Capítulo 18. agouro

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As mensagens trocadas com Andrew no dia anterior me deixaram um pouco confuso. O que significava ele ir atrás de seu sonho?

Mesmo insistindo para que ele explicasse o que tinha feito por muitas mensagens, ele não aceitou falar nada. Andrew, no fim, cedeu e disse que falaria pessoalmente. Então, aqui estou eu, me mordendo de curiosidade.

O dia iniciou muito cedo e será longo. Tio Stuart precisou voltar pra Inglaterra no dia anterior por causa de alguma emergência, e me deixou dormindo em um hotel. No dia anterior, antes dele ir ao aeroporto, me despedi da casa onde vivi tantos anos com minha mãe. A empresa responsável pela mudança chegou logo em seguida, preparando tudo que eu levaria para meu novo apartamento e preparando-se para dar fim ao que ficaria para trás.

Tio Stuart deixou em minhas mãos a decisão de o que fazer com a casa, dizendo que me apoiaria no que eu achasse melhor. Por enquanto, preferi mantê-la vazia, apenas com as coisas de minha mãe dentro dela - que eu ainda não tinha condições de mexer. Minhas roupas foram levadas ao apartamento novo e o restante dos móveis doados para uma instituição da região.

A loja em que compramos os móveis novos para meu apartamento iria realizar a entrega no início da manhã com a promessa de que tudo estaria no lugar e montado antes mesmo do meio dia. O dinheiro realmente move o mundo.

Antes mesmo de sair da cama confortável do hotel e ir até o meu novo apartamento, envio mensagens para meus amigos, avisando que não irei pra escola hoje por conta disso, e prometendo que convidaria todos eles assim que possível para conhecerem meu novo apartamento.

Desde a morte de minha mãe, Matt, Dan, Alisson e Seth tem se mostrado preocupados comigo e tentando me fazer socializar novamente com todos. Eles não querem que eu me isole novamente, e isso me deixou muito feliz.

Gosto demais deles e finalmente consegui entender que não havia motivos para ter me afastado.

Também envio mensagens para Andrew, contando da minha programação do dia e convidando-o para conhecer meu apartamento após seu expediente na farmácia. Por sorte - e por influência de meu tio -, ganhei folga para este dia. Assim poderia organizar tudo com calma e não perderia nenhum outro dia de escola.

Durante toda a manhã, explico onde cada móvel deverá ser montado e, de tarde, limpo todo o apartamento, colocando minhas roupas no lugar e indo ao supermercado. Tio Stuart garantiu que eu não precisaria me preocupar com nenhuma despesa e que tudo iria diretamente para ele, mas é difícil me acostumar com isso.

Fazer as compras de supermercado e pagar com o cartão de crédito que ganhei dele é meio estranho e faz com que eu mande uma mensagem para ele, pedindo desculpas por estar sendo um estorvo em sua vida.

Meu tio responde com uma sequência de emojis, dando a entender que eu estava fazendo drama, o que me faz rir.

Não ter tido contato com tio Stuart durante os últimos anos é um pouco triste. Ele é uma pessoa incrível e nos demos muito bem logo de cara. É divertido conversar com ele e ouvir ele contando histórias da minha irmã, da infância dos dois e de coisas que ela aprontava quando criança.

Sinto que ao me aproximar dele, me aproximei de uma versão de minha mãe que eu não imaginava existir.

Quando finalmente tudo no apartamento está no lugar, me jogo no sofá e ligo a televisão, para que o som dela domine o apartamento e eu não me sinta sozinho.

É a primeira vez em que vou realmente ficar sozinho desde que perdi minha mãe e isso me assusta um pouco.

Procuro por meu celular e decido enviar uma mensagem para Andrew.

I can't stop staring at you || AFTGOnde histórias criam vida. Descubra agora