Capítulo 19. exício

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Assim que consegui reagir à notícia do acidente, comecei a pegar tudo o que precisaria e agir no automático. Não conseguia pensar com clareza em nada, só sabia que precisava estar em um lugar, e esse lugar não era meu novo apartamento. E nem estar com Andrew. Precisava estar com aqueles que foram meus amigos por tantos anos e de quem me afastei quando não deveria e por motivos totalmente egoístas.

Andrew, mais no controle da situação do que eu seria capaz de estar, me convenceu a ir de carro até o hospital. Ele trancou a porta do meu apartamento, segurou minha carteira e chaves, assim como minha mão, e andou comigo até seu carro.

O caminho até o hospital foi em silêncio e pareceu durar uma eternidade. Não conseguia entender como o carro podia ir tão lento, mesmo que o velocímetro marcava 100 quilômetros por hora.

Senti como se o mundo estivesse parando.

Quando Andrew estacionou na entrada do hospital, senti como se todo o ar do mundo tivesse desaparecido repentinamente.

Não conseguia respirar e nem controlar os espasmos em minhas mãos. Minha pele ardia e meus músculos se contraiam contra minha vontade.

A pele gelada de Andrew, em contato com minha mão, me fez sentir como se uma corda me puxasse novamente para meu corpo. Olhei para nossas mãos unidas por alguns segundos, e em seguida para seu rosto.

- Seus amigos precisam de você - ele disse, e confirmei com a cabeça. Nesse momento, eu realmente precisava conseguir focar neles e não em mim. Devo ficar em segundo plano.

- Matt - começo, e ele entende. Matt é meu melhor amigo desde que aprendi a falar. Vivíamos juntos, e eu não consigo acreditar que passei tanto tempo sem falar direito com ele. Com ele, com Seth.

- Eu sei - Andrew passa seus braços ao redor de meus ombros e puxa meu corpo contra o seu. Respiro fundo e me concentro no cheiro do seu perfume. - Se precisar de qualquer coisa, me liga que eu venho até você. Ok?

Confirmo com a cabeça, sem conseguir falar nada. Me solto de seu abraço e saio do carro sem olhar para trás.

Entro no prédio do hospital e vou diretamente ao balcão de informação, mas paro no meio do caminho ao ouvir a voz de Dan chamando por meu nome.

A encontro sentada com Allison. Allison, sempre tão bem arrumada, não parece se importar com nada disso nesse momento. A loira está agarrada na amiga e chorando. Usando um conjunto de moletom grande demais para seu corpo - o que imagino que seja de Seth, já que os dois namoraram por algum tempo e passavam muito tempo na casa um do outro -, com a maquiagem escorrendo por seu lindo rosto.

Dan também está chorando, mas aparenta estar mais calma do que Allison.

- O que aconteceu? - Questiono, me sentando no banco de frente para elas.

- O mesmo de sempre - Dan começa, respirando fundo. Sua voz sai sôfrega por conta do choro. - Seth estava com raiva dos pais, bebeu muito e Matt saiu com ele. O carro capotou - ela explica, o que causa mais choro ainda em Allison. Observo Dan esfregar o cabelo da amiga, dando consolo a ela.

- Onde eles estão? - Pergunto, esperando por uma boa resposta. Qualquer resposta que nos dê esperança.

- Sendo operados. O estado é grave, mas não dão notícias.

Por longas horas, aguardamos na sala de espera. Sentados, olhando uns para os outros e chorando. Os pais de Matt se aproximaram assim que chegaram no hospital e sentaram conosco. Permanecemos em silêncio.

Depois de tanto tempo de espera e cansaço, Allison pegou no sono deitada com a cabeça no colo de Dan e as pernas por cima do meu colo. Coloquei meu casaco para cobrir seu corpo e mantê-la aquecida.

I can't stop staring at you || AFTGOnde histórias criam vida. Descubra agora