma foi criada, capaz não só de impetuosamente dizimar galáxias inteiras, como também de se tornar mais poderosa a cada gota de sangue derramada.
Assim, com uma maestria e crueldade impecável, a brilhante civilização se livrou totalmente de seus inoportunos vizinhos nos primeiros sete milênios de guerra. A arma, única encarregada do papel do extermínio, não apreciava a vida como os seres vivos apreciavam; ela via a vida como nada além de um defeito do acaso; não tinha nenhuma razão para ter piedade. Se o papel da destruição tivesse sido designado, talvez, a um membro daquela própria civilização, a extinção nunca tivesse sido completa. Os seres vivos não conseguem escapar dessa estranha empatia por outros seres vivos, apenas por compartilharem dessa misteriosa qualidade de existir. Mas a tarefa fora designada, afinal, a uma arma indiferente.
Não houve misericórdia.
Mas o extermínio não parou nos inimigos. O objetivo da arma era ceifar a vida; e seus criadores também a portavam em seus frágeis e finitos interiores. Quando ela percebeu isso, nenhum ser daquela brilhante civilização, que jamais chegou a completar seu primeiro bilhão, foi poupado. Uma por uma, cada vida foi tomada; cada alma foi roubada; cada existência foi encerrada; até que a arma se deparou com o último ser que ousou enfrentá-la.
Movido por aquele comum fôlego de esperança que apenas os seres vivos são capazes de ter, aquele frágil ser revidou contra a arma nos últimos momentos de sua debilitada e amargurada solidão. Assim, em um sopro de resistência, o mortal fragmentou a arma, poupando do cruel destino da morte as demais vidas que ousassem futuramente brotar no universo e as permitindo terem também suas breves e finitas eras de glória.
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Estrela Caída| Versão Em Português
Science FictionEm um universo predeterminado, ela tinha escolhas; e, em uma galáxia de prisões e caminhos perigosos, ele conseguiu criar seu próprio caminho. Quando Klairer e Kye se conheceram nos confins de uma prisão branca e imaculada, na hora e no lugar perfei...